domingo, novembro 30, 2008

14.825,7 coisas que odeio em você

Talvez a coisa que mais odeio em Buenos Aires, tirando o cu-doce das mulheres, os penteados, o calor, os taxistas, os ônibus velhos, o metrô, a pretensão artística, a falta de arroz quente, os poucos amigos, a antipatia das pessoas, a falta de moedas, os piqueteiros, os garçons, a inflação, o verão, os emos, os floggers, a moda dos anos 80, a cumbia, o pomelo, os canais de jornalismo, as filas, a burocracia geral, o Boca Juniors e o Marcelo Tineli, é a densidade demográfica desse lugar.

Só para ter uma idéia, segundo a Wikipedia, Buenos Aires tem 14.825,7 habitantes por quilômetro quadrado. São Paulo tem a metade: 7.175,4, Curitiba tem 4.111,9 e Santos 1.492,3. É muita gente pra pouco espaço, meu povo!

No supermercado, no shopping, no kiosco. Para onde quer que eu vá tem um monte gente. Tem um monte gente onde quer que eu vá. Andar pelas calçadas de algumas avenidas é como dirigir o carro na hora do rush. Você acelera, desacalera, ultrapassa, anda pelo acostamento, freia e muitas vezes tem até que parar para dar a preferência. Só que ao contrário do trânsito, não existem placas, pisca-pisca ou faixas preferenciais para os mais lentos.

Talvez isso seria uma boa idéia! Já presenciei vários xingamentos, freiadas bruscas e até algumas colisões nesse engarrafamento de gente. Fica aí a sugestão para os próximos governantes. Organizem o trânsito de gente nesse lugar!

In my place

Madrugada de Buenos Aires, fila de uma "náite".
Pessoas exageradamente arrumados numa fila, 90% homens. A nova moda entre roupas masculinas na Argentina é o decote. Sim, o ridículo não tem limite. É uma gola em V que deixa todos os pêlos a mostra.
Um cara sai da fila, põe o pinto pra fora e começa mijar tranquilamente do meu lado.
Definitivamente aquele lugar não era para mim.

Galeria de arte de Palermo, noite qualquer.
Pessoas discutem sobre algo inútil que não tem a mínima importância para nada e a influência que esse nada possa ter na sociedade. Penso que talvez eu deveria ter seguido os insistentes conselhos do meu pai e ter feito vestibular pra Direito. Pelo menos assim eu evitaria esse tipo de papo.
A arte ou a pseudo-arte não é para mim.

Blog de publicidade conhecido no mercado.
Discussões e comentários sobre um agência que entregou revistas congeladas para os assinantes como parte de uma ação de não sei qual cliente. Se eu pagasse a assinatura de uma revista e ela viesse congelada pelo correio isso ia me deixar muito puto.
Isso também não é para mim. A publicade é a arte do trocadilho.
Mas pera aí. Você não é publicitário ou algo assim?
Exatamente. Sou algo assim. Mas às vezes tem tanta discussão sem sentido e valorização de coisas que não entendo.

Lembrei daquela música do Pato Fu que diz Vai diminuindo a cidade / Vai aumentando a simpatia / Quanto menor a casinha / Mais sincero o bom dia

Show da Juana Molina, Planetário de Buenos Aires.

Cheiro forte de "marijuana" no ar. A cantora pede uma salva de palmas para a lua.
Todos aplaudem.
Hippies, gritos de legalize já, brincos de pena e filtro de sonhos também não são para mim.

Concluindo.
E nessas de saber exatamente o que não é para mim, vou percebendo que não tenho a mínima idéia daquilo que é.
Estou pensando em me tornar um escritor, de preferência daqueles famosos. Falando nisso estou adorando a biografia do Paulo Coelho.


sexta-feira, novembro 28, 2008

The Bobs.

Ontem saiu a votação do The BOBs, que é uma espécie de Oscar dos Blogs feito pela Deutsche Welle.

O prêmio para o melhor blog em português foi para o Querido leitor, da Rosana Hermann. Achei uma pena A Nova Corja, em que votei, não ter ganhado. Eles sim de verdade produzem conteúdo próprio e conseguem tornar o noticiário político uma coisa realmente interessante.

Já quem ganhou o de melhor em espanhol foi o Bestiaria, da argentina Carolina Aguirre. De tão famosos, seus textos já foram transformados em um livro com o mesmo nome. Confesso que nunca tinha ouvido falar sobre até ontem.

Interessante notar a grande diferença entre os dois blogs ganhadores. Enquanto o da brasileira é um apanhado de tudo, que repete as mesmas notícias de celebridade e últimos gadgets que estão na Folha, Ig, G1 e Uol, o da argentina é uma espécie de diário de solteira com todos os problemas e anseios de quem chegou nos seus 30 anos.

Ai que sono.......

5 filmes que deveriam ter mais fama

5. Eurotrip
Ok, esse filme não é nada digno de Oscar, mas de todas essas comédias adolescentes é uma das melhorzinhas.

Basicamente um bando de amigos fazendo um mochilão pela Europa. Várias piadas boas e outras nem tanto.

Além do mais há a participação do Matt Damon como um cantor de uma banda de rock e do Vinnie Jones, aquele malzão de Snatch, como um torcedor fanático do Manchester United.

4. Histórias Mínimas
Esse eu até entendo que seja pouco conhecido, afinal é argentino. De qualquer maneira, Histórias Mínimas é um clássico.

Três histórias que se cruzam. Um vovô que sai em busca do cachorro que fugiu porque está magoado com ele, um tiozão que leva um bolo de aniversário para o filho de sua pretendente e uma humilde mãe de família que vai participar de um concurso de tv. Tudo isso acontecendo na longínqua Patagônia, onde a modernidade demora a chegar.

O diretor Carlos Sorín é de longe o meu cineasta argentino preferido.

3. Bad Santa (Papai Noel às avessas)


Está aberta a temporada de caça aos tradutores de nome de filme. É incrível como eles se esforçam para deixar o título com cara de Sessão da Tarde.

Billy Bob Thornton é um bêbado, que junto com seu amigo anão, percorrem diferentes cidades roubando os shoppings onde eles trabalham como Papai Noel e duende.

Com cenas que beiram a surrealidade e diálogos engraçadíssimos, o filme é dirigido pelo Terry Zwigoof, um dos cineastas mais indies que já ouvi falar. Além dessa pérola cinematográfica do Bad Santa, o cara dirigiu Crumb, Art School Confidential e Ghost World. Nesse último, em que atua uma Scarlett Johansson pueril, o cara teve uma indicação ao Oscar de melhor roteiro adaptado.

2. Stay (A passagem)


Ewan Mcgregor, Naomi Watts e Ryan Gosling num filme dirigido pelo competente Marc Foster.

Esse filme sobre experiências pós morte, ou pré morte, tinha tudo pra ser um sucesso do tipo "Brilho Eterno" mas não foi. É bem do tipo que você sai do cinema pensando o que foi tudo aquilo e se não chega a nenhuma conclusão acha o filme uma bosta.

Simplesmente adoro a edição e a transição de cenas.

