Nunca viajei para o interior desse país. Quando aparece um feriadão e tento viajar, me animo e faço planos, não consigo. Não existiam passagens. O plano era conhecer a cidade de Córdoba, mas isso fica para a próxima. Não há passagens para o feriadão.
No sábado a noite fico sabendo de um show do Hacia dos Veranos, junto com outras duas bandas: Doris e Norma. Talvez o Hacia dos Veranos seja a banda que mais vi aqui em Buenos Aires. Não sou dos entusiastas da música instrumental, mas para eles tiro meu chapéu.
O lugar é um espaço novo em San Telmo. O salão parece mais adequado para um baile de formatura de um colegial americano, mas cumpre bem o seu papel.
A bonita moça do caixa, que é uma personagem frequente de outros showzinhos da cidade, depois de reclamar do meu "billete de cien" avisa que no momento está tocando a banda Doris. Subo umas escadas e um grupo de três músicos toca no meio do salão, rodeado pelo público.
Resumindo muito bem: o que eles tocam é uma bosta. Um contra-baixo acústico, um sujeito batucando uma caixa de feira e outro tocando um violão e cantando como uma gralha uma música em um portunhol nojento. Não sei se ele diz "Vamos a soñar poquiun" ou "Vamos assanhar um pouquinho". É deprimente de ruim. Vou ao balcão e pago 10 pesos num litro de Quilmes.
A banda acaba a apresentação e um louco pede "mais um". Só pode ser um amigo muito, mas muito próximo deles mesmo, para pedir bis, penso comigo. Enquanto a banda tortura a audiência com uma última música que fala do príncipe Lancelot, reparo no louco sem noção que pediu o bis. Ele é ridículo de feio, parece o amigo do Hugh Grant em "Notthing Hill", mas tem uma menina linda sentada do seu lado. Ela é branquela, meio loira e tem olhos claros. Está exatamente no meio termo entre uma pessoa que não liga nada para a moda e uma pessoa "estilosa". Pela cara dela posso concluir que ela não gostou da idéia de vir a esse show. Se for namorada desse loiro bizarro, o mundo é muito injusto mesmo.
Lembro do filme "Minha vida sem mim". Nele a personagem conta como conheceu seu marido: foi num show do Nirvana. Ela se emocionou tanto com uma música que chorou e o cara ofereceu a própria camisa para ela enxugar as lágrimas. Sempre vou a shows e nunca conheço ninguém. Posso então classificar "minha vida sem mim" como ficção científica. As garotas que mais me interessam ou tem namorado ou moram longe. Ou se não é nenhuma das duas opções, certamente elas não terão nenhum interesse em mim. Na verdade não lembro de nenhum casal que eu conheça que se conheceu em um show. Minto, eu mesmo conheci uma menina, mas isso não quer dizer que nos tornamos um casal.
Fim da tortura. Sobe um cara com um violão no palco e o clima intimista da banda anterior acaba felizmente. Tenho medo de caras sozinhos com violão. Convenhamos que Bob Dylan é só um. São sempre letras pseudo intelectualóides com uma música ritmada de um jeito bizarro e tudo que eu mais quero é melodia. O cara sozinho com um violão diz em uma música "maté a un polícia, se lo merecía". Rima horrível que me dá enjôo. Vou no balcão e peço otra quilmes. No final do show dele, outro idiota pede um bis. Tenho vontade de socar o indivíduo mas não consigo localizar de qual lugar do salão vem o pedido.
Finalmente toca o Hacia Dos Veranos e os 10 pesos gastos na entrada valem a pena.
Prefiro nem citar nada da última banda, Norma, para que esse texto acabe de um jeito positivo. Mais um sábado em Buenos Fucking Aires e ainda faltam dois dias para acabar o feriado, penso comigo. Até quando? Até quando?
segunda-feira, outubro 15, 2007
Crônica de um feriado falido
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4 comments:
coloquei o link la nos comments do meu blog... olha lá.
seria meio constrangedor por aqui hehehe.
bjoca.
aeee! gracias.
Olá! Sou jornalista e no ano que vem estou indo morar em ir em Buenos Aires...vc tem algumas dicas pra passar, sem que isso tome muito o seu tempo? Falo de preços, cotidiano, enfim, coisas que não dizem em matérias de turismo mal-feitas rs.
Meu e-mail é nene_torresan@yahoo.com
Obrigado, o Gracias, como quiera vos...
hahahahaha estes pedidos ai de cima sao tao complicados quanto um bis fora de hora né?
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