sexta-feira, outubro 31, 2008

Street Fighter: The later years

Que fim levou Zangief? Por onde andará Blanka? E o espanhol Vega?

Uma mente insana resolveu buscar essas respostas. A genialidade se chama "Street Fighter: The Later years", uma série do site College Humor que pode ser vista no youtube.

Tudo começa com dois caras jogando fliperama descobrindo que Zangief é o faxineiro deprimido do lugar. Ele é demitido e acaba pegando o táxi que Dhalsim dirige. Daí acabam indo atrás do Bison para que sejam treinados pelo mestre para um próximo torneio. Porém Bison só fará isso se eles procurarem os outros Street Fighters para o torneio.

Ryu é um vendedor de Haddukens pela TV, Vega é um ator fracassado que briga com a mulher que lavou sua garra na lava-louça, Guile está gordo e neurótico, Chun Li é uma chinesa nervosa, Blanka trabalha numa empresa de eletricidade. Já Ken está meio viado e o Balrog até hoje nunca aprendeu a chutar.

Mesmo sendo uma produção para a internet, a série tem vários efeitos especiais honestos que aparecem principalmente na hora em que cada personagem dá seu golpe.

O site Poltrona diz que a "Street Fighter: The later years" foi tão bem sucedida online que vai originar uma série de TV: Street Fighter Reunion.

Numa entrevista ao Blog Street Fighter Devotion, Mike Fass, que é criador, produtor e o ator que interpreta o Zangief explica melhor a notícia.

Aqui o primeiro, dos 8 capítulos da série que foi feita em 2006, onde Zangief encontra Dhalsim.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Black Cab Sessions

Um táxi preto em movimento em Londres e um artista de nome tocando. É disso que se trata o Black Cab Sessions.

Nos mesmo moldes dos franceses do Blogoteque, os shows do Black Cab Sessions são muito intimistas e pessoais, deixando que músicos como Badly Drawn Boy, Death Cab for Cutie, The Kooks, Raveonettes, The National e até mesmo o Brian Wilson, acabem construindo uma versão mais do que exclusiva para as músicas do projeto.

Dá vontade de pedir emprestado o Laranja da Heleninha e viajar pra Curitiba para fazer as "Sessões do Fusca Laranja". Quem topa?

Aqui o vídeo para a Black Cab Session do The National e do Jens Lekman, que curiosamente toca uma música chamada Black Cab:





Aqui o link para o site do projeto:
http://www.blackcabsessions.com

quarta-feira, outubro 29, 2008

Dia Nacional do Livro

Hoje é o Dia Nacional do Livro e esses são uns dos dois primeiros livros que li na vida.

1. Meu pé de laranja lima
Um clássico infantil. Mesmo publicado em 1968 continua sendo um campeão de adaptações para cinema e tv. Ouvi dizer que até adaptaram para quadrinhos na Coréia.
2. Bulunga - O rei azul
Um clássico do Pedro Bloch. Um rei que é gato e azul, macacos usam óculos. Uma viagem psicodélica infantil que acaba ensinando muito sobre preconceito.

terça-feira, outubro 28, 2008

Argentina nunca foi tão argentina


Confirmado. Diego Maradona como técnico da seleção argentina e como auxiliar o Carlos Bilardo.

Preparem-se para a volta do estilo Bronson de futebol. Bilardo, técnico campeão mundial em 86 e vice em 90, é ferrenho adepto de subterfúgios sujos e ilícitos.

Ele ficou famoso pela famosa água batizada que foi presenteada ao lateral-esquerdo brasileiro Branco, naquele fatídico jogo da Copa de 90.

Atualmente ele é comentarista da Fox Sports e secretário de esportes da província. Em suas transmissões, sempre comenta causos de suas artimanhas como areia no bolso, alfinetes e um grande arsenal.

Pra falar a verdade eu sou a favor do Maradona. Era agora ou nunca. Melhor o cara ir e fazer cagada do que ficarem imaginando "e se o Maradona fosse o técnico?".

Veremos o que o futuro reserva para a albiceleste já que o dos adversários é bem claro: muitas canelas doloridas.

Enquanto isso no Natgeo.

Três divertidas promos e um talento de atuação único.





segunda-feira, outubro 27, 2008

Rápido e rasteiro

Little Joy

Gostei bastante do resultado da mistura de Rodrigo Amarante, Los Hermanos, com o Fabrizio Moretti dos Strokes. O cd do Little Joy é preguiçoso e despretensioso, coisa que faltou para o Marcelo Camelo, que sonha em ser o novo Dorival Caymmi.

Skank

Bem que tentei gostar do Estandarte, novo cd do Skank, mas foram poucas as músicas que me conquistaram. "Sutilmente", por exemplo, é Nando Reis demais pra mim. Ouvirei mais vezes só para não falarem que sou intolerante.

Rachel Yamagata

Não tem como não gostar. O cd "Elephants...Teeth Sinking Into Heart" começa matador e continua assim até o fim. A mulher é foda mesmo. Tem menos hits que o anterior, mas é questão de ouvir. Sabe como é, amor leva tempo.

Subtropicália

O jornalista/blogueiro/produtor/apresentador/piqueteiro curitibano Guga Azevedo criou o Subtropicália, uma ótima iniciativa de um blog sobre a tropicalidade de Curitiba. Fui convidado para inaugurar a seção "3 coisas" de lá. Confira!

domingo, outubro 26, 2008

Curitiba no La Nación

O jornal La Nación desse domingo saiu com quatro matérias em um especial sobre transporte público. Duas delas eram sobre Curitiba.

Uma mostrava a cidade como ícone do transporte público, dando uma geral sobre o sistema de ônibus, e outra entrevista o Jaimer Lerner.

Não é a primeira vez que o ex-prefeito e ex-governador aparece por aqui. Faz menos de um mês ele visitou a cidade para falar de planejamento urbano em uma e foi entrevistado por vários jornais e apareceu numa extensa entrevista no canal de cabo À ,que é totalmente focado em cultura da capital argentina.