1. Love Liza

Philip Seymou Hoffman interpreta um cara que não tem coragem de ler a carta de suicídio que a sua mulher deixou.

Triste, freak e engraçado em certas maneiras. Ele acaba arrumando um amigo disfuncional e se viciando em cheirar gasolina.

Roteiro escrito pelo irmão do Hoffman e dirigido pelo Todd Louiso, o cara que interpreta o Dick em Alta Fidelidade.

quarta-feira, novembro 26, 2008

Amor líquido

Zygmunt Bauman é um cara que curte um cachimbo, a foto comprova. Além disso, esse filósofo e sociólogo polonês, é autor de Amor Líquido, livro que faz uma certeira análise da sociedade globalizada e tecnológica atual.

Vago? Téorico demais? Eu, que não sou mesmo fã de ensaios, não precisei entrar em alfa para aproveitar a leitura, muito fácil por sinal já que é dividida em tópicos.

Basicamente o Zygmunt compara as relações humanas a um mercado de negócios, onde todos estão pensando em custos e benefícios. Poucos são os que se arriscam. Quando menos se investe, menos se perde, mas todo mundo quer ganhar com essa merreca. E é claro, estamos sempre olhando para o lado para ver onde podemos conseguir um maior e mais rápido lucro. As pessoas se juntam já pensando em como escapar. Algo como dar um nó tomando muito cuidado para que ele fique frouxo. Existe um temor mortal ao vínculo, que virou sinônimo de dependência paralizante.

Senti muito identificado quando ele fala da tecnologia. Celulares e a internet permitem que os que estão distantes se conectem, mas também permitem que continuem distantes. Todos se conectam, ninguém se relaciona.

Zygmunt consegue enxergar o óbvio que todos vivemos, mas que não percebemos porque estamos completamente imersos nessa realidade.

Amor líquido é como um chá de boldo. É amargo, mas faz um bem danado

terça-feira, novembro 25, 2008

Los exitosos Pells

Ontem rolou um bate-papo aqui no trabalho com a Esther Feldman e o Alejandro Maci, os criadores da novela argentina "Los exitosos Pells".

A novela finalmente está colocando o Marcelo Tineli e seu programa do Bailando por um sueño no chinelo. Basta né? Depois de 3 anos de gente dançando, não existe mais nada para sonhar.

É interessante notar a diferença do modelo de produção televisivo aqui e no Brasil. Na Argentina uma novela ou série não consegue sobreviver bem só com o mercado nacional. Assim, eles são obrigados a inovar e fazer de tudo para vender a fórmula ou a série bruta para o mercado externo. É exatamente o contrário que parece acontecer no Brasil. O CQC está aí provando isso e a iniciativa argentina é sucesso em vários países.

Esther e Alejandro estão por trás também de "La Lola". A história aparentemente previsível e banal de uma mulher que troca de corpo com um homem foi muito comentada por aqui foi vendida para dezenas de países, inclusive para os EUA onde vai virar uma série.

Os "Exitosos Pells" é uma comédia/drama de um casal de apresentadores de um noticiário, espécie de William Bonner e Fátima Bernardes, que acabam mostrando sua vida demais para o público, mas ao mesmo tempo escondem algo misterioso.

* O casal da foto é o da novela, não a dupla de escritores.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Rumo ao último quadrado do mapa

No meu primeiro ano em Buenos Aires, 2006, era comum ir para festas e churrascos em casas de semi estranhos em endereços longínquos da cidade. Como os bairros mais perto do centro são dominados por prédios, as festas realizadas em casas grandes e abertas sempre são nos lugares mais afastados.

Para isso fazíamos uma espécie de safari urbano. Sobe no ônibus, guia T na mão e vamo lá rumo ao desconhecido. Com o tempo, a paciência e até mesmo o encantamento com a cidade acabam se esgotando e a disposição para isso idem.

Mas esse sábado voltei a me aventurar em um bairro desconhecido. Era aniversário de um amigo do trabalho, aquele que tem bigode e adora o Perón, mas que é um dos poucos com que converso algo além do trivial. Dos 36 quadrados no qual é dividida Buenos Aires no Guia T, ele mora no 28, exatamente um dos que fazem divisa com o conurbano. Fui então rumo ao último quadrado do mapa.

Subi junto com um Trapiche Malbec no ônibus 180, só que o do ramal 155, numa viagem que duraria 50 minutos. Vale explicar o complexo sistema de ônibus dessa cidade. Muitas linhas possuem ramais. É o mesmo número de ônibus, mesma cor, mas com trajeto diferente. Tem uma plaquinha no vidro da frente que avisa isso, mas geralmente você só percebe quando vê que está na vizinhança errada. No geral os ramais das linhas começam e terminam no mesmo lugar, só variam o caminho que fazem.

Entre os vários lugares inéditos que o ônibus passou teve uma avenida que ele percorreu 6 mil números. Basta fazer os cálculos. Como aqui toda quadra tem 100 números, foram 60 quadras pela tal avenida que nunca tinha ouvido falar.

Ao descer do 180 ramal 155 ainda era preciso caminhar 6 quadras em uma escura rua de casas geminadas por uma região entre os bairros de Mataderos e Liniers. Não tinha nenhuma alma viva por lá e confesso que passei um belo de um cagaço até encontrar o endereço. Lembrei do bairro do Campo Grande em Santos e algumas quadras que eram todas de casas iguais grudadas umas nas outras. Como era fácil se confundir ao visitar um amigo naquele tempo.

Chegando lá a festa estava animadíssima. Comi belos hambúrgueres feitos na parrila, bebi fernet-cola como um rei, charlé con las chicas, matei saudade da torta de limão e rolou até uma bandinha com guitarra, violão, baixo, trombone e o cajón, aquela caixa de percussão, que ficou sob minha responsabilidade.

Uma bela noite no último quadrado do mapa.

sábado, novembro 22, 2008

Sexy & Barrigón

E sempre quando chega a hora de comprar roupas pra mim rola aquela depressão.

Os "talles" aqui na Argentina são diferentes do Brasil. Parece que as pessoas são menores e logo os tamanhos de roupa também.

Eu, que sempre me contentei com camisetas tamanho G, aqui, se visto o L (large), sinto que coloco uma menor que o M brasileiro.

Ou seja, o mais parecido ao G é o XL, que não tem nada de EXTRA LARGE e nem sempre está disponível. Hoje lá na Falabella, espécie de Renner mas que vende computadores, foi a mesma coisa. Sofri para encontrar um XL e tive que contar com a prestatividade de uma bela atendente, que revirou estoques para encontrar o bendito tamanho.

Ficamos com as palavras do sábio Andrés Calamaro, que ainda acredita que os barrigudos tem seus encantos.

"Sexy & Barrigón".

Soy sexy y barrigón, una suma de virtudes que escasea,
Soy lo que el mundo quiera o lo que sea, soy sexy barrigón.

Soy una buena combinación, de Homero Simpson con Rolling Stone,
saco ventaja en la confusión, ya sé soy sexy y barrigón.

Aprecio el desprecio y la compasión, la procesión no siempre va por fuera,
Adentro en cada cada caramelo hoy, hay un papel y esta escrito,
Sexy y barrigón.

