segunda-feira, junho 30, 2008

Falemos do que realmente importa. Falemos de The Verve.

A melhor banda do mundo que tinha acabado em 1998, depois do lançamento do histórico Urban Hymns, anunciou ano passado sua volta. Fizeram alguns shows e etc, mas nenhum deles teve a mesma importância simbólica do que aconteceu nesse último dia 29 de junho no Glastonbury Festival.

Richard Ashcroft, letrista, vocalista e frontman da banda, finalmente acertou suas diferenças com Nick McCabe, o guitarrista problemático, porém célebre por seus efeitos que davam às músicas do Verve um clima único. The Verve voltou e a humanidade pode se ajoelhar e prestar a adoração devida..

Junto aos dois, o baterista Peter Salisbury, que sempre gravou as baterias dos discos solos de Ashcroft, e o baixista Simon Tong, o mesmo da última formação.

A química entre os quatro é indiscutível e podemos ver um Richard realmente contente com a volta que parecia muito improvável para os fãs. Por mais que sua carreira solo tenha trazido ótimas músicas como "Song for the lovers", "Check the meaning" e "Break the night with colour", nenhuma chegou aos pés do lirismo e honestidade de "Drugs don't work" e "History".

Assistindo o show disponibilizado no site da BBC me dei conta que agora com a volta deles não posso deixar de vê-los ao vivo. A melhor banda do mundo está de volta e isso não acontece todo dia, meus caros.

Em agosto está prometido o lançamento do cd "Forth". Oremos!

domingo, junho 29, 2008

O segredo de Cristina.

A verdade: 30% ou mais de inflação ao ano.

Mas com maquiagem é só 5%, meu povo!

Cristina Kirchner acha que a solução para a inflação argentina é a mesma para sua cara: maquiagem. Toda população sente no bolso os constantes aumentos mas o INDEC, órgão oficial do governo que mede o índice de inflação, mostra taxas ridículas de 0,05% ao mês.

Dizem as más línguas que recentemente ela fez um lifting no pescoço. Veremos como isso será refletido na economia dos pampas.

Racing sofre mas continua na primeira divisão.

Eurocopa que nada! O jogo que mais chamou atenção nesse domingo aqui na Argentina foi Racing X Belgrano de Córdoba.


A disputa pela vaga na primeira divisão começou na quarta-feira passada na cidade de Córdoba num empate em 1 a 1. Nesse domingo em Avellaneda, o Racing ganhou por 1 a 0 e garantiu sua permanência na elite do futebol argentino.

O Racing já vem capengando faz tempo. A crise econômica do clube, que agora sofre uma interdição do estado, acaba se refletindo na equipe. A vitória contra o Belgrano foi somente a terceira vitória conquistada em 2008 e, se nada mudar, a queda para segunda divisão pode ser inevitável no próximo campeonato.

O torcedor do Racing hoje é o maior sofredor do futebol argentino.

sábado, junho 28, 2008

Piquetero vai dar aula de populismo no Brasil

Ele é pago pelo governo argentino para protestar a favor da situação, bate e esmurra quem manifesta pró-agro na Plaza de Mayo, xinga e diz que odeia os "brancos de Barrio Norte", acusa os setores do campo de estarem tramando uma conspiração econômica, diz que vai se armar para defender a democracia, recebe grana do Hugo Chavez e ainda elogia o Irã. 


Com todo esse currículo, o piquetero Luis D'Elia foi convidado para participar do IV Congresso Nacional da Central de Movimentos Populares no Brasil. Também foi convidado Bartolina Sisa, delegada do partido do Evil Morales.

Esse congresso tem abertura feita pelo digníssimo Lula da Silva.

sexta-feira, junho 27, 2008

El Cuarteto de Nos - Invierno del 92



Já postei muito sobre El Cuarteto de Nos aqui. Essa banda uruguaia é uma das minhas preferidas. Fui em vários shows e não canso de escutar essas ótimas letras trágicas, engraçadas, politizadas ou muitas vezes somente idiotas.

Esse é o clip de Invierno de 92, do último cd chamado Raro. É uma das que mais "agitam" nos shows. Um clássico.

A tcheca gorda.

Como eu tento ser um cara antenado com as novas tendências, procuro me informar sobre tudo. Tudo mesmo, até de moda.

Acompanhei as notícias do mega evento do mundo da moda São Paulo Fashion Week. A coisa foi tão pop que até minha irmã foi (post aqui).

Um dos maiores bafafás dos desfiles foram as dobrinhas da modelo tcheca Karolina Kurkova (foto), acusada por suas colegas de passarela de estar gorda e com celulite.

A modelete, além de ser linda, é riquíssima e nada no dinheiro.

Karol, quando estiver em Buenos Aires é só avisar! Eu adoraria estar com uma tcheca gorda!

quarta-feira, junho 25, 2008

A Copa de 1978 faz 30 anos.

Muito tem se falado aqui sobre os 30 anos da Copa organizada e conquistada pela Argentina. O evento de 1978 foi um verdadeiro oásis para o regime militar da época. Muitos até comparam a sua propaganda ditatorial com a Olímpiada alemã 1936. Só que pelo menos na Alemanha, Hitler levou um tapa com a vitória do corrredor negro Jesse Owens. Aqui, pelo contrário, o triunfo veio a cavalo.

