segunda-feira, novembro 24, 2008

Rumo ao último quadrado do mapa

No meu primeiro ano em Buenos Aires, 2006, era comum ir para festas e churrascos em casas de semi estranhos em endereços longínquos da cidade. Como os bairros mais perto do centro são dominados por prédios, as festas realizadas em casas grandes e abertas sempre são nos lugares mais afastados.

Para isso fazíamos uma espécie de safari urbano. Sobe no ônibus, guia T na mão e vamo lá rumo ao desconhecido. Com o tempo, a paciência e até mesmo o encantamento com a cidade acabam se esgotando e a disposição para isso idem.

Mas esse sábado voltei a me aventurar em um bairro desconhecido. Era aniversário de um amigo do trabalho, aquele que tem bigode e adora o Perón, mas que é um dos poucos com que converso algo além do trivial. Dos 36 quadrados no qual é dividida Buenos Aires no Guia T, ele mora no 28, exatamente um dos que fazem divisa com o conurbano. Fui então rumo ao último quadrado do mapa.

Subi junto com um Trapiche Malbec no ônibus 180, só que o do ramal 155, numa viagem que duraria 50 minutos. Vale explicar o complexo sistema de ônibus dessa cidade. Muitas linhas possuem ramais. É o mesmo número de ônibus, mesma cor, mas com trajeto diferente. Tem uma plaquinha no vidro da frente que avisa isso, mas geralmente você só percebe quando vê que está na vizinhança errada. No geral os ramais das linhas começam e terminam no mesmo lugar, só variam o caminho que fazem.

Entre os vários lugares inéditos que o ônibus passou teve uma avenida que ele percorreu 6 mil números. Basta fazer os cálculos. Como aqui toda quadra tem 100 números, foram 60 quadras pela tal avenida que nunca tinha ouvido falar.

Ao descer do 180 ramal 155 ainda era preciso caminhar 6 quadras em uma escura rua de casas geminadas por uma região entre os bairros de Mataderos e Liniers. Não tinha nenhuma alma viva por lá e confesso que passei um belo de um cagaço até encontrar o endereço. Lembrei do bairro do Campo Grande em Santos e algumas quadras que eram todas de casas iguais grudadas umas nas outras. Como era fácil se confundir ao visitar um amigo naquele tempo.

Chegando lá a festa estava animadíssima. Comi belos hambúrgueres feitos na parrila, bebi fernet-cola como um rei, charlé con las chicas, matei saudade da torta de limão e rolou até uma bandinha com guitarra, violão, baixo, trombone e o cajón, aquela caixa de percussão, que ficou sob minha responsabilidade.

Uma bela noite no último quadrado do mapa.

10 comments:

Anônimo disse...

caralh* vc ta ai desde 2006?!

Túlio disse...

pois é rapá. fevereiro de 2006.

Vinícius da Cunha disse...

É o Guia T de bolsillo fazendo as noites de sábado mais felizes.

Túlio disse...

Cada um no seu quadrado.

Anônimo disse...

qué barrio jévi métal.
La guía T es imnprescindible para laburar de cadeta, cosa que hice 3 años.
Hubiera adorado tener una simil en Río, pero no sé si existe pq ni siquiera me preocupé en preguntar.

Ciana Lago disse...

Foi tudo bem na volta, Túlio?!

Túlio disse...

voltei de táxi pq sou chique!!!

32 pesossssssssss

Anônimo disse...

Aqui no Rio também tem bairros afastadíssimos e, apesar de morar na cidade praticamente desde que nasci, quando preciso, por algum motivo, ir até esses lugares é sempre uma aventura.

Ana disse...

Lo de los ramales es así, mi peor anécdota fue una vez que quería ir a Plaza Italia y terminé en Vicente López... ¡qué te puedo decir!

(( BTW ¿quién cumplio años? ¡qué chimbo! ¿por qué no invitan! ))

@snel disse...

"Bebi Fernet-Cola como um rei" - Muito afudê. Vou agora ao Zaffari comprar una botella.

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