Te debo la tabla de lavar, soy un antiguo tipo de varón
Pero sé que te puedo hacer feliz,
Inclusive así de feo, pero sexy y barrigón.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Tarde.


Em Buenos Aires parece que a vida acontece mais tarde.

Desde a hora do rush no metrô, que é entre as 9 e 10h30 da manhã, porque muita gente vai trabalhar às 10. Assim o almoço também é mais tarde, 1h30 quase 2. As pessoas saem do trabalho às 7 da noite e, logo, jantar só 10 da noite. Incrível que mesmo comendo tanto e tão tarde existam tão poucos obesos nas ruas.

E tem a famosa "naite". Se você quer sair, é melhor chegar após as 2 da manhã senão há o risco de se deparar com um lugar completamente vazio. Boemia, meus caros.

Mas não é só nos ritos diários que a vida acontece mais tarde. Estranho notar quando todos celebram a graduação na faculdade com 28 anos e consideram isso um feito. Parece que aqui não é só medicina, engenharia e direito que é barra pesada. Para passar tem que suar e engolir os livros. Nada comparado às faculdades empurradas com a barriga na terra brasilis.

É difícil comprar uma casa, os aluguéis são caros e as pessoas custam a sair da casa dos pais. Os próprios casamentos mesmo são bem raros abaixo dos 30. Não que isso seja estranho, muito pelo contrário. O estranho é isso ser quase regra.

Aqui você entra num restaurante ou café e não existe aquela correria de garçons para te trazer o Menu. Está todo mundo ali devagar, lendo um La Nación na maior, fumando um cigarrinho, comendo uma medialuna na maior tranquilidade. Parece que ninguém tem compromisso e mais nada melhor para fazer. Às vezes paro para ver isso e é tão poético, mas outras vezes é uma tremenda bosta. Tudo o que você mais quer é que a bicha do garçom anote o seu bendito pedido, mas incrivelmente ele sempre tem uma coisa mais importanta para fazer do que olhar para você acenando como um idiota.

Especial Rock de Curitiba: 5 - Terminal Guadalupe


De todas as bandas de Curitiba, o Terminal Guadalupe talvez seja a mais conhecida fora da cidade e uma das mais profissionais. Rodaram e voaram milhares de quilômetros, tocando em festivais de tudo quanto é lugar. Conseguiram construir um nome sólido, sendo uma das principais bandas indepependentes do país.

Foram matéria da Veja, ganharam prêmio Dynamite de melhor cd independente, lançaram cd em formatos inovadores como o SMD e pendrive, gravaram na Toca do Bandido, fizeram clip com um diretor de nome (Ricardo Spencer) e agora gravarão o próximo cd com o Roy Cicala, que já produziu desde Madonna a David Bowie. O fato é que esse quinteto sempre está investindo e sendo notícia no meio. Numa conversa com o vocalista Dary Jr. há uns 2 meses atrás, conversamos sobre o momento atual da banda banda e a sua estrutura de shows e mídia de Curitiba.


1. Você já tem um bom tempo de estrada, ou de via rápida, no rock de Curitiba. De 10 anos pra cá, o que progrediu? As bandas locais tem mais público, melhores lugares para tocar e mais respeito?

Nada. As bandas locais estão onde sempre estiveram: no limbo. Só há público em nichos específicos, como é o caso da turma que orbita em torno do hardcore melódico e do psychobilly. Casas abrem e fecham, mas poucas têm estrutura adequada e mal pagam um cachê mínimo de R$ 500,00.

2. A mídia da cidade e sua relacão com as bandas melhorou? Com myspace, orkut e youtube as bandas ainda precisam dela?

Existem ações isoladas. No geral, a mídia ainda insiste em ignorar a diversidade e a riqueza da música curitibana. Pelo que sei, a única iniciativa digna de nota é da Mundo Livre FM, que criou um projeto acústico - os grupos gravam, ao vivo, músicas nesse formato. Desconheço a audiência da emissora, mas louvo a atitude. Curioso é que, no show de lançamento do projeto, o diretor de programação da rádio mandou recado: queria que tocássemos quatro covers. Dei risada. Cover em um evento que se propõe a fortalecer bandas autorais? Foi a nossa vez de ignorar. No fundo, no fundo, é uma pena. My Space, Orkut e You Tube até ajudam, mas não têm a força de emissoras de rádio e televisão.

3. "Como despontar para o anonimato" já começa ironizando com o título do cd. O que muda musicalmente e nas letras desse cd em comparação com "A Marcha dos Invisíveis"? Como foi a produção do cd?

É um documento do que foi a turnê de divulgação do álbum "A Marcha dos Invisíveis". Entraram ainda músicas mais conhecidas de álbuns anteriores e versões definitivas de canções que não tínhamos lançado oficialmente, como "Torres Gêmeas" e "Megafone de Bagdá". Nós pegamos os melhores momentos dos shows que fizemos no Jokers Pub Cafe, de novembro de 2007 a abril de 2008, dentro do projeto "Terminal Guadalupe apresenta...", uma tentativa frustrada de formação de platéia. São as últimas gravações de Rubens K como baixista do TG. Tudo foi gravado em oito, dez canais, mas o resultado ficou muito bom.

4. E mudou muito musica do Terminal desde "Burocracia" até o dia de hoje? Amadureceram, perderam a inocência, entraram nas drogas? A entrada de outro guitarrista colocou mais peso nas músicas?

A banda está mais afiada. Tocamos melhor, ouvimos mais coisas. Somos caretas, mas não chatos. Envelhecemos com dignidade. A entrada de mais um integrante facilitou o uso de novos instrumentos e timbres. Talvez o som esteja mais pontuado por sutilezas, mesmo nos momentos mais pesados.

5. Vcs sempre de alguma maneira homenagearam o rock de curitiba com covers do Iris e Extromodos. Existe algum novo cover pensado?

Tocamos "Sal de Fruta", da Poléxia, em versão que o próprio autor da canção, Dudu, considera definitiva. Não sei se vamos gravar, mas gosto muito do arranjo.

6. Nos anos 90 o sonho das bandas era ser grande, ter clip na MTV e assinar um grande contrato. Hoje, com o que as bandas sonham?

Eu só quero ter a possibilidade de uma carreira produtiva e interessante. Se puder viver disso, tanto melhor. Não penso que seriam ruim ficar "grande". Aliás, trabalhamos nesse sentido. Tocamos em festivais importantes, nossos clipes rodam com relativa freqüência na MTV e estivemos a ponto de assinar com duas gravadoras. Falta encaixar o golpe. Talvez seja questão de tempo.

7. Vocês são uma das poucas bandas curitibanas que vivem de música. Isso é realmente possível na cidade ou é complexo de inferioridade dos curitibanos achar que isso é impossível?

Não vivemos totalmente do que ganhamos com a banda, mas nos orgulhamos do fato de não pagar para tocar. Honestamente, sinto que é impossível subsistir apenas com o trabalho artístico. Eu sou jornalista e isso ajuda a pagar as contas.