Os brasileiros, ridiculamente considerados campeões morais de 1978, conhecem basicamente a história da fatídica mala preta que fez o Peru perder de 6 a 0 para a Argentina. Se eles não ganhassem por 4 gols estariam eliminadaos, classificando o Brasil para a final. Isso, junto com os falsos resultados do doping de jogadores argentinos, talvez tenham sido as coisas mais leves que a ditadura fez durante a Copa.

Um grande muro foi construído na beira da estrada que levava a cidade de Rosário, uma das sedes da Copa, para esconder as favelas das vistas dos jornalistas e jogadores europeus. Uma famosa reportagem do El gráfico, em que um jogador Sueco falava das belezas da argentina e da liberdade desse país, foi escrita por um jornalista da revista. Correspondentes europeus, para evitar a censura de seus textos, trocavam os nomes de generais e do presidente Videla, por nomes de jogadores de futebol. E é claro, enquanto a bola rolava nos gramados do Monumental de Ñunez, milhares de pessoas desapareciam e eram torturadas.

João Havelange, presidente da Fifa na época, estava ciente de tudo isso e inclusive pediu pro presidente Jorge Rafael Videla liberar um comparsa que estava detido pelo regime argentino. Johan Cruyff, talvez o melhor jogador do mundo da época, foi um dos poucos que se recusou a jogar a Copa em protesto a ditadura argentina.

Como positivo, ficou o fato de que pela primeira vez os olhos do mundo estavam na Argentina e foram descobertas algumas das atrocidades que aqui aconteciam. Também apareceram internacionalmente as Madres de la Plaza de Mayo, grupo que se reunia na praça de frente a Casa Rosada para exigir notícias de seus filhos desaparecidos.

Faz 30 anos que Daniel Passarela levantou a primeira Copa para a Argentina e o que se menos fala aqui é sobre futebol.

terça-feira, junho 24, 2008

Os Argentinos também falam portunhol.

Os brasileiros sempre se envergonham e acham graça do seu portunhol. Cueca-cuela e mi español es fueda são verdadeiros clássicos dessa língua bizarra. Já escutei cada absurdo falado por turistas brasileiros em Buenos Aires que não sabia se ria ou chorava.

Acontece que os argentinos não estão atrás. Eles também sua própria versão do portunhol, falado principalmente nas praias de Santa Catarina. Vocês não tem noção de quanta gente vai pra "Bombas e Bombinhas". A Personal, operadora de celulares, está com um anúncio que mostra um argentino tentando reservar uma pousada por telefone. Ótemo!

Charly e Kate no CQC.

O CQC, programa argentino com franquias em vários países incluindo o Brasil, está planejando invadir os Estados Unidos.

Um dos três apresentadores da possível versão americana é o Dominic Monaghan, o Charly de Lost. Ele esteve recentemente em Buenos Aires para gravar o piloto do programa e sua namorada, Evangeline Lilly (a Kate) o acompanhou.

O CQC argentino não perdeu a oportunidade de fazer uma matéria com eles.

segunda-feira, junho 23, 2008

Prefeitura não consegue chutar o pau da barraca da presidenta.

É mais ou menos assim. Toda a discussão sobre as retenções de 44% dos produtos agrícolas agora está sendo feita pelos deputados argentinos.


A presidenta e seu maridón resolveram colocar umas barracas para uns manifestantes manifestarem suas manifestações pró-governo na Praça do Congresso. No total são 5 barracas e a maiorzona é toda hi-tech, com várias cadeiras, mais de 120, para o pessoal ficar sentadinho e discutindo sobre Evita, além de um TV de Plasma pra galera ficar antenada nos últimos capítulos de Bailando por un Sueño. O jornal da noite do canal Telefé calcula que o aluguel dessa última barraca sai por uns 6 mil pesos por dia.

Acontece que pra acampar na praça é necessário uma autorização da prefeitura de Buenos Aires, coisa que a tal barraca não tinha. Aí chegaram hoje os homens da prefeitura para desalojar a verdadeira rave peronista que estava rolando no Congresso. Rolou um "empurra-empurra" gigantesco, mas sem a turma do "deixa disso", que aqui na Argentina quase inexiste.

Sem poder expulsar a galera da Cristina Kirchner da praça, os fiscais da prefeitura ligaram para a polícia para tentar por ordem no barraco. Acontece que a polícia, que é da Cristina, apenas não foi cumprir suas obrigações e continuaram comendo empanadas na delegacia!

Ou seja, a barraca dos Kirchner continua armada em plena praça!

Tevez canta com La Mona Jiménez.

Carlitos Tevez, atualmente jogando na Inglaterra, está de férias na Argentina. Sempre que ele está por aqui aproveita para cantar em alguns shows de cumbia, como do grupo Piola Vago de que ele é meio fundador.

Mas dessa vez ele resolveu variar e apareceu na cidade de Córdoba para cantar no show de La Mona Jiménez, um dos maiores cantores de "cuarteto", que é um ritmo tradicional da região cordobesa. Tevez já tem um mega hit, chamado Muñeca de Trapo, gravado com La Mona.

Vi essa notícia e a entrevista de Tevez e "La Mona" na TV e quase tive um tilt. Era muita coisa bizarra para ser processada ao mesmo tempo:

1. O cabelo de La Mona

2. O nome dele, que traduzido é "A macaca Jiménez".

3. O fato de Tevez fazer seguidas aparições como cantor e já ter gravado músicas, sendo que nem falar ele sabe direito.

5. A reunião, no mesmo palco, de duas das pessoas mais feias da Argentina.

5. O cantor ter a mesma proposta capilar de ícones como Cid Guerreiro e Ovelha.

La Mona JiménezCid GuerreiroOvelha:

domingo, junho 22, 2008

O preço do populismo do casal Kirchner

Ótima matéria da Veja sobre a atual situação econômica da Argentina: aqui


Sem medo de por dedos na ferida, o texto é bem completo.

sexta-feira, junho 20, 2008

Torcedor sofredor.