Não sei se é parte de uma publicidade do governo curitibano ou foi simples maravilhamento da repórter, mas as matérias do La Nación ainda insistem no mito da cidade dos sonhos. O sistema de transporte de Curitiba, que hoje já mostra vários problemas e debilidades, é vendido como um modelo de total sucesso. Até mesmo os usuários de ônibus entrevistados são pouco críveis. Um cara que tem carro mas prefere usar o ônibus na cidade é tão surreal como a outra mulher que fala "Aqui não se chega tarde a nenhum lado".

É a lenda da cidade modelo, agora na versão "Mercosur".

Leia as matérias:

1. Curitiba, un ícono del transporte público

2. "Debemos rediseñar las ciudades"

quinta-feira, outubro 23, 2008

O dia em que conheci Cristina.

Não é todo dia que você aperta a mão de um presidente e pergunta "Hola, como estás?".


A mesma mulher que eu critico tanto no blog estava ali na minha frente, no lugar onde trabalho, com um vestido rosa-shock e cumprimentando com mão firme todos os funcionários do departamento de criação. Depois foi rumo a uma ilha de edição, onde assistiu um reel com a música do Postal Service escolhida por mim.

O André mesmo comentou: "Cara, fizemos a Cristina Kirchner ouvir indie".

Engraçado notar que os mesmos empregados que pagam uma pinta de moderninhos e descolados estavam com a mesma cara de babaca impressionado que qualquer velha de periferia que ganha uma dentadura de político teria. Por culpa disso o acontecimento levou os níveis de produtividade do dia a quase zero.

Antes dela chegou uma espécie de carro rastreador de bomba, depois um cachorro cheirador de alguma coisa, os guarda-costas, a gangue de jornalistas e o repórter queridinho dela do CQC. Um verdadeiro circo.

No final, em um discurso oficial entre Jack Bauer e Michael Scofield, ela elogiou a iniciativa da empresa de apostar no talento criativo argentino e logo em seguida foi embora de volta para o seu mundo de crises.

Apenas mais uma mão a ser apertada no protocolo para Cristina e uma história que certamente contarei para os netos: o dia que conheci Cristina.

Mais no jornal Crítica.

E aqui uma foto tirada pela minha amiga do trabalho Ana Laya, que fez um post sobre a visita que merece ser lido. A presidenta está do lado da minha mesa. Eu não apareço, mas a cabeça do meu boneco do Seu Madruga sim! No fundo está a estante com os Promax ganhos, que são os Oscars mundiais das promos de tv.


quarta-feira, outubro 22, 2008

Liniers no Brasil


Finalmente os livros do Liniers vão ser lançados no Brasil!

Macanudo, sua tirinha diária inocente e agridoce do La Nacion, já deu origem a 5 livros da série aqui na Argentina. É um tipo de humor com pitadas filosóficas, sempre doce e cândido, que consegue agradar de forma quase unânime. Entre seus vários personagens, meus preferidos são o cara que traduz o nome dos filmes, a inocente Enriqueta, o gato Fellini e os vários pinguins.

Em 2006 vi o talento dele em vivo durante um show do Kevin Johansen no Planetário de Palermo. Enquanto as músicas rolavam, Liniers fazia desenhos e histórias de acordo com a letra de cada canção e todo o público acompanhava isso ao vivo num telão. Foi ótimo!

Ultimamente ele anda cada vez mais pop. Primeiro desenhou a capa do cd "Logo" do Kevin Johansen, de quem é amigo pessoal, e depois a do cd "La Lengua Popular" do rockstar Andrés Calamaro.

Além disso ele já lançou o livro Bonjour, um pouco mais ácido e anterior ao Macanudo, e o recente Conejo de Viaje, que mostra as aventuras reais do escritor. Desenhado como um coelho no livro, o cartunista viaja pela Antártida, Europa e até mesmo no Brasil, onde ele teve um fim de semana de chuva em Ubatuba.

Mesmo com a concorrência de alfajores e vinhos, talvez o Macanudo seja o produto argentino que mais fiz propaganda e mais levei de presente pro Brasil. Quando cheguei aqui, há quase 3 anos, seus livros Macanudo podiam ser comprados por módicos 17 pesos.

Brasileiros, fiquem ligados nas livrarias! Vale muito a pena!

Para ver as tirinhas diárias dele existe um blog alimentado por uma alma caridosa que posta diariamente. Autoliniers

* Informação tirada do blog Tangos e Tragédias.

terça-feira, outubro 21, 2008

Maradona na Seleção?

Com a demissão de Basile do comando da "albiceleste", Maradona já pôs suas asinhas de fora dizendo que está louco para dirigir o selecionado argentino.

Os favoritos para assumir o posto são Russo, atual técnico do San Lorenzo, líder do campeonato, Maradona e Carlos Bianchi.

As opiniões estão divididas sobre Maradona. Mesmo que muitos digam que ele não tem nenhuma experiência como técnico, seu papel de motivador do elenco é destacado sempre. Outros dizem que agora é a chance dele assumir: it's now or never. Pedem para que dêem a chance para "El diez", assim ele para de encher o saco. Deixa o cara ir, fazer as cagadas e sair. Pelo menos não ficariam imaginando "E se Maradona um dia fosse o treinador?".

Uma coisa eu digo. Se eles contratarem o Carlos Bianchi, vulgo Professor Aéreo, as chances da Argentina ganhar a Copa 2010, a África do Sul é logo ali, aumentam bastante.

Medo de CK!

O governo argentino anunciou um projeto que colocará fim às AFJP privadas. (Administradoras de Fondos de Jubilaciones y Pensiones). Basicamente é o fim da aposentadoria privada na Argentina.

Aqui você escolhe se quer contribuir para o governo ou para um fundo privado. É um sistema criado em 1994, no auges das privatizações do governo Menem. O objetivo da privatização na época era exatamente separar esse dinheiro e evitar que o governo o use para outro fim.