8. Quais os planos para o lançamento do cd? Ele vai sair em formato físico? Shows pelo Brasil?

Inicialmente, "Como despontar para o anonimato" sai apenas em mp3.Vamos lançar tocadores personalizados, que podem ser vistos neste site, http://www.lpindie.com.br/mp5_terminal.htm. Continuamos nossos shows pelo interior do paraná e por outros estados. Em novembro, por exemplo, faremos nossa primeira turnê pelo Nordeste, com apresentações em Recife, Natal e João Pessoa. Depois, vamos preparar o quarto álbum de inéditas, que deve se chamar "Para merecer quem vem depois" e ser lançado em março de 2009.

9. A banda começou como trilha sonora de um curta-metragem, certo? Como está a relacão com o cinema? Novos clipes, projetos audiovisuais?

Temos clipe recém-lançado. É "Recorte Médio-Oriental", dirigido por Rafael Gasparim, que tocou guitarra e baixo na minha antiga banda lorena foi embora..., em 2001-2002. Dá para assistir no You Tube. Integrantes de várias bandas curitibanas participaram.

Assista aí o clip.


quinta-feira, novembro 20, 2008

O Remake de Cupid.

Já declarei aqui, faz mais de um ano, o meu amor por aquela série de menininha Cupid.

Era um cara, interpretado pelo ótimo Jeremy Piven (atualmente em Entourage), que achava que era o Cupido e tinha uma missão de juntar 100 casais na Terra. Obviamente ele era considerado louco e se tratava com a terapeuta Dr. Claire, interpretada pela Paula Marshal (atualmente em Californication).

Nos episódios, o Cupid ia arranjando os casais de vários tipos e frequentando a terapia com a psicóloga, que era um doce. Havia todo um clima entre os dois e a idéia original é que eles acabariam juntos, depois do Cupid ter cumprido sua missão na terra.

A série, que passava aqui na Sony, foi meio que um fracasso. Seu cancelamento veio depois de uma temporada, que eu tenho toda baixada em meu computador. Uma tristeza só.

Há alguns tempos já se falava por aí que estavam planejando um remake dessa série, que possuia fiéis fãs.

Finalmente saiu o trailer do remake da série, que será transmitida em 2009 pela ABC americana. O protagonista é o Bobby Cannavale, que rodou por trocentas séries americanas, e a Sarah Paulson será a doutora Claire, que fez a ótima e também cancelada em sua primeira temporada Studio 60 on the Sunset Strip.

Só quero ver qual será a trilha sonora da abertura. No original era Human, do Pretenders. Vamos manter a qualidade, negada!

Vejam aí!


quarta-feira, novembro 19, 2008

Alô, Cristina? Aqui é o Obama

Demorou um pouco mas Cristina Kirchner também recebeu uma ligação do Obama.

A presidenta estava na Tunísia quando atendeu a ligação. Obamão disse que quer conhecê-la pessoalmente e também que tava na vibe de vir Buenos Aires, já que na faculdade ele leu bastante Julio Cortazar e Jorge Luis Borges.

Depois ele aproveitou e ligou pra outra presidenta, a Michelle Bachelet do Chile.

Impressão minha ou ele tá todo cheio de graça pra essas coroas?

Mais aqui.

Jugá Limpio

Recentemente a prefeitura de Buenos Aires lançou a "Jugá Limpio", uma campanha de conscientização sobre a limpeza urbana. Domingo fui na feirinha de San Telmo e vi um grupo percussivo da prefeitura no maior estilo Olodum de branco fazendo uma batucada com coisas recicladas e cestos de plástico.

Como o Giancarlo comentou em seu blog Locutorio Bs As, é algo que lembra bastante o "Joga Bonito" da Nike. Todo mundo fica fazendo malabarismo com o lixo, uma percussão orgânica e uma estética bem parecida ao Joga Bonito.



Lembrei de cara daquela famosa propaganda "Você não é daqui, né?" da prefeitura de Curitiba. Nela o Oscar vê todos os "curitibanos" fazendo malabarismo para arremesar o lixo no lixo, mas ele erra quando chega a sua vez de jogar.



Agora fica a pergunta: Oscar inspirou o Joga Bonito?

terça-feira, novembro 18, 2008

Diego + 11

É amanhã a estréia de Maradona como técnico da seleção argentina.

O adversário não poderia ser mais simpático para os argentos. Mesmo por razões diferentes, Argentina e Escócia nutrem um ódio mortal contra a Inglaterra.

Veremos!

sábado, novembro 15, 2008

Torcida terrorista

O time do Chacarita Juniors, atualmente na segunda divisão, tem fama de ter os torcedores mais violentos da Argentina. Na real esses caras dariam um couro em qualquer torcida brasileira que se diz "um bando de loco".

Só para ter uma idéia, na quinta-feira passada eles sequestraram dois ônibus para ir ver o jogo do Chacarita contra o Talleres. Cerca de 70 torcedores invadiram os ônibus das linhas 61 e 78, roubaram os passageiros e também forçaram os motoristas a mudarem de trajeto rumo ao estádio. Eles só deram azar porque um policial notou que um dos ônibus estava passando por um bairro fora da sua rota normal. Acabaram não vendo o jogo e sendo presos e fichados na polícia.

Custava pagar 90 centavos da passagem de ônibus?

Faz uns dois anos foi proibida a entrada de torcida adversária na segunda divisão. Os jogos são exclusivamente de uma torcida, a da casa, mas mesmo assim os caras conseguem achar uma encrenca nova.

Fica aí a dica. Se você ver mais de 2 pessoas juntas com a camiseta do Chacarita, que parece a camisa reserva do São Paulo, corra!

Mais aqui e aqui.

Liniers - Macanudo #6

Aqui acabou de ser lançado o sexto livro Macanudo do Liniers (mais sobre ele aqui) e os primeiros 5 mil exemplares serão personalizados por ele.

Começou ontem uma série de tardes/noites de autógrafos onde ele desenha cuidadosamente cada cada capa, de acordo com o gosto do freguês. Como era perto de onde trabalho, fui lá comprar o meu livro único personalizado e intransferível.

Cheguei e vi uma considerável fila e por sorte consegui pegar a senha númeor 60, a última da noite. Ou seja, tive que esperar o Liniers fazer detalhadamente 59 capas antes de mim. E olha que cada uma levava mais ou menos uns 5 minutos ou mais para ser feita.

Quando chegou a minha vez, pedi para que ele desenhasse a Olga, um monstrinho simpático das sua tirinhas. Pedi também para ele colocar alguma coisa que tivesse a ver com o Brasil e acabou sendo um Cristo Redentor. Ele também pos a tradução de Macanudo em português: Supimpa.

Supimpa, não?

quinta-feira, novembro 13, 2008

Rap do Stewie

Mesmo com o meu violão desafinado e jogado num canto do quarto, sempre que posso, tento fazer umas canções.

Essa música fizemos aqui no trabalho para o especial do Stewie Griffin, o bebê da série Uma família da pesada.

A versão em português sou eu mesmo quem canta, já a versão em espanhol é do Ernesto Siffredi, colega aqui de trabalho.

