Continuando com as entrevistas com as bandas da ex-capital social Curitiba, chega a vez do Poléxia. Sempre fui entusiasta da música, letras e arranjos desse grupo que sabe como poucos dosar o alternativo com o pop. "Eu te amo, porra", "Aos garotos de aluguel" e "Melhor assim" são verdadeiros clássicos do DDD 041.
O segundo disco de estúdio, que está prestes a ser lançado, teve a produção de algumas músicas feitas pelo John do Pato Fu. Além do mais gravaram o clip de "Você já teve mais cabelo" onde toda a banda participou raspando a cabeça.
Tive a sorte de por algumas vezes fazer parte de uma dupla didois com o vocalista Rodrigo Lemos. Tocávamos versões acústicas de clássicos da indiarada no Korova, onde eu nunca conseguia fazer os solos direito. A minha versão preferida era "In the garage" do Weezer em que meu belo solo de flauta doce era essencial. Numa conversa com o Lemos ele fala da banda, de Curitiba, do John... Enjoy!
1. Vcs estao prestes a lançar o segundo disco. Quais as diferenças musicais, conceituais e artisticas entre esse e o primeiro? Segue 100% na raça ou houve ajuda de algum selo?
O disco se chama "A FORÇA DO HÁBITO" e sairá pelo selo Nico Records, de Curitiba. Apesar dessa força com gravação e distribuição, todo o resto segue providenciado pela própria banda e "na raça". Aliás, haja raça; levando-se em conta as mudanças de formação que ocorreram nos últimos três anos e que nos possibilitaram o surgimento de uma "nova Poléxia". Sobre conceito e sonoridade; acho mais importante recomendar a audição das faixas. Dá pra adiantar que as canções falam sobre como é delicioso e ao mesmo tempo angustiante conviver com nossas manias, vícios e costumes... Deveríamos chamar o álbum de "Desejo de Mudança", isso sim.
2. Como foi a experiência de ter o John do Pato Fu como produtor de algumas faixas? Como o cara contribuiu exatamente?
O John é uma figura sensacional; muito carismática. Tivemos apenas três dias para gravar com ele, então tornou-se providencial estabelecermos dinâmica e objetividade no estúdio. Foi um aprendizado destrinchar fragmentos da nossa música para depois colar os caquinhos - um pensamento bem parecido com o da música eletrônica de pulso. Quem ouvir "Você já teve mais cabelo" vai perceber, logo nos primeiros segundos, que a produção do John extraiu todo o sarcasmo e irreverência que procurávamos por tanto tempo (a canção já vinha sendo apresentada em shows, porém com outro formato).
3. Mudou algo do que vc esperavam para o primeiro cd e agora para o segundo? A banda perdeu a ingenuidade em certo ponto?
A gente foi perdendo muita coisa no meio do caminho hehehe. Mas a moral da história é justamente essa: perder. É essencial perder algumas perspectivas, pontos de vista, oportunidades; para que o novo venha. E o novo sempre vem, já dizia Belchior.
Hoje, só esperamos que da música venha mais música - que essa atividade gere uma espécie de reciclagem nas nossas vidas e, eventualmente, nas vidas que nos cercam. É o que realmente importa.
4. Entre o primeiro e o segundo cd houve mudanças na formação da Poléxia, Como isso refletiu no som da banda?
O Neto (bateria) é um gentleman e toca como tal: hora firme, hora delicado e sempre preciso. O Francis (baixo, guitarra e voz) já era nosso amigo há anos e aceitou o convite sem titubear... Ele é um músico completo, com uma sensibilidade nipônica, de fato.
Só quando esta formação se consolidou que percebemos como é bom deixar essas mudanças naturais interagirem com a maneira como a música soa, e com a nossa forma de pensar... Chato seria se resolvêssemos que as músicas que fizemos em 2004 precisam soar exatamente como em 2004, com aquela outra formação.
5. Acham que aumentou o público, melhorou a recepção dos curitibanos e os lugares para shows? Mudou alguma coisa daquela velha choradeira de que Curitiba não tem público que consome rock local?