Com o projeto atual, todo o dinheiro da aposentadoria voltaria ao governo com a desculpa de proteger os trabalhadores ativos e os aposentados da crise. Mas muitos indicam que isso seria um confisco maior daquele traumático 2002. Cheirinho de crise e panelaço no ar.

É por essas e outras que vejo que meus dias nesse país estão contados.

Oremos!

segunda-feira, outubro 20, 2008

Enfumaçado de amor.

Apaixonou-se. Mas como não era fumante ela foi conquistada por outro durante as inúmeras pausas para o cigarro no escritório.

Fez os cálculos. Eram 4 pausas por dia. A cada mês eram 80 chances a menos de poder seduzir a musa.

No fim ela se casou com o fumante. Dez anos depois ficou viúva. O marido morreu de câncer e foi cremado.

E o amor dele ressurgiu das cinzas.

sábado, outubro 18, 2008

El camino de San Diego

Esse filme de 2006 que demorei pra ver é tudo aquilo que falta no cinema argentino e até mesmo no brasileiro: histórias simples com personagens carismáticos e do povo. Sempre achei que para retratar as pessoas de um país não precisamos ter sempre sexo, favela, bandidos, sangue e uma análise antropológica. "El Camino de San Diego" prova isso perfeitamente.

Tito Benitez é um fanático por Maradona, possui várias tatuagens dele no corpo, inclusive o número 10 nas costas. Um belo día, ele encontra um tronco de madeira que parece a cara do seu ídolo máximo do futebol.

Era 2004, bem na época que Maradona ficou muito doente, sendo até internado na UTI. Isso causou uma verdadeira comoção nacional, com várias pessoas fazendo vigília na porta do hospital. Movido por isso Tito sai de Missiones, a província onde mora, e faz uma viagem até Buenos Aires para entregar a estátua de madeira para "El diez".

O diretor do filme é Carlos Sorin, o mesmo de "Historias minimas" e "El perro". Seus filmes são conhecidos por serem extramamente humanos e contarem sempre com a participação de pessoas do povo mesmo como atores. O próprio protagonista, que se mostra muito bem no papel de uma pessoa humilde e sonhadora, era da região de Missiones. No seu trajeto até Buenos Aires ele conhece uma série de outras pessoas que o ajudam nesse sonho, formando uma fauna incrível de personagens. Tem até um caminhoneiro brasileiro que dá uma carona para o Tito.

"El camino de San Diego" seria algo como um "Central do Brasil" argentino. Um road-movie de pessoas humildes, que consegue retratar lindamente a vida dos personagens anônimos. Tudo isso sem apelações e ao mesmo tempo sem se alienar dos problemas de um país.

Fiquem aí com o trailer:

sexta-feira, outubro 17, 2008

Desenhos animados em espanhol

Eu vivo reclamando da tradução do título de filmes pro português, que muitas vezes chega a ser ridículo, mas o cara que traduzia o nome dos desenhos animados dos anos 80 e 90 pro espanhol também era muito inspirado.

Chegava a mudar completamente os nomes. Veja aqui alguns títulos

Dênis, o pimentinha
Em inglês: Dennis, the Menace
Em espanhol: Daniel, el travieso

Os Smurfs
Em inglês: The Smurfs
Em espanhol: Los pitufos

Smurfete
Em inglês: Smurfette
Em espanhol: Pitufina

O pica-pau
Em inglês: Woody Woodpecker
Em espanhol: El pájaro loco

Moranguinho
Em inglês: Strawberry Shortcake
Em espanhol: Rosita Fresita, Frutillita ou Tarta de Fresa, dependendo do país.

Speed Racer
Em inglês: Speed Racer
Em espanhol: Meteoro

Batman
Em inglês: Batman
Em espanhol: Batman. O detalhe é que Bruce Wayne em espanhol se chama Bruno Diaz.

A Turma
Em inglês: The Get along gang
Em espanhol: La Pandilla Feliz

Riquinho
Em inglês: Richie Rich
Em espanhol: Ricky Ricón, el pobre niño rico

Capitão Caverna
Em inglês: Captain Caveman
Em espanhol: Capitán Cavernícola

Flintstones
Em inglês: Flintstones
Em espanhol: Los Picapiedras

Jetsons
Em inglês: Jetsons
Em espanhol: Los supersónicos

A corrida maluca
Em inglês: Wacky Races
Em espanhol: Los autos locos

Ducktales
Em inglês: Ducktales
Em espanhol: Patoaventuras

Tio Patinhas
Em inglês: Uncle Scrooge
Em espanhol: Rico McPato ou Tío Rico, dependendo do país.

Huguinho, Zezinho e Luisinho
Em inglês: Huey, Dewey and Louie
Em espanhol: Hugo, Paco y Luis ou Huguito, Dieguito y Luisito ou Juanito, Jaimito y Jorgito, dependendo do país.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Video Music Awards Latino

O Video Music Awards Latino é uma verdadeira celebração da falta de identidade. Na tentativa de agradarem todos os "latinos", desde Tihuana até a Patagônia, eles fazem um freak show que acaba por não agradar ninguém que fala espanhol.

Uma enxurrada de artistas mexicanos, argentinos, colombianos e caribenhos que de comum só tem a língua que falam. A latinidade é ridícula, ainda mais essas do rock. Os caras querem pagar de mallandros e rockstar mas não conseguem renunciar ao sangue "caliente". Simplesmente não combina.

Isso sem contar a maioria de atrações e convidados estrangeiros, que concorrem e apresentam os mesmos prêmios. Só para ter uma idéia, a melhor banda de rock eleita foi o Tokio Hotel, que é da Alemanha. O prêmio tá mais pra VMA do terceiro mundo do que VMA Latino, tamanho é a presença de celebridades decadentes e bandecas de segunda categoria. Uma das apresentadoras era a Kim Kardashian, sub celebridade americana que ganhou alguma fama por uma sex-tape.

