Foram matéria da Veja, ganharam prêmio Dynamite de melhor cd independente, lançaram cd em formatos inovadores como o SMD e pendrive, gravaram na Toca do Bandido, fizeram clip com um diretor de nome (Ricardo Spencer) e agora gravarão o próximo cd com o Roy Cicala, que já produziu desde Madonna a David Bowie. O fato é que esse quinteto sempre está investindo e sendo notícia no meio. Numa conversa com o vocalista Dary Jr. há uns 2 meses atrás, conversamos sobre o momento atual da banda banda e a sua estrutura de shows e mídia de Curitiba.
1. Você já tem um bom tempo de estrada, ou de via rápida, no rock de Curitiba. De 10 anos pra cá, o que progrediu? As bandas locais tem mais público, melhores lugares para tocar e mais respeito?
Nada. As bandas locais estão onde sempre estiveram: no limbo. Só há público em nichos específicos, como é o caso da turma que orbita em torno do hardcore melódico e do psychobilly. Casas abrem e fecham, mas poucas têm estrutura adequada e mal pagam um cachê mínimo de R$ 500,00.
2. A mídia da cidade e sua relacão com as bandas melhorou? Com myspace, orkut e youtube as bandas ainda precisam dela?
Existem ações isoladas. No geral, a mídia ainda insiste em ignorar a diversidade e a riqueza da música curitibana. Pelo que sei, a única iniciativa digna de nota é da Mundo Livre FM, que criou um projeto acústico - os grupos gravam, ao vivo, músicas nesse formato. Desconheço a audiência da emissora, mas louvo a atitude. Curioso é que, no show de lançamento do projeto, o diretor de programação da rádio mandou recado: queria que tocássemos quatro covers. Dei risada. Cover em um evento que se propõe a fortalecer bandas autorais? Foi a nossa vez de ignorar. No fundo, no fundo, é uma pena. My Space, Orkut e You Tube até ajudam, mas não têm a força de emissoras de rádio e televisão.
3. "Como despontar para o anonimato" já começa ironizando com o título do cd. O que muda musicalmente e nas letras desse cd em comparação com "A Marcha dos Invisíveis"? Como foi a produção do cd?
É um documento do que foi a turnê de divulgação do álbum "A Marcha dos Invisíveis". Entraram ainda músicas mais conhecidas de álbuns anteriores e versões definitivas de canções que não tínhamos lançado oficialmente, como "Torres Gêmeas" e "Megafone de Bagdá". Nós pegamos os melhores momentos dos shows que fizemos no Jokers Pub Cafe, de novembro de 2007 a abril de 2008, dentro do projeto "Terminal Guadalupe apresenta...", uma tentativa frustrada de formação de platéia. São as últimas gravações de Rubens K como baixista do TG. Tudo foi gravado em oito, dez canais, mas o resultado ficou muito bom.
4. E mudou muito musica do Terminal desde "Burocracia" até o dia de hoje? Amadureceram, perderam a inocência, entraram nas drogas? A entrada de outro guitarrista colocou mais peso nas músicas?
A banda está mais afiada. Tocamos melhor, ouvimos mais coisas. Somos caretas, mas não chatos. Envelhecemos com dignidade. A entrada de mais um integrante facilitou o uso de novos instrumentos e timbres. Talvez o som esteja mais pontuado por sutilezas, mesmo nos momentos mais pesados.
5. Vcs sempre de alguma maneira homenagearam o rock de curitiba com covers do Iris e Extromodos. Existe algum novo cover pensado?
Tocamos "Sal de Fruta", da Poléxia, em versão que o próprio autor da canção, Dudu, considera definitiva. Não sei se vamos gravar, mas gosto muito do arranjo.
6. Nos anos 90 o sonho das bandas era ser grande, ter clip na MTV e assinar um grande contrato. Hoje, com o que as bandas sonham?
Eu só quero ter a possibilidade de uma carreira produtiva e interessante. Se puder viver disso, tanto melhor. Não penso que seriam ruim ficar "grande". Aliás, trabalhamos nesse sentido. Tocamos em festivais importantes, nossos clipes rodam com relativa freqüência na MTV e estivemos a ponto de assinar com duas gravadoras. Falta encaixar o golpe. Talvez seja questão de tempo.
7. Vocês são uma das poucas bandas curitibanas que vivem de música. Isso é realmente possível na cidade ou é complexo de inferioridade dos curitibanos achar que isso é impossível?
Não vivemos totalmente do que ganhamos com a banda, mas nos orgulhamos do fato de não pagar para tocar. Honestamente, sinto que é impossível subsistir apenas com o trabalho artístico. Eu sou jornalista e isso ajuda a pagar as contas.
Inicialmente, "Como despontar para o anonimato" sai apenas em mp3.Vamos lançar tocadores personalizados, que podem ser vistos neste site, http://www.lpindie.com.br/mp5_
9. A banda começou como trilha sonora de um curta-metragem, certo? Como está a relacão com o cinema? Novos clipes, projetos audiovisuais?
Temos clipe recém-lançado. É "Recorte Médio-Oriental", dirigido por Rafael Gasparim, que tocou guitarra e baixo na minha antiga banda lorena foi embora..., em 2001-2002. Dá para assistir no You Tube. Integrantes de várias bandas curitibanas participaram.
Assista aí o clip.
9 comments:
muito bom, tulio! mas é bitcho... a regra do "limbo" se aplica a bandas, midia e publico...
Roubando frases do entrevistado: '
Eu só quero ter a possibilidade de uma carreira produtiva e interessante.'
Gênio.
Pois é, Guga. Essas entrevistas são um pouco para entender o porquê desse limbo ainda existir.
o problema é que para entender este "limbo", tem q cair em questões básicas que podem mexer com o orgulho de muita gente... de banda, midia e publico. ;)
Mais idiossincrásias e menos entrevistas com bandas inexpressivas. É isso que o público espera deste blog.
Falou o Homem.
altamente edificante (arte de levantar edificios)
lembro de uma banda chamada limbonautas?
meu, enquanto as bandas de curitiba não entenderem o mínimo (limbo), mais e mais vezes escorregarão na pasta verde. Tá na hora de juntar todo mundo numa grande orquestra. Aí, quem irá reclamar?
haha
abs maluco, massa a iniciativa de bandas da capital mais menos do mundo!
Clademir tem razão.
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