Preguiça imensa desse papo todo, né? Acho que hoje o consumo de música - inclusive independente - está em todo lugar e onde menos se espera. Sobre espaços para se apresentar, tivemos a oportunidade de ver que muitas cidades sofrem com o mesmo problema: falta de investimento e estrutura para esse segmento de menor porte da indústria da música.
Em contrapartida, muita gente continua fazendo arte; outros vão surgindo e fazendo também. E, contanto que os artistas não comecem a se deprimir porque "o público local não dá prestígio... blá blá...", o mundo continuará a girar.
6. E a mídia curitibana? TV, jornal e rádio colaboram de alguma maneira para que a banda seja conhecida na cidade? O que mais ajuda?
Não temos e nunca tivemos do que reclamar. A imprensa é prestadora de serviço, assim como a classe artística se propõe a ser. Se já ganhamos destaque em veículos locais deve ter sido apenas por merecimento; assim como inúmeros artistas locais e de todo o Paraná figuram nos cadernos de cultura por merecimento e por estarem fazendo algo.
O disco novo traz uma canção chamada "O Inimigo", que brinca com esse jogo de nervos da mídia para cima do cidadão comum. Fica aí o convite à audição.
7. Existe algo de comum entre as bandas independentes da cidade além do sotaque e do cep?
Não. Inclusive, discordo quanto ao "sotaque". Até nisso os grupos diferem. Dá para contar nos dedos da mão do presidente Lula o número de bandas que se parecem entre si em Curitiba.
Esse é o paraíso e inferno da cidade.
8. Como foi a gravacao do clip de vc ja teve mais cabelo? Fale um pouco disso, qual a historia do clip e quem teve a idéia de todo mundo rapaz a cabeça.
A cabeça raspada representa um recomeço. É um rompimento - por que não?
Acho que tive a idéia após pensar que a banda deveria reaparecer como nunca foi vista.
E, por incrível que pareça, nem foi tão complicado persuadir os outros integrantes; ainda mais quando contamos com uma equipe tão boa como a da Cine TV (escola de cinema de Curitiba), todos sob a direção do João Marcelo Gomes. O videoclipe é super trash e descontraído; mostra os integrantes (em trajes nada típicos) sendo raptados e tendo seus cabelos cortados... Está em fase de edição e logo vai para o You Tube.
9. Planos para 2008 e 2009?
Neste momento, o Iuri Freiberger (produtor, músico da banda gaúcha Tom Bloch) está realizando mixagem e masterização para "A FORÇA DO HÁBITO" em seu estúdio no Rio de Janeiro. Até o fim do ano já temos previsto: o retorno aos palcos, o lançamento virtual deste álbum, bem como o trabalho de divulgação nas principais capitais do país. Para 2009, a intenção é dar continuidade cavando vaga nos principais festivais e mostrar esse repertório para o maior número de pessoas interessadas.
Myspace - http://www.myspace.com/thepolexia
terça-feira, outubro 14, 2008
Especial Rock de Curitiba: 3 - Poléxia.
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8 comments:
Curti seu blog. Favoritei.
muchas gracinhas.
bela entrevista, rapá! e bons esclarecimentos do lemos. (:
Aires Buenos é a nova Rolling Stone!!!
massa mesmo. o Poléxia é sem dúvida uma das melhores bandas 00 de Curitiba - apesar do embrião Penélope Charmosa (acho que era isso), ser de um pouco antes. sem falar que os caras são boa gente e extremamente lúcidos.
Próxima entrevista é a tua, seu IVAN! Se liga nas parada, mermaaaaaaum.
Penelope charmosa? nossa, eu lembro disso.
no primeiro show que eu vi da polexia, o tecladista loquinho jogou agua em mim e em todos os meus amigos (e amigas e alguns inimigos).
Juramos nos vingar e afoga-lo.
isso ae, chega de blá blá blá sobre curitiba isso ou aquilo...vamos morar em BsAs!
uhhuhuhuhuhuhhhuhuuhuhuhuhuuhu.
Bacana o quadro senhor Túlio!!!
abraxx xx xx xx xx xx xx xx
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