Em português.


Em espanhol.

Smokerman!

O Departamento de Saúde do conservador estado de Utah, nos EUA, resolveu inovar na sua campanha anti-tabagista para o público infantil.

Eles inventaram o Smokerman, um herói fumante que não consegue fazer nada porque não tem fôlego suficiente.

Os comerciais mostram as crianças brincando com bonecos de super-heróis mas o Smokerman nunca pode ajudar, correr ou voar. Mesmo com uma capa, um bigode e um cinto com várias armas, ele não pode salvar o mundo porque se vê no espelho e pensa nos seus dentes amarelos, sua pele que envelheceu mais cedo ou no cheiro de cigarro.

Inventaram uma musiquinha bem típica de superheróis e até mesmo um bordão "Smokerman, he's the one who can't".

Tosco, mas muito efetivo e com uma linguagem direto para as crianças! Muito bom!

1. Bad Guys
Nesse o Smokerman não consegue correr, começa a voar e despenca.



2. Super Dudes
Nesse os poderes do Smokerman são comparados com os dp Powerman e do Speedyman



3. Train Wreck
Um trem está sem freios e o que fará Smokerman? O locutor tenta ajudar citando os itens que vem junto com o boneco.



4. Kitchen Sink
Smokerman cai na pia e o muleque fica puto com isso.



5. The bomb
O que eu mais gostei. Smokerman vai salvar o mundo mas para na frente de um espelho e pensa na vida.



O site oficial do Smokerman é
http://fighttheugly.com/smokerman.php

quarta-feira, novembro 12, 2008

Ela, a baranga.


Taí uma figura pouco explorada na literatura e cinema mundial: a baranga.

A baranga é uma mulher exemplar. Age da maneira que todas as mulheres deveriam agir. Não fica esperando a atitude dos homens. Ela vai à luta!

Já que os Maomés não vão até as montanhas, essas montanhas decrépitas vão até os Maomés e os paparicam sem cansar, dando belas massagens nos seus egos.

O maior aliado de uma baranga é a seca e o desespero masculino, que em tempo de crise e crack da bolsa, estão cada vez mais presentes. Também contam com aquele sentimento besta de hombridade que muitos cidadãos nutrem. A idéia de que homem não deve nunca negar fogo, por mais feia e desleal que seja a batalha. O famoso patriotismo dos machos.

A baranga não tem medo de mostrar o seu desejo e de se ridicularizar, contando que consiga o que quer. Muitas vezes ela é desleal com as outras, mas afinal só as mais fortes sobrevivem na selva baranguda. Se não faz nada, fica para titia. Sobrevivência é o seu único objetivo. É a prova viva da teoria da evolução de Darwin.

Ela faz o trabalho sujo que nenhuma outra quer fazer, uma espécie de colheita maldita. Está no final da escala evolutiva, como uma larva, aproveitando todos os restos daquilo que as carnívoras desperdiçaram e os transformando em algo menos putrefato e fétido.

Baranga, você faz um bem danado para o mundo, mas para mim você não vai fazer porra nenhuma!

Poléxia - Você já teve mais cabelo

Os canalhas curitibanos do Poléxia num clip muito engraçado e bem produzido.

"Você já teve mais cabelo" é o primeiro clip do disco A Força do Hábito, que Rodrigo Lemos já havia antecipado na entrevista que deu ao blog.

terça-feira, novembro 11, 2008

Aires Buenos na Revista UM

Estamos ficando famosos! O Aires Buenos agora apareceu na Revista UM como um dos Blogs do Mês!

Nessa edição também foram indicados os blogs do dramaturgo Mário Bortolloto, do jornalista Marcelo Costa e do escritor Márcio Américo.

Gracias totales, Revista Um!

Aquadance

O que já era bizarro ficou ainda mais surreal. Marcelo Tinelli e seu Bailando por un sueño continuam na mais pura vanguarda do pornô light da TV.

A competição infindável de mulheres semi-nuas com movimentos e danças mais do que sugestivas consegue sempre se reinventar. A putaria é muito criativa!

O esquema agora é o Aquadance, uma tina d'água transparente colocado no meio do palco onde os casais devem fazer suas coreografias. Tudo isso em pleno horário nobre da TV argentina!

É um misto de Flashdance, Matrix, Garganta Profunda embalado com os maiores hits bosta em espanhol da estação.

Pra quem achava a banheira do Gugu um pouco inadequado, o Aquadance chegou para conquistar o seu lugar! Espero ansiosamente o dia que o Faustão implemente isso!

Atenção para essa apresentação ao som do U2! Sensacional! Mas tirem as crianças da sala!

segunda-feira, novembro 10, 2008

Imaginario Cultural

Para aqueles que odeiam essa pretensão cool de ambientes sofisticados com pratos ou drinks que custam o olho da cara, apresento o Imaginario Cultural.

Talvez por ele não estar em Palermo ou San Telmo, nunca citei esse lugar aqui no blog. Muito injusto porque é um dos bares preferidos da cidade e um dos que mais vou, afinal é pertinho de casa.

Na esquina da Guardia Vieja com a Bulnes, o bareco é do estilo rústico com estilo, como quase todos no bairro de Almagro. Tem preços justos para quem não quer inventar muito. Com a lei anti-fumo de Buenos Aires, eles acabaram criando um ambiente lá dentro mesmo que é descoberto. Um simpático pátio-quintal com mesinhas e sofás que é muito bom no verão.

Além do mais existe um porão onde tocam umas bandinhas todos os fins de semana. Mas se você não está afim, basta ficar ali no térreo mesmo que seu ouvido não será agredido.

Sugiro uma Stella Artois de 1 litro e uma empanada de carne picante. Um clássico.

Mais no Guia Óleo.

sábado, novembro 08, 2008

Especial Rock de Curitiba: 4 - Oaeoz.


Oaeoz é uma das mais experiente bandas de Curitiba. Passaram por várias formações, com os melhores músicos da cidade, e traduzem muito bem em som e letras a vida na capital das estações-tubo.

Conheci a banda ao baixar o mp3 da música "Disco riscado" que começava dizendo "O telefone conspira, o cachorro do vizinho está contra mim". Foi fulminante.

Entre seus melhores trabalhos está "Às vezes céus", que tem uma sonoridade finíssima e sofisticada, intercalando momentos nervosos e tensos de guitarra com o lirismo de violoncelos, sempre com letras de causar inveja. Esse ano eles lançaram "Falsas baladas e outras canções da estrada" e o cd "Ao vivo na Grande Garagem que grava".

Com muito conhecimento de causa, Ivan Santos, o vocalista, compositor e idealizador do "Rock de Inverno" fala sobre os dois cd's lançados esse ano pela banda, sobre o rock curitibano de antes e agora, além de sua atuação como produtor cultural.

1. Houve um progresso nessa última década na cena musical de Curitiba? Há mais público e respeito "musical" para com as bandas?