Pela segunda vez chamaram um comediante que foi totalmente sem graça. Dessa vez foi um colombiano que só tem fama dentro dos limites do seu país e não conseguiu agradar. Ano passado foi o Pettinato, estrela da tv argentina, que apresenta o ótimo Duro de Domar aqui. O cara saiu da argentinidade dele e foi tentar fazer piada pro resto do mundo latino e conseguiu um grande fiasco na sua brilhante carreira. Ninguém ria e foi de dar vergonha alheia.

Sempre desconfiei da palavra "eclético" e ela cabe como uma luva para essa premiação tosca. Uma verdadeira salsa do criolo doido que tenta celebrar uma latinidade unida que só existe lá pelos lados de um bairro cubano de Miami.

A realidade mesmo é bem diferente. Como já falou a ótima banda uruguaia El Cuarteto de Nos na música "No somos latinos":

En Colombia me decían gringo,
o alemán en Santo Domingo

Ni en Honduras, Panamá y Venezuela

el Uruguay ni saben donde queda.


Prefiero hablar con un filósofo sueco

Que con un indio guatemalteco,

y tengo más en común con un rumano

que con un cholo boliviano.

Nessas horas eu até me orgulho de ser brasileiro. Pelo menos fabricamos e consuminos o nosso próprio lixo cultural.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Palhaçada no ônibus.

Este post não é nenhum protesto contra os ônibus dos anos 50 que ainda andam por Buenos Aires servindo a população.

Religiosamente tomo o ônibus 168 para vir ao trabalho todos os dias. É um trajeto rápido de no máximo 20 min.

Vez ou outra entram dois palhaços no ônibus. Hoje foi a quarta vez que vejo eles subirem no 168 no início da manhã para fazer graça para os passageiros e pedir uma grana.

É uma das cenas mais deprimentes que vi. E cada vez que vejo fica ainda mais deprimente porque as piadas são as mesmas e quase ninguém ri. Eles falam junto suas piadas, numa espécie de jogral, tentam tirar sarro dos passageiros indiferentes mas não conseguem arrancar risadas.

A maquiagem horrível e suas roupas mal cuidadas denunciam que a palhaçada não anda rendendo muitos dividendos. São poucos os que colaboram com umas moedinhas.

Em pleno início do dia e com o ônibus muitas vezes cheio, essa dupla de cômicos é mais inconveniente que qualquer coisa. Somado ao péssimo humor dos habitantes da cidade, que coloca qualquer curitibano no chinelo, era nítido que não ia da certo.

Às vezes a dó que sinto por eles ganha do incômodo pela falta de noção, mas aí lembro da falta de moedas da cidade. Não vale a pena ficar dando 10 centavinhos por aí.

Só espero um dia não encontrar uma mulher-barbada no ônibus.

terça-feira, outubro 14, 2008

Especial Rock de Curitiba: 3 - Poléxia.

Continuando com as entrevistas com as bandas da ex-capital social Curitiba, chega a vez do Poléxia. Sempre fui entusiasta da música, letras e arranjos desse grupo que sabe como poucos dosar o alternativo com o pop. "Eu te amo, porra", "Aos garotos de aluguel" e "Melhor assim" são verdadeiros clássicos do DDD 041.

O segundo disco de estúdio, que está prestes a ser lançado, teve a produção de algumas músicas feitas pelo John do Pato Fu. Além do mais gravaram o clip de "Você já teve mais cabelo" onde toda a banda participou raspando a cabeça.

Tive a sorte de por algumas vezes fazer parte de uma dupla didois com o vocalista Rodrigo Lemos. Tocávamos versões acústicas de clássicos da indiarada no Korova, onde eu nunca conseguia fazer os solos direito. A minha versão preferida era "In the garage" do Weezer em que meu belo solo de flauta doce era essencial. Numa conversa com o Lemos ele fala da banda, de Curitiba, do John... Enjoy!

1. Vcs estao prestes a lançar o segundo disco. Quais as diferenças musicais, conceituais e artisticas entre esse e o primeiro? Segue 100% na raça ou houve ajuda de algum selo?

O disco se chama "A FORÇA DO HÁBITO" e sairá pelo selo Nico Records, de Curitiba. Apesar dessa força com gravação e distribuição, todo o resto segue providenciado pela própria banda e "na raça". Aliás, haja raça; levando-se em conta as mudanças de formação que ocorreram nos últimos três anos e que nos possibilitaram o surgimento de uma "nova Poléxia". Sobre conceito e sonoridade; acho mais importante recomendar a audição das faixas. Dá pra adiantar que as canções falam sobre como é delicioso e ao mesmo tempo angustiante conviver com nossas manias, vícios e costumes... Deveríamos chamar o álbum de "Desejo de Mudança", isso sim.

2. Como foi a experiência de ter o John do Pato Fu como produtor de algumas faixas? Como o cara contribuiu exatamente?

O John é uma figura sensacional; muito carismática. Tivemos apenas três dias para gravar com ele, então tornou-se providencial estabelecermos dinâmica e objetividade no estúdio. Foi um aprendizado destrinchar fragmentos da nossa música para depois colar os caquinhos - um pensamento bem parecido com o da música eletrônica de pulso. Quem ouvir "Você já teve mais cabelo" vai perceber, logo nos primeiros segundos, que a produção do John extraiu todo o sarcasmo e irreverência que procurávamos por tanto tempo (a canção já vinha sendo apresentada em shows, porém com outro formato).

3. Mudou algo do que vc esperavam para o primeiro cd e agora para o segundo? A banda perdeu a ingenuidade em certo ponto?

A gente foi perdendo muita coisa no meio do caminho hehehe. Mas a moral da história é justamente essa: perder. É essencial perder algumas perspectivas, pontos de vista, oportunidades; para que o novo venha. E o novo sempre vem, já dizia Belchior.
Hoje, só esperamos que da música venha mais música - que essa atividade gere uma espécie de reciclagem nas nossas vidas e, eventualmente, nas vidas que nos cercam. É o que realmente importa.

