Na busca pelos contatos e emails de bandas suecas acabei me deparando com o Detektivbyrån, um trio instrumental de Gotemburgo.
Com um som bem inusitado e instrumentos raros, a banda traz uma proposta de um som freak doce, bizarremente meigo e lindamente nerd.
A apresentação no clássico festival Roskilde trouxe a banda para a cena independente européia e seus shows pela Europa estão cada vez mais frequentes. Agora, depois de lançaram um EP, eles preparam o novo CD, chamado e18, e planejam uma turnê pelos Estados Unidos.
O empresário teve a gentileza de me enviar dois EP's pelo correio, o que agradeço muito. No papo com Anders do Detektivbyrån, ele fala de música sueca e de como a musicalidade das crianças é incentivada no seu país, do som que fazem e de tudo que planejam para a frente.
1. Por que a música sueca é tão popular? Qual a explicação para isso?
Muitas crianças tem a grande oportunidade de explorar sua criatividade e musicalidade através das escolas de música que temos aqui mantidas pelo governo.
Durante o dia depois do colégio chato você pode ir para a escola de música e tocar qualquer instrumento que você queira. Ou cantar. Isso é muito popular, especialmente para música clássica, mas ainda mais para o pop, rock, jazz e coisas do tipo. Muitas das bandas independentes têm pelo menos um ou dois membros que freqüentaram as escolas de música. Mesmo se o vocalista é um poeta bêbado que mal toca a guitarra, talvez o baterista ou o cara do cello ou o guitarrista já foram para a escola de música em algum momento de suas vidas. Essa poderia ser uma razão para que a Suécia tenha essa reputação.
Eu mesmo tocava baixo nesse tipo de escola, por mais ou menos e certamente colaborou muito para minha vida atual como integrante do Detektivbyrån, mesmo que hoje seja uma coisa totalmente diferente musicalmente e espiritualmente.
Além disso temos esses invernos de bosta que nos forçam a ficar dentro de casa. E o que fazer além do que jogar cartar? Escrever uma ou duas canções.
2. A música que o mundo rotula como sueca é a mesma música escutada aí?
Olha, é difícil dizer já que não viajamos tanto pelo mundo. Na Alemanha e em outras partes da Europa, o ABBA ainda toca nos radios a toda hora e é claro que eles ainda são uma grande banda, mas você nunca vai escutá-los numa rádio sueca hoje em dia.
3. O som de vocês é muito único e singular. Como você definiria? Yan Tiersenn drogado em uma viagem pelo País de Gales?
Obrigado. Definimos como um pop instrumental, pling-plong ou acordeão e vibraphone sobre batidas estranhas. Estávamos bem sóbrios quando gravamos nosso cd, mesmo que isso pareça estranho é verdade.
4. O xilofone traz uma certa inocência a música de vocês. É intencional? Geralmente quais instrumentos vocês tocam?
Sempre estivemos em bandas guitarrentas antes. Nós três tocávamos bateria, baixo e guitarra. Mas aí um dia nos cansamos disso e compramos um acordeão e um glockenspiel (xilofone) e começamos a tocar nas ruas de Gotemburgo. Logo tocamos em clubes e festivais, coisa que nunca havia acontecido antes com nossas bandas guitarrentas. Adoramos o xilofone. Muitas vezes é melhor sussurrar do que gritar se você quer ser ouvido. O xilofone tem um som horrível quando você tenta tocar alto, então o resultado é que menos é mais.
Ninguém pode fugir do som dele. Poderia ser usado como instrumento de tortura se conhecessem seu poder. O segredo é tocar suavemente e amá-lo, isso se você quiser que ele ame você e seus amigos.
5. Por que a opção de não cantar?
Música instrumental fala mais do que mil palavras. Menos é mais. Eu falo demais o dia todo, então é bem relaxante calar a boca e tocar belos instrumentos junto com gente que gosto e que também não fala.
6. Onde vocês tem tocado? Como é a reação do público?
Tocamos nos maiores festivais suecos, em um grande festival dinamarquês chamado Roskilde, um festival de filmes em Riga/Letônia, em bares, ruas e clubes de Gotemburgo. Vamos logo logo para a Alemanha e nesse outono visitamos os Estados Unidos. Vai ser divertidíssimo já que nenhum de nós foi para lá antes.
Parece que nos entendem melhor ao vivo. Frequentemente recebemos uma ótima resposta em qualquer lugar que tocamos. Falamos durantes as músicas, às vezes até demais, e as pessoas gostam mesmo se isso é instrumental. Algo muito legal acontece quando você pega um instrumento pequeno em um palco para uma multidão de duas mil pessas, você não tem aquela pinta de frontmal cool e você não pede para as pessoas dançarem. Eles fazem isso de qualquer maneira já que somos gentis e tocamos um tipo de música que as pessoas não encontram em um palco a toda hora.
7. É muito interessante ver o making off da gravacao do disco no youtube. Quais instrumentos vocês tocam? Fale mais sobre esse cd, os nomes das músicas e as turnês.
Bom saber disso, obrigado. Nosso plano foi e sempre será tocar músicas com belas melodias e bonitos instrumentos, divertir-se num estúdio e fazer músicas que possamos tocar ao vivo.
Para esse cd compramos um vibrafone, que é tipo um xilofone gigante com pratos dentro que dão um som de vibrato único. Antes isso não era possível já que somente usávamos o xilofone, mas agora a família Pling-Plong está finalmente reunida e feliz. Usamos esse vibrafone em quase todas as músicas.
Também sampleamos músicas e as usamos no teclado. Já havíamos feito isso antes no EP Hemvägen, mas só em duas músicas. No novo cd, a caixinha de música é usada demais já que gostamos muito do som dela. Essa caixinha é o nosso menor som mas parece que é o que melhor atinge as pessoas. Você pode ouvir ele no começo da música E18 do EP.
Títulos :
Hemvägen = Caminho a casa
Nattöppet = Aberto à noite
Dansbanan = O Palácio da Música
Vänerhavet = Nome de grande lago da Suécia, um dos maiores da Europa. Crescemos numa cidadezinha perto desse lago e depois nos mudamos para Gotemburgo
8. Já ouviu falar de um festival chamado “Invasao sueca”?
Não, nunca ouvi falar mas parece ser muito legal. Adoraríamos ir aí e tocar.
9. Que tipo de musicas vocês ouvem? Gostam de algum musico brasileiro?
Pop, country, metal, eletrônica e valsa. Na verdade não escutamos nenhuma banda do Brasil, agora sinto um pouco de vergonha por isso.
Fiquei aí com um vídeo de uma apresentação deles ao vivo e o link pro myspace.
Um clássico!
segunda-feira, junho 09, 2008
Especial Música da Suécia: 4 - Entrevista com Detektivbyrån.
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10 comments:
eu tenho uma pergunta:
"como se pronuncia esse nome?"
boa pergunta...
Passando só para lhe dar os parabéns pelo blog... realmente interessante...
De um leitor mineiro.
me recuso a ouvir coisas que não consigo pronunciar o nome. ahahaha
aliás das suecas, bom mesmo sao as revistinhas. ehehe
bom ponto esse da pronuncia... hahah
hahaha...to baixando pra sacar qualé...suecas realmente são foda. hehe
eu conheci umas suecas ano passado, e elas confirmaram a lenda do suvaco peludo. fora isso são uma graça.
1.as suecas do meu trabalho são meio bocós.
2.agora sim uma indicação boa! gostei dessa banda impronunciavel!!!
Detektivbyrån = Bureau de Detetives.
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