Que houve progresso eu não tenho dúvida. Se a gente pensar em como eram as coisas nos anos 90 e como são hoje, é inegável que houve melhora. Hoje é muito mais fácil gravar um disco e disponibilizar ele para as pessoas. Uma banda como a Relespública levou quase dez anos para lançar um disco cheio, e hoje qualquer banda recém-formada tem disco. E com o avanço na internet, você tem muito mais canais divulgar isso e atingir o público.

Agora as dificuldades essenciais continuam as mesmas. A própria internet – que inicialmente era vista como uma espécie de panacéia para os independentes – tem alcance restrito em um país como o Brasil, onde grande parte da população não têm acesso ao mundo virtual. O grande público ainda continua se informando principalmente através do rádio e da televisão, e nesses meios, a inserção dos independentes é mínima, tanto aqui quanto no restante do País. Portanto, a gente continua tendo que matar um leão por dia, ou seja, tendo que trabalhar muito para conquistar espaço.

2. Há dez anos atrás a internet não ajudava tanto as bandas como hoje, mas sim os jornais, rádios e tvs. Atualmente a grande mídia de Curitiba dá atenção para as bandas?

A atenção que a grande mídia dá ao segmento independente tem altos e baixos ao longo do tempo. No começo dos anos 90, por exemplo, com o surgimento daquela geração 92 graus, Curitiba chegou a ser apontada como a “Seattle brasileira” pela revista Bizz. Depois houve outro pico lá por 2002/2003, quando uma série de coisas estavam acontecendo, como o Rock de Inverno trazendo duas dezenas de jornalistas de fora, incluindo MTV, etc, e com o surgimento também do CPF. Na mesma época o Jornal do Estado lançou uma coletânea com 18 bandas locais que fez o jornal esgotar nas bancas, e a Gazeta do Povo fez algo semelhante logo após, lançando quatro coletâneas com mais de 70 artistas, e que igualmente teve ótima saída.

Depois houve um refluxo pelo próprio encolhimento do mercado e a crise na indústria, a mudança no perfil dos meios de comunicação, esse espaço se retraiu. Tenho a impressão que atualmente há um novo crescimento no interesse dos mass media pelos independentes, até pela crise no mainstream, eles estão em busca de novos conteúdos, e a regionalização das programações é uma tendência inevitável. Alguns exemplos são iniciativas como o Lulapaluna, da RPC, ainda que forma incipiente, incluindo bandas locais; os acústicos da rádio Mundo Livre FM (também da RPC), a volta de uma coluna fixa na Gazeta do Povo para a música local.

Agora se isso vai vingar e vai se ampliar, só o tempo dirá. E para quem milita nesse meio, as formas alternativas de divulgação e difusão ainda são indispensáveis. Até porque muitos desses veículos alternativos, como o Último Volume, da rádio Lúmen, com seus 4 a 5 mil ouvintes só pelo rádio aberto, são opções tão boas quanto a grande mídia para se chegar até seu público.

3. Falemos do OAEOZ. No que "Falsas baladas" se distingue em produção e som de "Às vezes céu"? O som agora parece mais nervoso e guitarrento, com menos pianos e violino e com mais guitarra. Mudanças de formação afetaram o som da banda?

A diferença básica é que o “As vezes céu” foi gravado em um grande estúdio profissional, o Nicos, enquanto o “Falsas baladas...” foi gravado lá no estúdio da casa do Carlos Zubek, nosso guitarrista, onde a gente já ensaia há alguns anos. O que a gente “perdeu” em termos de recursos técnicos, ganhou em tempo para trabalhar a gravação, e principalmente a mixagem. Foi um grande aprendizado, já que inicialmente a gravação foi feita com a ajuda de um amigo, o Luigi Castel, e depois a mixagem foi assumida pelo Carlão. Com isso, o resultado ficou muito mais próximo do que é a banda ao vivo. E os próprios arranjos e composições ficaram mais enxutos. Ainda tem piano, violão, e violino, mas tudo colocado de uma forma mais concisa.

4. Sinto uma grande preocupação com as letras da banda, que nunca decepcionam. Existe algum escritor ou compositor em que você se espelha? Como surgem essas letras?

Eu sempre gostei de música com boas letras. E minhas referências, mais do que literárias, são mesmo de letristas que admiro como Lou Reed, Ian Curtis, Neil Young; ou no Brasil, de caras como Lobão, Renato Russo, Rubinho Troll (vocalista do Sexo Explícito/antiga banda do John, hoje guitarrista do Pato Fu). Eu também destacaria a influência de amigos e parceiros próximos, como Rubens K (Iris/Terminal Guadalupe), e Igor Ribeiro (Iris), e de artistas contemporâneos brasileiros, como o Beto Só (DF), e Olavo Rocha (Lestics/Gianoukas Papoulas).

Mas isso tudo é mais no plano “subconsciente”, porque na hora de escrever uma letra conta muito mais a intuição do momento ou a sugestão que vem da melodia ou de alguma coisa que você tá sentindo/vivendo. As letras do Oaeoz têm caráter pessoal e confessional, então eu não penso no que vou escrever antes, e muitas vezes só percebo sobre o que estou falando depois que está pronto.

5. Quais os planos depois desse cd? Algo novo planejado?

A idéia é a medida que surgirem oportunidades e convites, tocar ao vivo e mostrar essas músicas, mas a gente tá numa fase bem low profile, então no momento não temos nada oficialmente agendado ou planejado. Pessoalmente, eu estou produzindo um EP em parceria com o Giancarlo Rufatto, que deve sair ainda este ano.

6. Voltando a Curitiba. Por que será que nunca uma banda da cidade estourou pra grande mídia? Nos tempos atuais de myspace e youtube isso ainda é possível?

Eu poderia citar uma série de fatores culturais e geográficos, mas acho que o que acabou sendo determinante mesmo é a questão sorte. Aquela coisa da banda certa, no lugar certo, na hora certa.

Acho sim que isso pode acontecer hoje em dia, mas é preciso ter em mente que o paradigma que a gente tem de sucesso ainda é aquele dos anos 80, 90, de um artista que surgia aparentemente do nada e virava sucesso nacional ou internacional da noite pro dia. E hoje, cada vez mais você vê menos isso acontecer. Os artistas novos que fazem sucesso o fazem em nichos segmentados e não mais para o grande público em geral. Um exemplo é a Mallu Magalhães, que mesmo tendo frequentado todos os programas de TV aberta no Brasil continua sendo uma artista basicamente indie. Ou o próprio Bonde do Rolê, que é ignorado no Brasil e em Curitiba, mas é sucesso em Londres e toca em todos os festivais da Europa.

Essa coisa do grande artista milionário em seu olimpo andando de limusine e recebendo os tubos da gravadora é cada vez mais uma coisa do passado. As próprias gravadoras não investem mais em artistas novos, a não ser quando eles já têm uma base de fãs consolidada, ou seja, já estão prontos.

Então cada vez mais os artistas vão ter que construir suas carreiras de forma independente, procurando atingir o público com suas próprias estratégias, construindo um trabalho de médio e longo prazo. E pra isso, tanto faz ser de Curitiba ou de Itapecirica da Serra.

7. Sobre o selo e o Festival De Inverno, como foi o nascimento de tudo e o que aconteceu para que acabasse? Teremos um novo festival De Inverno ano que vem?