Essas enormes filas não são para ver a final de um campeonato. São dos torcedores do Racing, talvez os maiores sofredores do futebol argentino. Nesse domingo eles jogam em Santa Fé contra o time do Colón numa disputa direta para evitar a promoción.

Para um time grande ser rebaixado para a segunda divisão argentina ele precisa realmente se esforçar. O cálculo é feito de acordo com os últimos 3 campeonatos, numa média de jogos jogados e pontos obtidos. Se um time acaba de subir fica complicado porque está média é feita só com os últimos jogos.

São 20 times no campeonato. Os dois com as piores médias são rebaixados diretamente, já o terceiro e o quarto com a pior média decidem sua permanência numa partida cada um com o terceiro e o quarto da segunda divisão.

O Racing atualmente tem a 4ª pior média e o Colón a 5ª. Quem ganhar esse jogo se garante na primeira divisão.

* Fotos do La Nación, como sempre.

quinta-feira, junho 19, 2008

O point da galera.

Ontem foi a manifestação fabricada pela Cristina, hoje são os taxistas. Cada dia um agito diferente na Plaza de Mayo, o super point dos piquetes. Se você quer reclamar alguma coisa, lá é o the place to be.

Estou esperando minha vez pra quando haja o protesto dos redatores de TV!

* Foto do jornal La Nación.

A pior torcida do mundo.

Quem já foi em qualquer partida aqui na Argentina pode atestar o tremendo abismo que separam a torcida argentina da torcida brasileira. Seja criatividade, apoio e atitude, as diferenças são gritantes.

Torcedor argentino apóia em qualquer momento, esteja o time ganhando, empatando ou perdendo. Qualquer torcida do Nueva Chicago ou do Chacarita dá um show na Gaviões da Fiel. Chega a ser ridículo as tentativas das TV's brasileiras de mostrar as torcidas brasileiras como coisas espetaculares. Até nas musiquinhas os argentinos são mais criativos. São várias e eles não ficam só no "êleleô leleô leleô Santos", por exemplo. Já fui em jogo do Boca, San Lorenzo e Gimnasia La Plata e os caras podiam gravar um cd duplo com seus melhores cânticos.

Pior que todas as torcidas de todos os times brasileiros está a torcida da seleção brasileira. Isso não é torcida, mas sim um amontoado de consumidores. O torcedor brasileiro não apóia, mas sim julga.

Se o Brasil está ganhando, o torcedor está super feliz e canta aquela grande gama de 2 musiquinhas que são ""êleleô leleô leleô Brasil" ou a ridícula "Eu, sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor". Engraçado que quando o time perde ou simplesmente empata, o cara não é brasileiro com muito orgulho e com muito amor e até chega a torcer e aplaudir o time adversário.

Lembro dos jogos da Copa de 2006 da Argentina, onde mesmo lá na Alemanha se podia escutar os gritos dos hinchas. Várias músicas, uma atitude otimista (até demais) e um apoio quase que incondicional a suas cores.

Talvez o futebol brasileiro tenha evoluído tanto e se transformado em 100% negócio, não há nada de paixão. O torcedor, que deveria apoiar seu time e fazer o papel de 12º jogador, se tornou apenas um mero consumidor espectador. Está lá para ver um filme e, se não gosta do seu enredo, vaia e xinga. Acontece que torcedor ainda tem o poder de influir no resultado da partida ao invés de só criticar e pedir seu dinheiro de volta.

A melhor seleção de futebol do mundo tem a pior torcida do mundo.

No lo soporto - Nunca iré.



Quem é leitor das antigas desse blog conhece a No Lo Soporto, banda de 3 meninas que vi muito assim que cheguei em Buenos Aires no comecinho de 2006.

Muita produção, contatos, jabá, , uma baterista linda, zero atitude nos palcos e música bem meia boca. Agora me deparei com o último clip delas. Uma superprodução com direito a um avião e participação de Gustavo Cerati.

quarta-feira, junho 18, 2008

Procura-se espírito de porco.

Não sei se é só no meu pequeno recorte de realidade, com as pessoas que convivo e vejo diariamente, ou talvez por ser estrangeiro, mas o fato é que vejo muita pouca tiração de sarro e brincadeirinhas chatas por aqui.

Futebol, por exemplo: River perde do Boca, Boca sai da Libertadores. O máximo que vejo são cartazes com piadinhas pela cidade. Super criativos, mas só isso. Aquela tiração de sarro violenta e direta não há. Brasil perdeu da Venezuela e do Paraguai no futebol... ninguém veio me dizer nada.

Quando eu cortava cabelo no Brasil sempre vinha alguém falar que o cabeleireiro era uma pomba, já que ele havia cagado na minha cabeça. Fora os outros clássicos do tipo "Onde você comprou essa camiseta tinha pra homem"? Lembro de um amigo que por usar mocassim foi sumamente zuado e açoitado pela turma que parou de usar. Esse mesmo cara deixou um rabinho crescer e a galera caiu matando violentamente até ele cortar fora. Éramos amigos e não queríamos que o cara passasse por ridículo.