4. Entre o primeiro e o segundo cd houve mudanças na formação da Poléxia, Como isso refletiu no som da banda?

O Neto (bateria) é um gentleman e toca como tal: hora firme, hora delicado e sempre preciso. O Francis (baixo, guitarra e voz) já era nosso amigo há anos e aceitou o convite sem titubear... Ele é um músico completo, com uma sensibilidade nipônica, de fato.
Só quando esta formação se consolidou que percebemos como é bom deixar essas mudanças naturais interagirem com a maneira como a música soa, e com a nossa forma de pensar... Chato seria se resolvêssemos que as músicas que fizemos em 2004 precisam soar exatamente como em 2004, com aquela outra formação.

5. Acham que aumentou o público, melhorou a recepção dos curitibanos e os lugares para shows? Mudou alguma coisa daquela velha choradeira de que Curitiba não tem público que consome rock local?

Preguiça imensa desse papo todo, né? Acho que hoje o consumo de música - inclusive independente - está em todo lugar e onde menos se espera. Sobre espaços para se apresentar, tivemos a oportunidade de ver que muitas cidades sofrem com o mesmo problema: falta de investimento e estrutura para esse segmento de menor porte da indústria da música.
Em contrapartida, muita gente continua fazendo arte; outros vão surgindo e fazendo também. E, contanto que os artistas não comecem a se deprimir porque "o público local não dá prestígio... blá blá...", o mundo continuará a girar.

6. E a mídia curitibana? TV, jornal e rádio colaboram de alguma maneira para que a banda seja conhecida na cidade? O que mais ajuda?

Não temos e nunca tivemos do que reclamar. A imprensa é prestadora de serviço, assim como a classe artística se propõe a ser. Se já ganhamos destaque em veículos locais deve ter sido apenas por merecimento; assim como inúmeros artistas locais e de todo o Paraná figuram nos cadernos de cultura por merecimento e por estarem fazendo algo.
O disco novo traz uma canção chamada "O Inimigo", que brinca com esse jogo de nervos da mídia para cima do cidadão comum. Fica aí o convite à audição.

7. Existe algo de comum entre as bandas independentes da cidade além do sotaque e do cep?

Não. Inclusive, discordo quanto ao "sotaque". Até nisso os grupos diferem. Dá para contar nos dedos da mão do presidente Lula o número de bandas que se parecem entre si em Curitiba.
Esse é o paraíso e inferno da cidade.

8. Como foi a gravacao do clip de vc ja teve mais cabelo? Fale um pouco disso, qual a historia do clip e quem teve a idéia de todo mundo rapaz a cabeça.

A cabeça raspada representa um recomeço. É um rompimento - por que não?
Acho que tive a idéia após pensar que a banda deveria reaparecer como nunca foi vista.
E, por incrível que pareça, nem foi tão complicado persuadir os outros integrantes; ainda mais quando contamos com uma equipe tão boa como a da Cine TV (escola de cinema de Curitiba), todos sob a direção do João Marcelo Gomes. O videoclipe é super trash e descontraído; mostra os integrantes (em trajes nada típicos) sendo raptados e tendo seus cabelos cortados... Está em fase de edição e logo vai para o You Tube.

9. Planos para 2008 e 2009?

Neste momento, o Iuri Freiberger (produtor, músico da banda gaúcha Tom Bloch) está realizando mixagem e masterização para "A FORÇA DO HÁBITO" em seu estúdio no Rio de Janeiro. Até o fim do ano já temos previsto: o retorno aos palcos, o lançamento virtual deste álbum, bem como o trabalho de divulgação nas principais capitais do país. Para 2009, a intenção é dar continuidade cavando vaga nos principais festivais e mostrar esse repertório para o maior número de pessoas interessadas.

Myspace - http://www.myspace.com/thepolexia

Verdade verdadeira.

Interessante perceber quantas pessoas escuto proclamarem a todos os cantos que só falam a verdade e que dizem tudo na cara das pessoas. Duvido muito.

Ninguém pensa no preço que a verdade custa. O esforço tremendo que é chegar para um amigo ou conhecido e dizer "Cara, o que tu fez foi uma merda" ou até mesmo "Meu caro, você não percebeu que sua namorada é uma tremenda baranga?".

É muito difícil, convenhamos. Por isso em certos momentos é melhor calar.

Às vezes a verdade é muito pouco e certas pessoas merecem muito mais do isso.

segunda-feira, outubro 13, 2008

La próxima estación

Um documentário sobre o colapso do sistema ferroviário argentino pode ser muito bem feito e interessante.

Ao contrário do Brasil, durante uma época a Argentina teve as ferrovias como principal meio de transporte, mantendo ainda hoje uma extensa malha ferroviária. Com o fim disso, muitos vagões e máquinas foram abandonados e pequenos vilarejos extintos, originando um êxodo de milhares de pessoas para a capital.

O único problema do filme é uma certa ingenuidade ou romantismo que não atribui nem fala nada sobre a economia mundial que pode ter forçado tal coisa. Enquanto o documentarista Pino Solanas demoniza os governos da ditadura e principalmente os democráticos mais recentes, nada é falado sobre a própria modernização dos meios de transporte do mundo.

Sempre me falaram que a população odeia o Menem, que no filme aparece como um dos principais culpados do sistema atual. Foi em seu governo que houve uma enorme privatização, incluindo a dos trens. Durante a exibição do filme aconteceu uma coisa um tanto quanto bizarra. Enquanto sua imagem aparecia na tela do cinema, a galera na sala chegou a xingar e falar umas porcarias, num ato pra mim até inédito. Seria engraçado se não fosse trágico.

domingo, outubro 12, 2008

REC X Quarantine

É estranho essa coisa de pagar para se sentir mal. Com esse filme espanhol REC acontece exatamente isso. Terror dos bons e em um formato, que por mais que digam que é meio manjado, encaixa perfeitamente para passar o clima de tensão e angústia da história.

Ouvi tanta gente falar bem que tiver que conferir. Como o filme estreiou faz mais de um mês e não é dos mais populares, a única sala de exibição era no centro, na popular Calle Lavalle. Som ruim, cinema velho e poltronas sem lugar para a coca-cola, o que, convenhamos, é essencial.

