Existem muitas coisas que gosto nesse país, afinal se não fosse assim não moraria ainda aqui. Mas existem certas coisas que incomodam e que, certamente, no Brasil estão melhores desenvolvidas. Burocracia, educação com o consumidor, jornalismo e agora pude comprovar com as eleições.
Domingo passado tivemos o primeiro turno para a prefeitura de Buenos Aires. Pra quem está acostumado com as rígidas leis eleitorais no Brasil, aqui foi uma verdadeira zona. Basicamente não existe regulamentação para propagandas. Quem tiver mais dinheiro pode falar mais. Candidatos pequenos, coitados, não tinham nem direito aos nossos 15 segundos que eternizaram o Enéas. Não que no Brasil seja tão mais diferente a questão financeira na campanha, mas aqui a coisa é escancarada. Maurício Macri fazia propaganda até na FOX Sports, um canal que passa em toda América Latina. Ou seja, imagina um telespectador mexicano assistindo no intervalo de um jogo de futebol a propaganda de um dos candidatos para prefeito de Buenos Aires?
No metrô a coisa era a mesma, cartazes colados sem qualquer controle. Uma verdadeira bagunça. Além de estarem, na minha opinião, mais atrasados nas leis eleitorais, o marketing político era bem capenga. Nenhuma campanha, nenhum jingle, nenhuma musiquinha chata daquelas que te dão vontade de socar a parede. Slogans pobres e fracos, campanhas nem um pouco atraentes. Macri, que saiu vencedor no primeiro turno, tinha o “Estaria bueno Buenos Aires”. Filmus, apoiado por Kirchner, tinha a pior campanha dos grandes, nada que eu consiga lembrar. Já Telerman, o atual prefeito, tinha cartazes com a foto de seu rosto, mas só dos olhos para cima, com os dizeres “O único que tem a cidade na cabeça” perto da sua careca. Sinceramente, ridículo. Também não existem proibições de inaugurações de obras pelos candidatos. Ou seja, o atual prefeito inaugurava postos de saúde, escolas e tudo mais na última semana de campanha com a maior tranqüilidade. Ouvi falar que até inaugurou uma nova linha de metrô, que obviamente ainda não anda. Alguma semelhança com Lula e Requião com aquela fábrica no Paraná?
Nem vou citar o método de votação, que ainda é o clássico da urna.
Passados dois dias do primeiro turno, notícias de agressões verbais do presidente da república ao candidato direitista Macri. Pensei comigo se isso já aconteceu alguma vez em terras brasileñas. Posso estar equivocado, mas não me lembro de ataques de Lula aos seus candidatos oponentes. Alguém lembra do Lula xingar claramente José Serra nas eleições paulistanas de 2004? Ou meter o pau no curitibano Beto Richa?
Enfim, só se valoriza quando não se tem ou quando se está longe. Isso é um clássico clichê que apoio 100%.
3 comments:
Tuliote!
Pois é o fato mais curioso foi eu ir votar no domingo,foi algo que me fez pensar...
o que faz o curandeiro ser curandeiro, ele tem que acreditar e os outros tem que acreditar,para mim essa é a nossa democracia. Pois no Brasil acreditamos que a nossa eleicao hightech de araque funciona e aqui eles acham que a eleicao tipo ex-urss funciona.
Eu piquei papeizinhos que devem ter virado confete.
Bom vou tentar descrever o cenário:
Na frente da escola existem listas as rosas para mulheres e as azuis para homens aí procurei meu nome e achei a sala na qual votar.
segui pela ala das mulheres...
chegando na frente da sala 5 pessoas na mesa de entrada,cada um com uma lista de nomes de pessoas que votam nessa sala.
entreguei minha identidade a chefe de mesa carimba e assina, diz seu nome alto para os outros que te riscam na lista.
a Chefa me deu um envelope que estava com o selo da republica argentina e assinado por todos da mesa.
entao quando chega a minha vez entrei na sala e tinha nas mesas santinhos com os nomes dos candidatos a jefe de gobierno (prefeito) e de legislador(vereador) tinha que escolher e colocar dentro do envelope.
para anular o voto tinha que picar o papelzinho em mil pedacinhos e colocar no envelope.
sai e coloquei na urna.
Enfim foi uma experiencia única, como filmus(25%) e macri(45%) foram para segundo turno dia 24 de junho tem outra vez...
hahaha
Socorro que é a democracia??Acho que a pergunta deveria ser quem pois a democracia é acreditar entao quem acredita é que faz ela.
bombombom deixei minhas observaçoes de lado, esse fim de semana tem cidoca por aqui!!!espero que nos encontremos para los tragos! grande abrazo queridon.
nao sabia que vc era cidada argenta...
Excelente post! Eu que só convivo com argentinos às vezes me sinto um peixe fora d'água porque não dá pra criticá-los tanto. Você disse tudo o que queria dizer mas não tinha coragem. Principalmente porque outro dia no meu blog critiquei uma matéria de TN e um argentino partiu para a ofensa pessoal. Talvez tenha algo que ver com as discussões políticas, quando terminam os argumentos, eles partem para as críticas pessoais.
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