Convenhamos, por mais irritantes que sejam, essas coisas são algo como um lubrificante social. De certa maneira idiota ajudam a integrar e podar o que é considerado estranho segundo nossas convenções sociais.

Talvez seja isso que falte aqui. Gente, não há senso estético e compreensão possível para tolerar tantos cabelos e roupas ridículas nesse lugar. Não dá, simplesmente não dá e ainda mais no bairro onde trabalho que se chama "Palermo Hollywood". Existe uma linha bem tênue que separa a personalidade da bizarrice e a moda do groteco. Ousadia é uma coisa que não deve ser confundida com imprudência.

Fico pensando se foram os pais que falharam na educação, se faltou porrada, se eram permissivos demais. Onde foi que eles erraram para que essa pessoa se tornasse esse ser tão bizarro com esse cabelo patético?

Onde estão os espíritos de porco desse país? Onde estão os pestinhas para puxar o cabelo, apontar o dedo e ficar rindo disso ?

Imagina se uma criança chegar com uma roupa um pouco mais ousada e um corte cabelo mais "radical" na escola assim no Brasil. Pense o quanto ela seria zuada e se tornaria o centro de todas as piadas. Sempre haveria um pestinha engraçadão para puxar essas trancinhass ridículas até o ponto que o dono delas cortaria. Sempre haveria um comediante em potencial que tornaria essa criança na piada da turma, dando um apelido ridículo e importunando até aquilo fosse cortado ou que a roupa estranha fosse trocada.

Esse país precisa de espíritos de porco!

* Por outro lado, essa ousadia que aqui há em excesso falta muito aos brasileiros. Engraçado andar pelas ruas e perceber, mesmo sem escutar eles falando, os grupos de brasileiros andando por aí. São todos aquele café-com-leite sem sal, aquelas roupinhas compradas pela mãe, aqueles cabelos super bem aparados e cortados, as meninas com aquelas botas de sempre, o cabelo meio divididinho no meio, aquela calça jeans justa e pegada no corpo e aquela sacola de alfajor Havanna no braço.

Se eu não fizer nada...

Em 3 meses meu cabelo vai estar que nem o do Seinfeld.

O que tenho em comum com o Fidel Castro.

É que nós dois adoramos essas jaquetinhas da Adidas!

terça-feira, junho 17, 2008

Panelaços por toda Argentina.





Essas fotos são do La Nación. São dos famosos "cacerolazos" que estavam por todos os lados essa noite aqui em Buenos Aires e na maioria das cidades argentinas.


Tudo começou por volta das 20hs. Comecei a ouvir os vizinhos do prédio batendo panela nas sacadas. Fiz o mesmo com a minha panela, mas tive o cuidado de colocar um pouco de brasilidade no ritmo. Fiz um ritmo de Olodum, samba e tentei um frevo.

Piadas a parte, a coisa tá ficando cada vez mais séria. A greve vai parte seu dia 98. A sociedade pede que a Cretina Kirchner dialogue e volte a realidade. D'Elia, um famoso piquetero governista, acusa o campo de estar conspirando para uma golpe de estado econômico. Seria engraçado se não fosse trágica a maneira que o governo vê tudo isso.

A sociedade pede que o governo dê um passo atrás, a imprensa e os intelectuais dizem o mesmo e clamam pelo diálogo. Pra onde a Argentina está indo?

domingo, junho 15, 2008

Especial Música da Suécia: 5 - Entrevista com Lacrosse.


No quinto e último capítulo do especial Suécia, entrevistamos o Lacrosse. A banda faz o tipo de música feliz insuportável grudenta. É um indie pop de bueníssima qualidade, contagiante e grudento.


Em novembro de 2007 eles lançaram o primeiro cd chamado "This new year will be for you and me" e vem recebendo ótimas críticas. Lançaram um ótimo clip da música "You can say no forever" e são nome frequente nos festivais escandinavos e ingleses. 

As músicas alternam uma alegria contagiante com uma melancolia estranha cantada em melodias felizes. O resultado é doce e viciante. Ainda bem que não engorda.

Na entrevista, a vocalista Nina e o guitarrista Kristian esbanjam bom humor e falam de suas letras e, é claro, da Suécia.

1. Por que existem tantas bandas suecas populares? O que vocês ouviam quando eram pequenos e o que ouvem agora?


Enquando a gente crescia, havia duas bandas suecas que eram internacionalmente grandes: ABBA e Europe. Naturalmente escutávamos quase que só isso assim como todos os outros suecos. Uma das razões porque há tanta música boa agora na Suécia é porque a atitude convive com a inovação.


2. As bandas suecas que o mundo ouve são as mesmas que vocês ouvem?


Não, nenhuma exceto  o Oasis. Acho que eles são suecos.


3. Já ouviram falar de um festival brasileiro chamado Invasão Sueca?


Não, nunca ouvimos falar, mas existem vários festivais ao redor do mundo com essta temática sueca. Isso é bom para nós, suecos, porque já que estamos aquí na esquina do norte da Europa e é muito caro viajar para qualquer lugar. Nem preciso falar que adoraríamos ir tocar no Brasil. Isso está na nossa lista de “coisas divertidas que queremos conseguir com o Lacrosse”.


4. Como está a banda agora? Planos de novos cd’s depois de “This new year will be for you and me”? Como o público reage a vocês nos shows.


