Tenho um leve preconceito contra best-sellers. Tudo bem que adorei "O Código da Vinci", mas mesmo assim odeio "best sellers"!
Acontece que minha tia Martha insistiu para que eu lesse "O Caçador de Pipas". Insistiu tanto que acabou me dando de presente o livro. Ou seja, não dava para fugir. Perguntei-me onde é que eu estava já que nunca tinha ouvido falar desse livro! Nunca!
Trata-se de uma história sobre a amizade de dois meninos afegãos, tendo como pano de fundo as guerras e reviravoltas desse país. Confesso que demorou para o livro me "fisgar", mas quando fui conquistado não consegui mais parar.
É uma história bem daquelas emotivas. O narrador, Amir, é de uma família considerada rica em Cabul e tem como melhor amigo Hassan, o filho do empregado da casa que é fiel como um cachorro de rua adotado para com ele. A Rússia acaba invadindo o Afeganistão e Amir e seu pai acabam tendo que fugir do país. Muitos anos depois, Amir volta em busca de uma criança e encontra sua terra natal dominada por talibãs, com uma sociedade bizarra.
Cheio de flashbacks, citações e palavras na língua original farsi , o livro acaba mostrando de uma maneita interessante todos os costumes, a políticas e as relações sociais do país, principalmente quanto às distinções existentes entre as castas. Amir é rico e tem dinheiro e seu melhor amigo é Hazara, uma das piores raças possíveis. A honra também é uma coisa importantíssima na sociedade afegã dos anos 70, mais até mesmo que a própria verdade. Isso é latente na história.
Marc Foster é o diretor da versão cinematográfica da história. Basta dizer que o cara dirigiu, entre outros, de "Mais estranho que a ficção" e do ótimo "A passagem".
Obviamente muita coisa acaba se perdendo ao se passar para pouco mais de duas horas, uma história que se passa durante mais de 30 anos. Sem a presença do narrador em primeira pessoa, perdemos muito dos sentimentos do personagem, mas não imagino como poderia ter sido de outra maneira.
Ao contrário do livro em que a história vai e bem, o filme é bem mais linear: apenas um flashback. As partes que foram cortadas, em sua maioria, são as menos importantes e a história flui normalmente. Talvez só no final, quando não se fala nada dos problemas burocráticos da adoção da criança que fica meio estranha. Se fosse explicado seria muito mais facil o comportamento estranho do menino. Ótimo também a escolha por atores locais desconhecidos e que falam de verdade a língua nativa.
Muito se falou de uma polêmica cena de estupro que é detalhada no livro. No filme, o episódio tem o mesmo impacto no enredo, porém é narrado de uma forma nada explícita e um tanto quanto impressionista. Não entendi porque tanto alarde pela cena.
O Caçador de Pipas é um dos poucos casos onde o livro é muito bom e o filme está à mesma altura. Se você ainda não viu/leu, saiba que a história é muito mais que duas crianças e uma pipa. Se você é do tipo que chora em filme, não esquece o lenço.
Moral da história: às vezes é impossível não se render ao hype.
domingo, janeiro 20, 2008
O Caçador de Pipas - o livro e o filme.
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9 comments:
Eu tb não resisto a hypes
falar em hype, o novo da cat power já ouviste? é o disco do ano e ainda estamos em janeiro.
Estou na mesma situação que você.
Mas ainda espero que alguém me dê o livro.
Gian, nao ouvi o novo da Cat Power nao... pra falar a verdade meu conhecimento sobre ela é quase nulo.
não vou ler esse livro nem fodendo. ô nomezinho chumbrega!
Marcelo, seu insensível!
MArc Forster dirigiu também "A Última Ceia", que me deixou chorando um choro dolorido. Minha irmã ficou de me emprestar esse livro. Estou na espera.
e também dirigiu "Finding Neverland". O cara é foda, meus caros.
Não li o livro mas vi o filme. Achei muito bom, emocionante.
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