terça-feira, setembro 23, 2008

Cinema brasileiro em Buenos Aires

Como postei faz alguns dias, estava rolando um Festival de Cinema Brasileiro lá no Abasto.

Mesmo apoiado pela Embaixada do Brasil, o festival teve uma péssima divulgação. Ninguém ficou sabendo dele e as sessões estavam mais vazias que a minha geladeira em fim de mês..

Parece que nossa brasilidade aumenta quando estamos fora do Brasil. Isso não significa que saío sambando de sunga na rua, mas sim que valorizo muito mais certas qualidades do Brasil que antes passavam despercebidas. Vai entender!

Além de "Meu nome não é Johnny", do que já falei antes, vi os seguintes filmes:

1. Sem controle.

É estranho ver o Eduardo Moscovis em um filme, mas o cara atua bem. Para contar a história do Motta Coqueiro, o último brasileiro morto pela pena de morte na época do império, o filme mostra um diretor de teatro transtornado após o fracasso de sua última obra.

O recurso lembra um pouco o filme "Adaptação" do roteirista Charlie Kaufman. Nele, para falar da história de um caçador de orquídeas selvagens, mostram as dificuldades do cara que está adaptando essa história para um filme.

Funciona muito bem em Adaptação, mas em Sem Controle fica uma coisa estranha. O filme praticamente muda de gênero do meio pro fim e que assiste não está preparado para isso. De repente uma história normal se transforma num conto de terror. Ainda não cheguei a conclusão se gostei ou não. Mesmo assim vale a pena por sair do lugar-comum de filmes históricos.

2. Noel, o poeta da vila.

Biografia mais do que merecida do Noel Rosa. Interessante, mas um pouco arrastado. Talvez um gringo que nunca ouviu falar de Noel Rosa antes tenha dificuldade de entender certas coisas.

Participação escondida do Otto e de um surreal Supla com cabelo preto normal e engomadinho, no papel do Mário Lago.

3. Cidade dos homens

Filme que mais ou menos encerra a série que passava na Globo, com os carismáticos Laranjinha e Acerola.

Cidade dos Homens é uma bela resposta para esses tempos onde todo mundo reclama que filme nacional só tem favela e Rio de Janeiro (preparem-se porque ainda vem aí outro filme sobre o ônibus 174, episódio um tanto quanto superestimado da nossa história mas beleza).

Uma história original, bem fechadinha, que casa muito bem os dramas pessoais dos dois protagonistas com a situação do morro onde eles moram. De longe o melhor filme dos quatro que vi no festival.

Concluindo:

Para quem fala mal do cinema nacional, dê uma olhada nos outros países. Ainda acho que estamos dando um banho de originalidade com ótimas histórias com filmes como "Tropa de Elite", "O ano que meus pais saíram de férias", "Saneamento Básico", "O Cheiro do Ralo", "Cidade dos Homens". Sim, defeitos existem e muitos, mas calma lá.

Aos poucos vamos melhorando! Estou fazendo a minha parte estudando roteiro!

6 comments:

hellenG disse...

pô, sai dançando de sunga.
:)

Túlio disse...

a minha ficou no Brasil!

Lívia disse...

Os argentinos também tiveram que agüentar a péssima tradução. Especialmente no filme do Noel.

Acho que o que eu mais gostei foi o "Noel". Mas a melhor produção, roteiro etc, na minha ignorância cinematográfica, achei "Cidade dos Homens".

O legal é que o festival foi diversificado, com vários temas. Mostrando que também tem vida no cinema brasileiro além da favela.

Bjs

Túlio disse...

Ignorância cinematográfica que nada!!! Ignorante é quem fez as legendas pra espanhol que traduziu "ZONA" das putas como "BARRIO CHINO".! hahah

Lívia disse...

Hahaha! Verdade! Esse foi o pior dos (muitos) erros!

sheila brito disse...

sim, quando estamos fora a brasilidade grita mesmo! assisti o ano que meus pais saíram de férias em um cinma de istambul, com intervalo e tudo o mais (sim, os cinemas lá têm intervalo...) e naquele momento pra mim nao poderia haver filme melhor...
sheila

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