Estamos muito bem! Rickard, que toca o teclado, acaba de virar pai e estamos planejando novos shows e outro cd. Viajamos pela Europa neste inverno e primavera e agora estamos trabalhando em novas músicas para o segundo cd, além também fazer uma pequena turnê pela Inglaterra nessa verão.Quanto a reação do público, bem, é claro que eles ficam loucos quanto tocamos. Eles roubam nossas toallas e dançam, cantam, choram e se apaixonam.


5. O som de vocês tem uma alegria contagiante, espalha esperança mesmo quando as letras são tristes. Quem as compôs?


Eu (Nina) escrevi quase todas as letras e, sim, às vezes eles acabam saindo tristes, mesmo que o Kristian também escreve alguma das letras e elas também são tristes. Talvez nós sejamos pessoas tristes tentando nos animar um pouquino com melodias de ritmos felices e superar a melancolia.


6. O que é mais difícil escrever: músicas felizes ou tristes?


Não é uma competição. Geralmente, para gente, as músicas com as letras mais tristes são as que tem as melodias mais alegres e vice-versa.


7. “You can’t say no forever” temu m clip ótimo mas bem simples. Quem produziu? Todos aqueles ursinhos realmente viajaram o mundo?


Sim, os ursinhos viajaram por todo mundo. Menos para por um lugar que é o Brasil. Todos eles e a gente mal podem esperar para ir ao Brasil algum dia e tocar. Seria um sonho tornado realidade. Depois disso poderíamos parar de sonhar e tocar. Todos os objetivos atingidos!


8. Vocês conhecem alguma banda brasileira? Tem algum favorito?


Nos anos 90, o Kristian entrevistou o Sepultura. Maz Cavalera sentou e respondeu perguntas de jornalistas do norte da Europa no Roskilde Festival. Eles tinham acabado de lançar Roots e diziam que tinham encontrado uma nova inspiração e ritmos depois de viver na selva com os nativos. Mas a música para mim soava a mesma para mim.

Também conhecemos o Seu Jorge e o Bonde do Rolê.

Aqui o ótimo clip de "You can't say no forever". 

Mais no site da banda (www.lacrosse.nu) e

 no myspace.com/lacrossesthlm


1. Kristian Dahl, voz e guitarra
2. Tobias Henriksson, bateria
3. Nina Wähä, voz
4. Rickard Sjöberg, teclado
5. Robert Arlinder, baixo
6. Henrik Johansson, guitarra

sábado, junho 14, 2008

Entenda a greve do campo argentino.

Conversando ontem pelo msn com meu primo Anderson, que mora em Vila Velha no Espírito Santo, percebi que não estavam falando muito no Brasil sobre a greve dos agricultores argentinos que completou 95 dias hoje.


Entrando em muitos sites de jornais brasileiros, tudo que eu via eram notícias sobre os panelaços na cidade. Acontece que esses panelaços são apenas a reação da sociedade porteña a tudo que acontece no interior do país. Os agricultores, produtores de leite e criadores de gado e galinha exigem o fim das "retenciones", que é um imposto que confisca 44% dos seus ganhos.

Aqui um timeline de que lembro até agora sobre o conflito.

1. Há 95 dias atrás o campo anuncia a greve exigindo um diálogo com o governo sobre as retenções de 44%. O governo da Cristina aumentou bastante essa taxa que antes girava em torno de 30%.

2. Após o anúncio da greve, a despresidenta Kirchner acusa o movimento de ser um "piquete da abundância", referindo-se às grandes caminhonetes 4x4 de propriedade dos grandes agricultores.

3. O discurso infeliz da presidenta causa revolta na classe-média porteña que sai às ruas para bater panelas e protestar nos famosos "cacerolazos". Os principais afetados pelas retenciones são exatamente os pequenos produtores, ou seja, aqueles que não tem pick-ups 4X4. Foi o primeiro grande cacelorazo em Buenos Aires desde a fatídica crise de 2001. Em outras cidades também batiam panelas.

4. A população marcha até a Plaza de Mayo e encontram os piqueteros oficiais do governo (isso é desconhecido no Brasil, mas existem certos sindicatos que são usados como massa de manobra pelo governo. Basicamente eles são pagos para protestar a favor do governo). As duas manifestações se encontram e sai porrada. A polícia fica olhando. "Fomos instruídos para não interferir", declara um policial a uma rede de tv.

5. Algumas reuniões entre as quatro principais entidades do campo e o governo são feitas, mas o acordo não chega.

6. A despresidenta faz mais discursos sempre com um tom prepotente e batendo de frente com as entidades do campo. Nada de tom conciliador. Diz que está governando para todos e não para uma minoria e diz que riqueza precisa ser dividida.

7. Gôndolas de carne e leite do supermercado Coto do Abasto, onde moro, estão vazias.

8. O governo acusa a imprensa de ser anti-democrática. Cartazes aparecem em toda a cidade com os dizeres "O Clarin mente", criticando o maior jornal do país, que é parte de um dos maiores grupos de comunicação que tem o Canal 13 e o canal de tv a cabo TN.

9. Chega 25 de mayo, uma data cívica argentina. Uma ato organizado pelo campo reúne cerca de 300 mil pessoas na cidade de Rosário e duras críticas são proferidas a Cristina K.. A presidenta faz outro ato em Salta, reunindo 70 mil pessoas e declara que os agricultores são golpistas. Discursos inflamados de todos os lados, a presidenta pede para que os agricultores acabem com a greve para que o diálogo se reinicie.

10. Os agricultores terminam a greve por uns dias. A presidenta diz que com tanto insulto não pode dialogar. A greve recomeça.

