1. Você fez parte do Gran Prix e agora está em carreira solo. Como mudou o rock argentino desde a tragédia de Cromagñon? Como isso afetou as bandas de Buenos Aires?
Houve uma mudança importante a princípio já que fecharam muitos lugares pequenos. Isso nos obrigou a procurar palcos diferentes para continuar tocando, levando a gente a provar formatos mais íntimos e acústicos. A cena lentamente foi se recompondo, mas acho que no final isso encareceu bastante o custo dos shows. Custo que se transladou aos artistas que, no final das contas é quem assume o risco econômico quase que total de cada apresentação do mundo indie.
2. Existe um som que podemos chamar de rock argentino? O que tem em comum as bandas de hoje com o som powerpop do Rubin?
Sim e não. A cena argentina é muito variada e o rock já tem mais de 40 anos, já que existem muitos estilos e subgéneros. Mas certamente há, não sei se um som, mas uma sonoridade, um idioma comum a todos que crecemos escutando rock local argentino. Lamentavelmente, para mim, o powerpop não é um gênero popular dentro do rock argentino, mas como ele se nutre de elementos clássicos, guitarras e melodias, nunca sai de moda por completo.
3. Falemos de sua carreira. Seu último disco “Esperando o fim do mundo” foi lançado na Argentina, Espanha e Brasil. Como foi a recepção nesses lugares? Como foi tocar no Brasil?
Na Espanha já tínhamos lançado um álbum com o Grand Prix e feito uma turnê grande em 2002, assim que de alguma maneira já sabia o que esperar. A recepção de “Esperando…” foi maravilhosa e tive a sorte de tocar em uma turnê de 18 shows por toda a península. No Brasil, não sabia muito bem o que esperar e ver as pessoas cantando as músicas no Festival Goiânia Noise foi algo tão inesperado como impressionante. Tomara que a gente possa voltar a tocar no Brasil porque nos divertimos muito.
4. Suas letras são muito pessoais. Como você compõe? Quanto do seu último disco foi “vivido” e quanto foi “criado”?
Geralmente começo pela música e trato de deixar que a melodia me “dite” a letra. Trato de interpretar a melodia e dizer o mesmo com as palabras. No disco novo, há uma canção que compus ambas as coisas de vez e outras que trabalhei com Federico Novick, musicalizando suas letras. Gosto de provar outras coisas para que as canções saiam com outras cores. Na hora de escrever as letras, inspiro no que acontece comigo e no que acontece com as pessoas que me rodeiam e amo. Falo de amor, sem escrever canções de amor especificamente, da solidão própria e alheia e sempre sob uma ótica diferente. Em “Esperando…” existe muita coisa que foi vivida por mim e por outros. A música “Artemis”, por exemplo, é autobiográfica, já em “Follow me down” os protagonistas são um casal de amigos meus que moram em Madri.
5. Quais suas influências? O que você escutava quando criança e o que escuta agora?
Musicalmente, desde Cole Porter e Buddy Holly, passando, claro, por The Beatles, The Kinks, Costello, Teenage Fanclub até Magnetic Fields. Sempre fui apaixonado por música, desde pequeno. Meu primeiro amor musical foram The Beatles e logo Elvis, mas meu pai me ensinou a amar Roberto Carlos também. Agora estou bastante fã grupos de pop suecos, The New Pornographers, Magnetic Fields e Ben Kweller, música que me faz sentir bem. Para me deprimir já existem os noticiários e os jornais.
6. Seus shows, assim como o cd “Componé ladrón”, são muito bem humorados. O rock precisa ser levado menos a sério?
A vida deveria ser levada menos a sério. Trato de me divertir para poder divertir os outros. Mas é minha postural pessoal e nada mais. Se você é o Radiohead e está deprimido e quer deprimir as pessoas, beleza. Falando nisso eu adoro Radiohead! Mas trato de me divertir mesmo que isso não signifique que eu escreva músicas de humor e nem canções divertidas, em geral são bastante melancólicas.
7. Como está o Rubin agora? Planos?
Nos últimos meses estive escolhendo as músicas do disco novo, ensaiando com Los Subtitulados com objetivo de entrar em gravacão em alguns meses e logo começar de novo com shows e turnês.
8. Conhece algo de música brasileira?
Graças a minha mini-turnê do ano passado pude contecer bastante grupos indies. Além dos Superguidis que eu já conhecia, gostei bastante do Beto Só e vários grupos do Senhor F (site e selo). Quando eu era menor escutava Roberto Carlos e aqui a bossa é muito popular, mas não conheço muito mais, lamentavelmente.
9. Como você decide que uma música é melhor em inglês ou espanhol?
O inglês e o espanhol são idiomas com características muito diferentes, especialmente na longitude das palavras e quantidade de sílabas. E por isso são, para mim, como dois instrumentos diferentes. Assim como algunas canções soam melhor com piano e outras com guitarra, para mim algunas soam mais naturais em inglês ou español e vice-versa. Depende do que a pessoa está dizendo, Eu trato de compor tudo em español e usar o inglês quando realmente soa melhor para mim. Isso aconteceu com “Follow me down”, “Ordinary words” e “Pebble Song que saíram muito rápido em inglês.
10. Como nasceu a música “La triple A se llevó a mi mujer”. Pode explicar para nós brasileiros o que foi a “Triple A”?
Eu estava com vontade de gravar uma música dos Ramones e pensei em argentinizar “The KKK took my baby away”. É um exercício que gosto e faço desde a época do Gran Prix. Em “Esperando…” há uma versão de uma música do “The Cleaners from Venus” e no novo teremos uma de Roby Hitchcock. Mas voltando, a Triple A foi um grupo paramilitar dos anos 70 que queria dizer “Associação Argentina Anti-comunista”. Já dá para imaginar o que faziam. Assim ao substituir KKK entrou sozinha a idéia de usá-los.
Site oficial: www.rubinlandia.com.ar
Myspace: www.myspace.com/rubinlandia
* fotos retiradas do site oficial do artista.
4 comments:
q beleza, hein?! o blog ja tem ate entrevista exclusiva! ta de parabens!
bjos
ai. quanto orgulho!
nao conhecia ele. ja virou meu migão de myspace.
Rubin disputa com Hacia dos Veranos o posto de banda que mais vi show em Bs As.
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