Na história, uma repórter e um câmera que vão passar a noite para registrar o trabalho de uns bombeiros. O que se vê na tela é o que o câmera filmou. Os bombeiros são chamados para ver um incidente em um prédio e todos acabam trancados pelo governo por uma suspeita de contaminação. Medo e dos brabos, meus caros. Suei frio.

O interessante é que já existe uma remake americano, chamado Quarantine, que estreiou esse fim de semana nos EUA como líder de bilheteria. A repórter é a lindíssima Jennifer Carpenter, a irmãzinha do Dexter. Vi o trailer e parece ser igual mesmo, com todos os mesmo detalhes. Mal posso esperar para pagar para sofrer de novo, mas dessa vez um sofrimento com a Jennifer.

Veja aí e compare os trailers.

REC, da Espanha.



Quarantine, dos EUA

sábado, outubro 11, 2008

Racing like a pro.

Podem me chamar de viciado mas o fato é que fui mais uma vez ao hipódromo de Palermo.

Tudo porque fiquei puto por não ter ido ao jogo da Argentina e Uruguai. No fim não consegui a entrada e não estava muito disposto a acordar 6 da manhã para enfrentar uma fila com a "massa".

Fui disposto a gastar o dinheiro que estava guardado para o jogo e acabei tendo um desempenho memorável nas apostas. Ganhei em todos os cinco páreos que apostei. Mas isso não significa que saí cheio de dinheiro lá. Minha estratégia inicial de sempre apostar em três cavalos resultou ser efetiva em resultados mas não em lucros. Apostar em três dava simplesmente para recuperar o dinheiro da aposta que eu perdi nos outros. Ou seja, só se um azarão ganhasse eu realmente lucrava.

Depois de dois páreos com resultados medianos decidi pedir umas dicas para o pessoal da velha guarda. Pena eu não ter levado uma máquina para registrar o momento com os velhinhos lendários do hipódromo. Um deles, o Sr. Hernán, falou que minhas conclusões tiradas da revistinha estavam mais que acertadas, mas apostar em três cavalos é demais. No máximo dois porque afinal isso aqui é um jogo, dizia ele. A manha é apostar pra valer em um dos favoritos e deixar uns pila pra outro cavalo mediano, que pode surpreender. Ou quem sabe dar uns chutes na "Trifecta", que é quando você aposta na ordem de chegada dos três primeiros cavalos e paga muito.

Seus palpites foram cruciais quando me falou com toda certeza para apostar no La Mandaparte, que era um dos favoritos no páreo 6. Dito e feito. E também no Cagnotte, no páreo principal do dia. "Esse cavalo está invicto e aparece na capa da revista de turfe. Como não apostar nele?", foi o que o Sr. Hernán disse indignado. Dito e feito. Fiz uma aposta mais pomposa, quando digo isso é que ela foi mais do que 5 pesos, e faturei.

Meu instinto de jornalista fracassado acabou me obrigando a fazer algumas perguntas pro grupo de velhinhos. E olha que velhinhos é bem eufemismo porque não duvido eles estão ali na beira dos 90 anos.

Eles vem quase que semanalmente para apostar e o valor depende da certeza deles sobre tal cavalo. Não fazem como eu que apostei em todos os páreos, mas esperam e jogam só nos que eles tem mais convicção. A média semanal de aposta da velha guarda é de 50 pesos, mas "vareia". O Sr. Hernán mesmo abriu a mão e apostou 60 pila no Cagnotte, o cavalo da capa, e saiu de lá feliz com uma aposta que pagou 2,10 por 1. Eles também reclamaram que antes o pessoal ia muito mais elegante e que havia mais moças da alta sociedade. Agora quem vai não tem classe e pompa como antes. Nem precisa dizer que eles estavam no maior traje fino de gala e um deles fumava que nem uma puta.

Bom, acho que achei meu novo grupo de amigos em Buenos Aires. Tô pensando em chamar eles pro show do REM em novembro.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Um nome para a crise.

Toda crise que almeja entrar para a história precisa ter um bom nome. Sem título bom e impactante, essa atual crise mundial pode passar despercebida e cair no esquecimento daqui uns anos.

Lembremos alguns acontecimentos que, com a escolha de um bom nome, entraram para a história como um ato digno de ser ensinado nas escolas.

1. The Boston Tea Party
De longe o melhor nome. Fica difícil alguém encontrar algo melhor do que "A festa de chá de Boston".

2. Aclamação de Amador Bueno
Simplesmente uma gente queria aclamar o cara como rei de São Paulo. Todos estavam a favor, menos o Amador Bueno que disse "Foi mal, galera. Nem tô afim"

3. Balaiada / Cabanada / Sabinada
Todas aconteceram no Nordeste. O povo teve muita originalidade ao escolher os nomes parecidos.

4. Revolta da Vacina
Oswaldo Cruz queria vacinar os cariocas, já que o Rio estava cheia de focos de doenças, mas eles nem estavam muito afim. Fizeram uma puta zona para evitar isso e 50 pessoas morreram nas batalhas.

5. Revolta dos Quebra-quilo.
Foi tudo por que as pessoas não queriam a implementação de um novo regime métrico, com medo de serem enganados por ele. Por isso saíram destruindo balanças em geral. Mais uma do Nordeste e com nome criativo e inesquecível.

6. Levante dos Marimbondos
Não, não foi uma nuvem de insetos que invadiu uma cidade contra a detetização. Foi uma revolta que aconteceu no Nordeste porque o povo não curtiu nada a idéia de participar de um senso.

7. Intentona Comunista
Ótimo nome, creio que deveríamos usar mais a palavra "intentona" nas nossas vidas.

8. Revolta da Chibata
Marinheiros fizeram o maior fuzuê por causa dos castigos físicos que eles recebiam

9. Revolta da Cachaça
Aumentaram imposto dos fabricantes de mé e o resultado foi uma inssurreição com ótimo nome. Nada mais justo.

10. Revolta do Ronco da Abelha
Eu não sabia que abelha roncava, mas teve gente que deu esse nome a uma revolta do nordeste.

quinta-feira, outubro 09, 2008

A resposta da trema.