11. Somado a tudo isso, o órgão estatal que divulga a taxa de inflação mensal segue anunciado números ridículos em torno de 0,6% enquanto outras associacões independentes calculam uma inflação de até 15%.

12. As entidades do Campo cortam estradas em todo país, impedindo principalmente a exportação de produtos e a chegada de alimento a capital federal.

13. A presidenta lança um plano de redistribuição da pobreza, justificando a taxa de 44% que confisca os lucros dos agricultores.

14. Hoje 14 de maio, o primeiro ato de violiencia policial. A tropa de choque aparece em uma estrada em Gualeguaychu, terra que tem fama de gente política pois a população de lá manteve por mais de 2 anos atos contra a instalação de uma papeleira no Uruguai, justo do outro lado do rio. A polícia veio para liberar a estrada, prendem por algumas horasAlfredo De Angeli (o da foto), um dos líderes do movimento, rola pancadaria mas não conseguem liberar a estrada. Enquanto isso, Eduardo Buzzi, outro líder dos agricultores, declara que os protestos e os piquetes nas estradas vão aumentar ainda mais. Em Buenos Aires, a população invade a Plaza de Mayo em protesto contra a presidenta.

15. Nesse mesmo dia os principais jornais mostram como a economia está afetada pela greve. Os hotéis da cidade estão mais vazios, os argentinos compram menos, as exportações caíram vertiginosamente, a inflação aumenta e por aí vamos.

O que não falta aqui é debate e conversa em todos os canais de notícias e nos jornais. Todo mundo dando sua opinião, xingando e esbravejando. Entrevistas com ministros, entidades do campo são praticamente diárias e não falta assunto para a imprensa. O governo claramente foge da raia e não se mostra aberto ao diálogo com o campo. Prefere os insultos e interpreta a realidade da maneira mais conveniente para eles. Os discursos da presidente são de um raciocínio risível. O governo continua estático e a crise avança para seu quarto mês seguido.

Ok, é preciso distribuir a riqueza, mas para isso seria melhor criar todo um programa para isso e não confiscar 44% do lucro dos agricultores. Imposto é uma coisa, punição contra o sucesso é outra. Será que o pior está por vir?

sexta-feira, junho 13, 2008

Apaixonada pelo meu estuprador.

Outro dia fui com uns colegas do trabalho almoçar num restaurante colombiano perto do serviço. Algo que não posso reclamar é de opção de restaurante nas redondezas da FOX, tem pra tudo quanto é gosto e bolso.


Pois bem, chegamos nesse restaurante colombiano e havia uma televisão ligada na Caracol, que é tipo a Globo colombiana.

O telejornal estava acabando e logo começou uma série chamada "Enamorada de mi violador". Fiquei abismado com o tamanho absurdo da história. Parei toda e qualquer conversa que estava tendo para prestar atenção na história. Como é que em pleno ano 2008 passa uma coisa com essa mensagem na tv?

Basicamente era uma menina que é estuprada por um cara bêbado no começo do capítulo. Ela não consegue ver o cara direito mas percebe que ele tem uma tatuagem. Basicamente para resumir a história, a menina acaba conhecendo um cara no colégio/faculdade e fica afim dele. Eles vão para cama, fazem o que tem que fazer e no dia seguinte quando ela acorda, percebe que ele tem a mesma tatuagem! Ohhhh! Enamorada de mi violador e tudo isso em menos de uma hora!

Depois, comentando com minhas amigas venezuelanas sobre isso, fiquei sabendo de Leonela, uma novela que foi mega-sucesso lá nos anos 80. Basicamente a história é a mesma de "Enamorada de mi violador", mas ao invés de tudo ser resolvido em um capítulo, a trama se arrasta por trocentos capítulos.

A letra da cancão-tema de Leonela se chama "Ladron de tu amor" e é de falta de noção terrível, verdadeiro amor de mulher de malandro com frases do tipo "É quem te faz chorar é quem te ama".

Mas pensando bem no Brasil tivemos novelas com temas tosquíssimos também como Xica Da Silva, Barriga de Aluguel e pra não falar aquela A Viagem, onde tinha céu, inferno e Nair Bello.

Bom, deixo aqui um pedaço da pura poesia de "Ladrón de tu amor".

Soy el ladrón de tu amor tu mal recuerdo 
y soy el nombre que no quieres mencionar 
y al saber de tu desprecio siento miedo 
que nunca nunca me puedas perdonar
es quien te hace llorar es quien te ama 
es quien te hace llorar es quien te ama 
es quien te hace llorar es quien te ama

segunda-feira, junho 09, 2008

Especial Música da Suécia: 4 - Entrevista com Detektivbyrån.

Na busca pelos contatos e emails de bandas suecas acabei me deparando com o Detektivbyrån, um trio instrumental de Gotemburgo.

Com um som bem inusitado e instrumentos raros, a banda traz uma proposta de um som freak doce, bizarremente meigo e lindamente nerd.

A apresentação no clássico festival Roskilde trouxe a banda para a cena independente européia e seus shows pela Europa estão cada vez mais frequentes. Agora, depois de lançaram um EP, eles preparam o novo CD, chamado e18, e planejam uma turnê pelos Estados Unidos.

O empresário teve a gentileza de me enviar dois EP's pelo correio, o que agradeço muito. No papo com Anders do Detektivbyrån, ele fala de música sueca e de como a musicalidade das crianças é incentivada no seu país, do som que fazem e de tudo que planejam para a frente.