O selo surgiu porque a gente (OAEOZ) não tinha gravadora, então começou a lançar os próprios discos e os discos de amigos e bandas que a gente gostava então criamos um selo pra isso. E o festival surgiu da idéia de reunir bandas novas que a gente curtia em um evento pequeno, mas bem organizado, como forma de chamar a atenção para essa cena.

O que aconteceu foi que nós tivemos um problema grave em 2003, quando o Rock de Inverno 4 foi cancelado porque a casa (Diretoria Café) não tinha a documentação em ordem, e acabou sendo embargada logo após aquela ocorrência de um show no Jockey que terminou com pessoas mortas. Isso gerou uma briga entre o governo do Estado e a prefeitura, e nós acabamos pagando o pato.

Depois disso, a gente ainda fez o Rock de Inverno 5 e 6 em 2004 e 2005. Mas a partir daí resolvemos que só faríamos novamente se conseguíssemos um patrocínio que garantisse fazer a coisa sem tanto sacrifício pessoal, e com recursos que permitissem que o evento pudesse acontecer com uma estrutura melhor. Desde então, tivemos um projeto aprovado pela Lei Rouanet, mas que não conseguimos captar recursos. Inscrevemos outro projeto no edital da Petrobrás, mas não fomos selecionados. E agora estamos na expectativa do resultado do edital da Fundação Cultural para festivais independentes. Se tudo der certo teremos o Rock de Inverno 7 no ano que vem.

8. Quais bandas da cidade estão fazendo um som novo e digno de destaque?

Tem muita coisa boa por aí, sempre. Eu gostei muito de uma banda nova que conheci a pouco tempo, o Pão de Hamburguer, que apesar do nome engraçado faz um trabalho de altíssimo nível, muito bem resolvido tanto musicalmente quanto nas letras. Tem o Je Rêve Toi, duo que combina batidas eletrônicas, violino e guitarra. O Giancarlo Rufatto, um dos melhores compositores da nova geração. Tem o Folhetim Urbano, outra banda do Carlos Zubek, do OAEOZ, que está gravando um disco novo muito bom. E tem outras bandas já mais veteranas, mas que têm lançado bons novos trabalhos, como o ruído/mm, sem dúvida hoje um dos melhores e mais ativos combos da cidade.

9. Pra finalizar, pra você o que é um som genuinamente curitibano?

Acho que genuinamente curitibano é justamente essa diversidade, essa mistura de tribos, etnias e jeitos diferentes de se expressar que convivem no mesmo espaço. Então eu poderia citar coisas tão distintas como Wandula (ninguém faz o som que eles fazem no Brasil, e só poderia ser de Curitiba); ou o Maxixe Machine – um dos melhores textos do pop brasileiro atual, com uma ironia e mordacidade ímpar; o Charme Chulo, que sem dúvida construiu uma das carreiras mais prolíficas e de personalidade no rock brasileiro dos anos 00. Acho que a vantagem de Curitiba – se é que existe – é justamente não estar presa há nenhum estereótipo cultural, como o carioca, o gaúcho ou o baiano. Isso faz com que a gente possa ser tudo o que quiser e ainda assim, ser absolutamente a gente mesmo.

Mais aqui:

Myspace - http://www.myspace.com/oaeoz

Blog De Inverno - http://deinverno.blogspot.com/

quinta-feira, novembro 06, 2008

Babasónicos - Microdancing.



Perca 3 minutos da sua vida e veja o clip chiclete-retrô-ridículo dos Babasónicos.

Microdancing foi rodado numa loja tipo Casas Bahia do bairro Villa Crespo e tem uma letra que faz pouco sentido. Mas mesmo assim é chiclete dos bons!

Si te llevo de favor
Me prometes que esta vez
No vas a arruinar la fiesta

Oh-oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh-oh
Apretado microdancing
No esperes nada de mi
No esperes nada de mi
Apretado microdancing

Si de onda te acompaño
A salir esta vez
No me vas a dar vergüenza

Estádio Diego Armando Maradona

Demorou 3 anos para eu finalmente presenciar um jogo do Palmeiras em terras argentinas. Uma pena que ontem, na primeira oportunidade que tive, o time perdeu pro fraquíssimo Argentinos Jrs.

O estádio del "bicho", como chamam os torcedores locais, é chamado Diego Armando Maradona, já que "El diez" começou sua carreira no clube lá por 1976. Se eu fosse o Maradona teria ficado muito ofendido com essa homenagem. O Estádio entra na lista dos mais feios que já vi. Pelo menos a visão do campo é ótima.

Começando pelo tamanho do campo que é a menor dimensão possível no futebol. A arquibancada não cobre todos os lados. Atrás de um dos gols existe uma grade que dá para uma rua do bairro La Paternal. No jogo de ontem um jogador grosso do Argentinos chutou a bola tão longe que caiu numa casa. Não é zueira, é sério!

De todos os campos que fui, no Brasil e aqui na Argentina, o único comparável com a pequenez do Diego Armando Maradona é o Ulrico Mursa em Santos, sede da briosa Portuguesa Santista. Só pra ver o naipe, as torcidas dos outros times argentinos cantam que é um campo de "pebolim" quando jogam lá.

O jogo do Palmeiras em si foi terrível. Dois gols de cabeça em descuidos da zaga. Uma bola na trave metida pelo Palmeiras e pouquíssimos momentos de perigo. A torcida até foi maior que eu pensava. Deveria ter uns 60 palmeirenses perdidos por lá, que pagaram caro para ver um joguinho muito do safado: 50 pesos.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Barack wins: Flawless victory

Chega a dar medo todo esse frenesi com a eleição do Obama.

Por mais histórica que seja, as expectativas colocadas sobre os ombros desse senhor são excessivas. Essa imagem de redentor que veio salvar o mundo da era-Bush é perigosa demais.

Como o brasileiro adora tomar parte em alguma coisa, vi muita gente manifestando sua opção pelo Barack nos orkuts e twitter da vida. Foram todos no hype do Obama, uma espécie de novo "Che" da cultura pop. Engraçado que a maioria deles nem sabe de propostas e o que diz o candidato. Confesso que eu mesmo sei muito pouco.

Até agora o que foi visto foi uma ótima e caríssima campanha de marketing, o bom uso da internet e mídias sociais e o apoio de artistas famosos. Mas todos nós sabemos que isso nunca foi garantia de bom governo. O Collor pelo menos serviu para aprendermos a lição com o erro.

Por enquanto eu prefiro esperar e ver o circo passar. A unanimidade sempre me deu medo.

* Para quem não entendeu a imagem: É uma mistura de Barack Obama com o personagem Baraka do clássico jogo dos anos 90 Mortal Kombat.

terça-feira, novembro 04, 2008

I Love You, You Imbecile



A cada dia adoro mais os suecos e sua música.

Pelle Carlberg é um cara legal. Ele tinha uma banda chamada Edson, em homenagem ao Rei do futebol Pelé, e agora está em carreira solo.

Este é o clip de uma música com um ótimo título: "I love you, you imbecile". Melodias felizes, mocinha de vestido vermelho cantando, bateria no melhor estilo kibemusic e uma letra apaixonante.