“Prezados,

Não venho aqui encher lingüiça nem esbanjar uma eloqüência inconseqüente. Estou tranqüilo quanto ao papel que venho desempenhando na sociedade, da qual tenho sido vítima com freqüência de ataques.

Não sou menino. Vivi e vi muito. Desde 43 que perambulo por estradas e ditongos da vida. Que o diga o U, este grande amigo a quem não me canso de garantir que tenha voz neste mundo de crescente exclusão.

Também o diga o Müller, outro grande defensor de minha carreira, bem como todo o nobre povo alemão, este sim um apreciador do chucrute, da música clássica e do legítimo trema germânico.

Ao ver decretada assim minha expatriação, penso nesse povo sem memória e sem afeto. Desterraram seu último e apaixonado imperador e agora me trocam por kas, dáblius e ipsilones representantes do imperialismo saxão. Sempre suspeitei que minha morte ou exílio estavam sendo há décadas tramadas por alguém.

Não sabia se pelos comunistas, pelos socialistas, pelos capitalistas ou pelos fãs de Marylin Manson. Agora eu sei. Foram os dáblius, esses vês pervertidos que sempre andam de mãos dadas, em plena luz do dia. Caracteres pederastas, esses dáblius. Pederastas e traidores. Quem me lê sabe se tem a mão ensangüentada.

Me espanta a hipocrisia destes mesmos abraçadores de árvores e defensores da ecologia e do seqüestro de carbono tirarem dessa forma o acento e o acalento dos pingüins. Agora eles têm de agüentar. Por um, por dez ou por cinqüenta anos. Até o fim de tudo. Verão, na pele, a falta que um trema faz, delinqüentes ortográficos, seres de índole eqüina.

Vou-me. Partirei de volta para o velho mundo, onde ainda há espaço para tremas, lamparinas e fados tristes. Saio desta vida para a ubiqüidade.”

Retirado do blog do Danilo Corci

quarta-feira, outubro 08, 2008

Crise.

Com a desvalorização do real, Buenos Aires não está tão mais barata para os brasileiros.

Será que é o fim da manadas de turistas invadindo a cidade falando alto, parando no meio da rua sem noção e exigindo serem entendidos pelo seu parco portunhol?

Oremos!

Kings of Leon - Only by night

Confesso que nunca dei muita bola pro Kings of Leon. Sempre foram apenas mais uma banda no meio de tantas do novo rock que acabaram sendo ofuscadas por Strokes, Interpol e essa galerinha.

Mas aí eles lançaram esse cd agora "Only by night" e realmente conseguiram se destacar. Quebraram aquela fórmula de riffs e guitarreiras e colocaram mais sentimento e melodia, honrando o Tenesse de onde eles vieram. O vocalista realmente interpreta as canções e sua voz fica naquela divisa entre o genial e o irritante.

Todas as músicas são de altíssimo nível. O primeiro single "Sex on fire" desbancou o Oasis nas paradas da terra deles, "Notion" é nervosa e com rancorosas guitarras, mas de longe a melhor de todas é "Use somebody". A letra é claramente sobre solidão e relacionamentos sem importância. Dá pra sentir a dor do lamento do vocalista e com aquele corozinho de "oooo's" crescendo fica impossível ficar inerte.

Um clássico certeiro. Aqui em versão ao vivo.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Andrés Calamaro - El salmón

Na falta de grandes nomes da música popular, como são Chico Buarque ou Caetano Veloso no Brasil, a Argentina idolatras seus roqueiros.

Presenciei ontem um belíssimo show do Andrés Calamaro, uma espécie de Bob Dylan tangueiro. A voz rouca com a camiseta do Kiss mesclados com dois tangos clássicos cantados no meio do show só lhe deram mais propriedade e personalidade.

O cara focou o show nas músicas do último CD "La Lengua popular", mas não esqueceu de tocar os velhos e bons hits como "Te quiero", "Flaca" e "Loco", que levou a multidão de 30 mil pessoas que foram o festival Pepsi Music a um frenesi total.

Calamaro é genial, é rock e também é brega sem medo. Ele canta em uma música

"Te quiero pero te llevaste la flor y me dejaste el florero"

e depois se auto-intitula El Salmón quando fala

"Siempre seguí la misma dirección la difícil la que usa el salmón"

mas depois vira um deprê da melhor dor de corno em:

"Si resulta que si, si podrás entender lo que me pasa a mi esta noche, ella no va a volver y la pena me empieza a crecer adentro, la moneda cayó por el lado de la soledad".

Ótimo show, ótimo som, belíssimo festival. Tortura foi aguentar antes os Autenticos Decadentes, espécie de fusão argentina de Chiclete Banana com Titãs.

Fiquem aí com o clip da clássica "Flaca", o rock argentino em um raro momento de lucidez.

sábado, outubro 04, 2008

The ultimate gambler.

Mesmo morando em Buenos Aires há quase 3 anos, nunca tinha ido a nenhum cassino da região. O mais famoso é o Cassino Flutuante de Puerto Madero, mas existe o Trillenium, na cidade de Tigre.

Para por fim a isso tive um dia digno de viciado em jogo. Em menos de 24 horas fui ao Casino de Puerto Madero e no Hipódromo de Palermo.

O Casino se divide em dois barcos, onde milhares de pessoas se aglutinam num ambiente fechado e onde é permitido fumar. Ou seja, o ar ali não é nada agradável.

Velhinhos caquéticos, turistas sem noção, chineses com cara da máfia e senhores elegantes se misturam em 4 andares dividios por caça-níqueis disputadíssimos, mesas de black jack, roleta, pôquer e um andar exclusivo só para quem aposta fortunas. Detalhe que não vi ninguém ganhar nos caça-níqueis. Em nenhum momento caiu aquela dinheirama de moedas que eu sempre vejo na TV.