1. Por que a música sueca é tão popular? Qual a explicação para isso?

Muitas crianças tem a grande oportunidade de explorar sua criatividade e musicalidade através das escolas de música que temos aqui mantidas pelo governo.
Durante o dia depois do colégio chato você pode ir para a escola de música e tocar qualquer instrumento que você queira. Ou cantar. Isso é muito popular, especialmente para música clássica, mas ainda mais para o pop, rock, jazz e coisas do tipo. Muitas das bandas independentes têm pelo menos um ou dois membros que freqüentaram as escolas de música. Mesmo se o vocalista é um poeta bêbado que mal toca a guitarra, talvez o baterista ou o cara do cello ou o guitarrista já foram para a escola de música em algum momento de suas vidas. Essa poderia ser uma razão para que a Suécia tenha essa reputação.
Eu mesmo tocava baixo nesse tipo de escola, por mais ou menos e certamente colaborou muito para minha vida atual como integrante do Detektivbyrån, mesmo que hoje seja uma coisa totalmente diferente musicalmente e espiritualmente.
Além disso temos esses invernos de bosta que nos forçam a ficar dentro de casa. E o que fazer além do que jogar cartar? Escrever uma ou duas canções.

2. A música que o mundo rotula como sueca é a mesma música escutada aí?

Olha, é difícil dizer já que não viajamos tanto pelo mundo. Na Alemanha e em outras partes da Europa, o ABBA ainda toca nos radios a toda hora e é claro que eles ainda são uma grande banda, mas você nunca vai escutá-los numa rádio sueca hoje em dia.

3. O som de vocês é muito único e singular. Como você definiria? Yan Tiersenn drogado em uma viagem pelo País de Gales?

Obrigado. Definimos como um pop instrumental, pling-plong ou acordeão e vibraphone sobre batidas estranhas. Estávamos bem sóbrios quando gravamos nosso cd, mesmo que isso pareça estranho é verdade.

4. O xilofone traz uma certa inocência a música de vocês. É intencional? Geralmente quais instrumentos vocês tocam?

Sempre estivemos em bandas guitarrentas antes. Nós três tocávamos bateria, baixo e guitarra. Mas aí um dia nos cansamos disso e compramos um acordeão e um glockenspiel (xilofone) e começamos a tocar nas ruas de Gotemburgo. Logo tocamos em clubes e festivais, coisa que nunca havia acontecido antes com nossas bandas guitarrentas. Adoramos o xilofone. Muitas vezes é melhor sussurrar do que gritar se você quer ser ouvido. O xilofone tem um som horrível quando você tenta tocar alto, então o resultado é que menos é mais.
Ninguém pode fugir do som dele. Poderia ser usado como instrumento de tortura se conhecessem seu poder. O segredo é tocar suavemente e amá-lo, isso se você quiser que ele ame você e seus amigos.

5. Por que a opção de não cantar?

Música instrumental fala mais do que mil palavras. Menos é mais. Eu falo demais o dia todo, então é bem relaxante calar a boca e tocar belos instrumentos junto com gente que gosto e que também não fala.

6. Onde vocês tem tocado? Como é a reação do público?

Tocamos nos maiores festivais suecos, em um grande festival dinamarquês chamado Roskilde, um festival de filmes em Riga/Letônia, em bares, ruas e clubes de Gotemburgo. Vamos logo logo para a Alemanha e nesse outono visitamos os Estados Unidos. Vai ser divertidíssimo já que nenhum de nós foi para lá antes.
Parece que nos entendem melhor ao vivo. Frequentemente recebemos uma ótima resposta em qualquer lugar que tocamos. Falamos durantes as músicas, às vezes até demais, e as pessoas gostam mesmo se isso é instrumental. Algo muito legal acontece quando você pega um instrumento pequeno em um palco para uma multidão de duas mil pessas, você não tem aquela pinta de frontmal cool e você não pede para as pessoas dançarem. Eles fazem isso de qualquer maneira já que somos gentis e tocamos um tipo de música que as pessoas não encontram em um palco a toda hora.

7. É muito interessante ver o making off da gravacao do disco no youtube. Quais instrumentos vocês tocam? Fale mais sobre esse cd, os nomes das músicas e as turnês.

Bom saber disso, obrigado. Nosso plano foi e sempre será tocar músicas com belas melodias e bonitos instrumentos, divertir-se num estúdio e fazer músicas que possamos tocar ao vivo.
Para esse cd compramos um vibrafone, que é tipo um xilofone gigante com pratos dentro que dão um som de vibrato único. Antes isso não era possível já que somente usávamos o xilofone, mas agora a família Pling-Plong está finalmente reunida e feliz. Usamos esse vibrafone em quase todas as músicas.
Também sampleamos músicas e as usamos no teclado. Já havíamos feito isso antes no EP Hemvägen, mas só em duas músicas. No novo cd, a caixinha de música é usada demais já que gostamos muito do som dela. Essa caixinha é o nosso menor som mas parece que é o que melhor atinge as pessoas. Você pode ouvir ele no começo da música E18 do EP.

Títulos :
Hemvägen = Caminho a casa
Nattöppet = Aberto à noite
Dansbanan = O Palácio da Música
Vänerhavet = Nome de grande lago da Suécia, um dos maiores da Europa. Crescemos numa cidadezinha perto desse lago e depois nos mudamos para Gotemburgo

8. Já ouviu falar de um festival chamado “Invasao sueca”?

Não, nunca ouvi falar mas parece ser muito legal. Adoraríamos ir aí e tocar.