Da-lhe Suécia!

segunda-feira, novembro 03, 2008

Reconhecendo um boliche clássico

O Boliche clássico argentino não é classificado somente como um lugar onde se consome insanamente o Fernet. Mas sim aquele endereço que se diz eclético, mas no fundo toca a mesma velharia dos 80/90 que era sucesso por aqui.

Se ao perguntar para o porteiro de uma casa noturna qual o tipo de música que toca e o cara responder "Toca de tudo", tenha certeza que você estará adentrando a um boliche genérico com gente eclética arrumadinha estilo classe média com papai paga tudo e sem nenhuma noção musical.

As meninas estarão dançando como se estivessem no cio, os meninos chegaram perto para acompanhar os movimentos mega sensuais, mas não se tocarão. Haverá muita bunda dançando no melhor estilo "vai ordinária" do Cumpadre Washington ou "vem neném" do Xandy, mas poucos casais estarão efetivamente se pegando mesmo.

E o que dizer das músicas? Todo boliche argentino que se preza toca obrigatoriamente essas duas clássicas:

La rubia del avión
Con una rubia en el avion directo a Brasil / Con una rubia en el avion dispuesto a morir.

La Pachanga
Pasame más tinto se vino La Pachanga / dale Pelado no pares nunca más

E há sempre o risco de ouvir a versão do Paramalas "Inundados, Frenchtown" ou até aquela de não sei quem que é "Eu quero te beijar, te abraçar, preciso desse amor. E quando anoitecer confessar que eu amo você".

domingo, novembro 02, 2008

Incomodos

Trailer engraçadinho, cartaz desenhado pelo cartunista Liniers, personagens bizarros no melhor estilo do cinema independente americano, uma trilha sonora bonitinha e várias referências a filmes cults e a mini-celebridades argentinos. "Incomodos" bem que tenta ser uma comédia a la Alexander Payne, mas não consegue.

De qualquer maneira a tentativa é mais que válida e muitas cenas são memoráveis com o trio de losers que acabam se juntando para uma viagem a uma cidade fantasma.

Nicolas, o menino do cartaz, terminou com sua namorada neurótica e tem que fazer uma viagem até o balneário argentino de Miramar para derramar as cinzas dos seu avô. A ele se juntam Abril, uma jovem bizarra que trabalha no pedágio e quer reencontrar sua família, e Alfred, um gordo que foi deixado de lado pelo seu grupo de dança sincronizada. Os três se hospedam num clássico hotel de cidadezinha de praia em pleno inverno onde nada acontece.

Com um ritmo estranho e um tanto cansativo em certas partes, "Incomodos" abusa de dilálogos inteligentes, planos interessantes, situações pra lá de estranhas e personagens que beiram a surrealidade. Parece que o diretor estava super bem intencionado mas não tinha o conhecimento suficiente para materializar suas idéias. No final fica aquela idéia que o filme foi feito para aqueles novos adultos como eu, que ainda estão se acostumando a essa idéia de que os alguns sonhos podem estar se envelhecendo.

sábado, novembro 01, 2008

Ensaio sobre a cegueira

Bem que eu desconfiei dessa diferença de recepção da crítica para com o "Ensaio sobre a cegueira" do Fernando Meirelles. Enquando os jornais brasileiros foram só elogios, os americanos caíram matando e o argentino La Nación foi duríssimo. Das 5 estrelas possíveis, "Ceguera" só recebeu 2 - exatamente a mesma classificação que o filme dos Chihuahuas.

Talvez seja ufanismo dos brasileiros como eu mas adorei o filme. Uma história brutal e indigesta com uma fotografia primorosa que me lembrou muito "O escafandro e a borboleta".

Achei que o filme fiel até demais com a obra. Muitas atitudes e comportamentos acabaram meio que sem explicação aparente na tela. Como os personagens não tinham passado, ficamos sem entender muitas coisas.

A pegação do médico com a puta, por exemplo. No filme ficou muito gratuito, por mais que alguns indícios anteriores aparecessem. É exatamente isso que tanto escuto no meu curso de roteiros: a própria ficção precisa ser crível.

Mesmo assim achei ótimo ver em imagens aquilo que já tinha lido anteriormente. Também é interessante poder reconhecer algumas locações de São Paulo e até mesmo da Cidade Velha de Montevidéu. A loja de doces que eles passam uma noite no final eu posso jurar que é num calçadão que de noite tem altos barzinhos da naite da cidade.

Minha única crítica, se é que isso interessa para alguém, é que faltou desvirtuar um pouco a obra em nome de algo mais cinematográfico e menos literário. O Meirelles fez isso antes em Cidade de Deus, onde o Dadinho pequeno é muito mais maléfico do que o livro conta. Claro que é compreensível evitar o mínimo de mudanças possíveis numa obra de um escritor tão renomado.

Mas senão é como o caso do final da novela argentina "Vidas Robadas". O bandido no último capítulo decide se matar e se joga de uma telhado de uma construção. O cara acaba sobrevivendo e começa a dar tiros no bonzinho. Pera lá, se o cara queria se matar e nada mais importava para ele por que depois da tentativa de suicídio ele ainda foi implicar com o mocinho? Vai entender!

A Complete History of My Sexual Failures

A idéia de ir atrás de ex-namoradas para tentar entender porque sua vida amorosa é um fracasso é extremamente recorrente entre os homens. John Cusack faz isso em Alta Fidelidade e Bill Murray em Flores Partidas, porém nunca alguém havia feito um documentário sobre o tema.

Nos mesmos moldes de "Supersize me" onde o próprio diretor é o tema do documentário, Cris Waitt filma sua saga em busca de respostas depois que ele leva outro pé na bunda.

O cara está beirando os 30 anos, vive num flat totalmente zoneado e sujo, tem um look todo desleixado a la Kurt Cobain e parece ser meio lento no raciocínio. Fica claro de cara o porquê de tanta rejeição. Ele é um baita de um loser.

Assim como sua vida sexual, o documentário é outro fracasso. Pouquíssimas ex estão dispostas a dar uma entrevista e só com a ajuda da mãe que ele consegue persuadir algumas. Logo as entrevistas, que acabam sendo bem poucas, são o mais interessante. A fauna de ex-namoradas é bem diversa. Uma escreveu um livro onde mata um personagem bem parecido com ele, outra só aceita falar se não aparecer sua cara e sua voz.

O documentário acaba sendo mais longo que o necessário e a capacidade do diretor de se auto-humilhar é tanta que chego a desconfiar se muita coisa ali é verdade. No decorrer da trama ele percebe que está impotente e começa a tomar viagra e a história de revisitar ex-namoradas acaba se perdendo.

Mesmo sendo um tema não muito original, é interessante ver uma abordagem menos hollywoodiana ao assunto, por mais loser que chega. Alguns momentos são engraçadíssimos como as visitas aos médicos e os encontros com as garotas que ele conhece no myspace.

Depois disso é quase impossível não pensar nos ex-amores e o que elas diriam se fosse você quem estivesse fazendo as entrevistas.

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