Depois de muito ver e tentar entender o frenético funcionamento das apostas, o black jack por exemplo era tão rápido que tive medo de entrer, acabei estabelecendo uma estratégia junto com o Vinícius. A idéia era apostar na roleta juntos, já que teríamos mais chances com mais fichas. Apostamos 20 fichas no total, chegamos a ter 35 mas fomos rapelados. Sempre pode ser pior, vi um tiozão perder 10 mil pesos e não se importar muito com isso.

O fracasso rotundo na roleta não nos impediu de no dia seguinte ir ao Hipódromo de Palermo. Já tinha ido uma vez e postei a respeito, mas agora fui muito mais sensato nas apostas. Além do mais, lá você pode apostar desde 1 peso e se divertir com tudo sem ter que arriscar demais. E também uma revistinha onde os especialistas falam das chances de cada cavalo, acertando na maioria das vezes.

A cada meia hora existe uma corrida diferente. E nos grandes páreos a torcida dos tiozinhos lá fica muito tensa. Houve muitos gritos e indignação quando o cavalo "Que vida buena", um dos favoritos, chegou em último na corrida depois de liderar a prova por um bom tempo. Por minha parte fiquei bem contente, já que com a vitória do "Sucessful Affair", minha aposta para o segundo lugar do "Mi amiguito" foi concretizada.

Mas mesmo sendo divertidíssimo é melhor evitar contrair qualquer tipo de vício em jogo.

Para saber mais, visitem o site do Cassino e do Hipódromo.

La popular.

Na preguiça de ir até San Telmo para comer no Manolo, restaurante dos meus preferidos, fui comer uma carne no La Popular, que é aqui pertinho de casa.

A proposta do restaurante é mais ou menos a mesma do que o Manolo. Camisetas de times na parede e numa espécie de varal, combinados com uma cozinha tradicional portenha. Tanto é que "La popular" em português é algo como "A arquibancada".

O ambiente é um pouco mais caprichado que o Manolo, os garçons um pouco mais ajeitadinhos mas a comida fica devendo e muito. Pedi uma entraña, que é um corte que gosto bastante, que parecia que a carne tava congelada. Além do mais eles cobram a famosa taxa de "cubiertos", que é muito comum nos restaurantes modernetes de Buenos Aires. Mas foi a primeira vez que paguei isso num de comida tradicional. É uma coisa surreal que só existe aqui. Taxa pelos talheres? Ok, mas se eu comer com a mão não pago?

Pra quem quiser conhecer, o La Popular está no Abasto na esquina da Lavalle com a Mario Bravo.

Mais no Guia Oleo.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Independentes são uma bosta.

O cara pode ser um produtor musical bem sucedido no quesito financeiro, pode manjar muito do gosto do brasileiro médio, mas é nunca foi sinômino de qualidade muscial. Por isso é quase cômico ler que Rick Bonadio falando que a cena de música independente brasileira é uma bosta, com bandas de letras fracas.

O Brasil está passando por um momento no qual muitas bandas estão circulando por festivais independentes pelo país. Você tem acompanhado essa movimentação? Você acha que o mercado nacional está passando por um bom momento?

Não, acho o momento muito ruim. Tem muita gente fraca achando que é boa.
Os festivais independentes são péssimos. Falta criatividade e letra. Falta tocar melhor, falta muita coisa.

Além desse pérola, o cara dá um conselho para as bandas que estão começando agora. "Seja original, não copie ninguém".

Sim, essas palavras vem da boca do cara que lançou os poetas do NX Zero. Leia a entrevista inteira aqui.

Sem comentários.

Pensamento obeso.


I'm a little overweight due to a genetic disorder that makes fried chicken delicious

Essa frase memorável do "The Norm Show", que confesso que nunca tinha ouvido falar, serve muito na minha vida no momento.

Basta trocar "fried chicken" por whooper extreme do Burger King, sorvete de chocotorta do Freddo e alfajores em geral.

Agradecimentos a Rocio Ramirez, por me passar tão sábia e real frase.

Pensamento egoísta.

Quanto mais o dólar suba e o real caia, mais o peso argentino vale.

Em menos de um mês, um real que custava cerca de 1,80 pesos nas casas de cambio, chegou a 1,50.

Seria um natal mais barato pra mim no Brasil?

Texto manco.


Chega um ponto em que não sabemos se conseguimos aquilo que queríamos.
O objetivo obtido hoje fazia sentido ontem.

Renunciamos a tanta coisa em nome desse futuro e esquecemos que ele está presente como nunca, começando a cada momento.

A mesa está pronta, a comida na louça fria, o vinho esperando, mas e a fome? Cadê?

Chegou um momento em que tudo é uma obrigação. Drummond estava certo.

Alguém duvidava disso?

* Inspirado por Mark Strand, Drummond e um Pacheco Pereda.

quarta-feira, outubro 01, 2008

galerinha criativa, né?

Para bom entendedor, meia palav...

O verdadeiro canalha

Dizem os idealistas que o amor não tem idade, é cego, surdo e às vezes louco. Tenho minhas dúvidas quanto a isso.

Há um ano o casamento de Reinaldo, de 24 anos, com Adelfa, de 82, deu muito o que falar aqui na Argentina. Até mesmo a imprensa brasileira deu algumas notas, já que eles passaram a lua-de-mel no Brasil.

Menos de um mês do casório a dona Adelfa morreu e, mesmo não sendo muito rica, deixou uma pensão de 2900 pesos pro viúvo. Convenhamos que não é nada para se jogar fora

Essa história já estava meio esquecida até esse domingo quando o piazão viúvo golpista apareceu no programa do Chiche, espécie de Nelson Rubens argentino mais velho. O cara está com um visual super "emo" e declarou que é gay, é apaixonado pelo seu amigo Christian.

O Chiche, com seu faro jornalístico de quinta, queria saber o que levou o cara a ser homossexual. Perguntou se o fato da única mulher da vida dele ter sido a Adelfa o deixou traumatizado com as mulheres. Convenhamos que tem sentido o questionamento!

A farsa que todo mundo desconfiava agora foi explicada. Tadinha da véia.

Mais aqui.

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