9. Que tipo de musicas vocês ouvem? Gostam de algum musico brasileiro?

Pop, country, metal, eletrônica e valsa. Na verdade não escutamos nenhuma banda do Brasil, agora sinto um pouco de vergonha por isso.

Fiquei aí com um vídeo de uma apresentação deles ao vivo e o link pro myspace.
Um clássico!

Amor meia-boca.

Estava lendo esse texto aqui e bateu que é uma beleza. Às vezes tudo que a gente precisa mesmo é de um amor meia-boca.

quinta-feira, junho 05, 2008

Um conto surrealista - parte 2.

Dando continuação aos acontecimentos de terça. Pois bem, ontem veio a polícia de novo. Tocaram o interfone e descemos para explicar tudo outra vez. Dessa vez bem mais rápido e ninguém subiu no AP pra procurar defunto, mas a conclusão é que realmente há uma louca querendo nos ferrar.


Hoje, dia 5, fui pagar o aluguel e comentei com o cara da nossa imobiliária sobre o ocorrido. Descobri umas coisas bizarras sobre o bendito andar 12 da torre Arthur Piazzola.

A mulher por qual a louca perguntava no interfone é a dona anterior do apartamento. E, em pelo menos uma coisa a doida está certa, a antiga dona está morta.

Depois dessa velha dona, quem ocupou o apartamento foram uns picaretas que instalaram aqui um tipo de imobiliária golpista, coisa que não pode já que o prédio é residencial. Essa imobiliária canalha passou a perna em muita gente, pegavam o dinheiro do depósito do aluguel das pessoas e as pessoas nunca alugavam os apartamentos de verdade.

Diz a lenda que em alguns dias havia umas pessoas esperando para bater nos picaretas da imobiliária no portão. Em alguns dias formavam pequenas gangues e os picaretas golpistas tiveram que fugir de madrugada.

Legal, né? Nada como conhecer a história feliz do lugar que a gente vive.

terça-feira, junho 03, 2008

Um conto surrealista.

Buenos Aires, 21h40.


Assisto TV na sala e toca o interfone. Uma voz feminina pergunta por um nome desconhecido. Simples engano, penso eu. Repito que ela está enganada.

A voz feminina pergunta ironicamente se eu matei então essa pessoa e por isso que ela não está aqui. Escuto ela falar gritando com o porteiro da entrada que sou um assassino. "Essas pessoas que alugaram o apartamento são assassinos". Ela grita mais uma vez e sai.

Quinze minutos depois o interfone toca de novo. Dessa vez quem atende é o Leonardo. É a polícia, melhor descer e ver exatamente o que está acontecendo.

"Recebemos a denúncia que há uma pessoa morta no apartamento de vocês". Explicamos a situação, o porteiro também fala. Claramente se trata de uma pessoa louca e os policias logo se dão conta.

Pelas dúvidas, um dele vem até o nosso apartamento de vem verificar se não há mesmo um defunto escondido aqui. Olha a cozinha, sala, dois banheiros, dois quartos. Ok, clear.

"Perdón por la moléstia, muchachos". 

Tudo bem, apenas outro dia na capital da psicanálise.

Detalhe, ele não olhou nos armários.

segunda-feira, junho 02, 2008

In treatment.

A primeira profissão que quis ter foi a de veterinário. Mas logo, ainda quando criança, já mudei parae oftamologista. Todas aquelas visitas àqueles consultórios tão cheio de aparatos me fascinavam.

Mas aí com a adolescência veio minha paixão pela publicidade. Nunca fui muito de mudar de canal quando chegava a hora dos comerciais. Sempre os assistia e me encatava a idéia de um dia poder fazer aquilo, mesmo sem ter a mínima idéia de tudo que girava ao redor desse mundo.

Mesmo assim acabei fazendo segundo grau técnico em Cubatão. Sim, estudei informática industrial e era até mais ou menos competente nisso, mas sempre achei chatíssimo todo esse mundo de programação, LED's, diodos, capacitores e transistores.

Aí veio a época do cursinho e eu precisava ter certeza realmente do que queria estudar. Comunicação sempre foi a opção número 1, mesmo com o meu pai insistindo sem cansar que eu deveria fazer Direito. Nessa época fiquei muito em dúvida em fazer Geografia, sempre fui bom em mapas, ou Psicologia. Via aqueles filmes com psicólogos ou psiquiatras e adorava. Até "Máfia no divã" eu curtia.

Aí percebo que não é a toa que muitas das minhas séries preferidas tratam de psicólogos, psicoanalistas ou psiquiatras. Já tinha Cupid, com a belíssima doutora Claire, e Huff, com o fodão do Hank Azzaria.
Agora conheci "In treatment" e me internei num fim de semana vendo isso. A série é diária, de segunda a sexta. Cada dia da semana é um paciente diferente e na sexta é o analista que vai para sua análise.

Fazia muito tempo que não via uma série com tantos diálogos memoráveis e personagens ao mesmo tempo complexos e bem construídos. A Laura, paciente que se apaixona pelo doutor, é um show de personagem. Ótimas frases, metáforas, comparações e um humor mais ácido que coca-cola com esfiha picante. Não perco uma sessão dela!

Pois é, mas assistindo todas essas sessões de terapia percebi que não seria mesmo um bom psicólogo. Certamente perderia a paciência na primeira consulta. Acharia que todas essas neuras seriam apenas besteira e mandaria todo mundo pastar!

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