O homem médio é o sujeito mais solitário do mundo. Ele não é rico, nem pobre; nem jovem, nem velho; nem feio, nem bonito; nem militante gay, nem machão latino; não tem raça definida; não gosta de política; trabalha e paga impostos. Coitado desse homem.
Todo mundo tem uma ONG, um lobby, um sindicato, um clube, uma passeata, uma parada, uma comunidade, uma causa ou uma bandeira – só o homem médio não tem.
Ele dorme oito horas por noite; trabalha oito horas por dia; dedica-se à família e aos amigos no tempo que resta.
O pobre homem médio é chamado de playboy pela turma da periferia; é visto como zé-ninguém pela turma da corte; é classificado como medíocre pela turma da academia.
Não ganha bolsa-família, não ganha bolsa-banqueiro, trabalha cinco meses para o governo e os outros sete para pagar as contas. O homem médio não conta. Ele não tem amigos no Planalto nem gado em Alagoas.
O homem médio acredita em Deus, gosta da família, segue algumas tradições e, se sobrasse dinheiro no fim do mês, teria algumas propriedades. Mas o dinheiro não sobra; no máximo ele compra um Fiat Uno 1994 ou financia um apartamento pela Caixa.
O homem médio não pertence a nenhum partido; não abraça nenhuma ideologia; não defende nenhuma bagunça, não quer nenhuma revolução. É de paz, o homem médio. Não gosta de bandidos nem de políticos. O homem médio acha que o certo é certo. Mas sempre tem alguém para dizer que ele está errado. Afinal, quem ele pensa que é?
O homem médio não tem vez porque insiste em andar sozinho. Para a turma que manda, o sujeito só tem algum valor se pertencer a alguma coletividade. O mundo ficou adolescente!
Ligo a TV e vejo debates da mais absoluta insipidez: todos os debatedores pensam a mesma coisa – sempre algo diferente do que o homem médio pensa. Mas o homem médio tem um problema: fala pouco.
E dá-lhe ordem: não pode beber água; não pode tomar dois banhos; não pode andar de automóvel; não pode rezar; não pode contar piadas; não pode fumar; não pode beber; não pode comer gordura; não pode consumir; não pode falar mal do presidente; não pode falar mal do país; não pode se defender; não pode, não pode, não pode.
Triste estes tempos em que o homem médio é o inimigo número um.
Extraído do blog do Briguet, alguém que não conheço mas que deve ser uma pessoa bem sensata.
sábado, junho 30, 2007
Pobre Homem Médio
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5 comments:
O "homem médio" é uma ficção ou um ponto de vista.
uma lenda.
Pedro pedreiro esperando!
fiquei com medo sabe
eu tava lendo e pensando "caralho, ótima idéia essa do Túlio". apesar da decepção hahaaha, ótimo. o homem médio é uma ficção jurídica, meu caro. ;*
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