segunda-feira, agosto 07, 2006

This is nothing like it was in my room


Enquanto ela dormia abraçada no seu ombro, ele olhava pro teto azul escuro e tentava lembrar tudo o que sabia sobre ela: nome, sobrenome, de onde veio, o que faz. Era só isso. Aquele série de pessoas que entravam e saiam de sua vida semanalmente deixavam apenas essas 3 informações. O sobrenome foi exceção.

Olhava para as fotos desconhecidas na parede e pensava em como os filmes americanos diziam a verdade. Imaginou-a como a gordinha da "high school". Uma nerdzinha dedicada mas nem um pouco popular, que começou a mudar de atitude e visual na faculdade, mas que mesmo assim nunca deixou de ser a nerdzinha.

"Vamos ser práticos, para que ela me serviu?", pensava ele. Ego, massagem no ego. Eu gostei de você desde a primeira vez que te vi. Essa frase valeu mais que tudo. Mesmo que ela mentisse, mesmo que ela não estivesse 100%. Quis apenas acreditar no que escutou e de alguma forma isso lhe fez bem.

E o teto azul escuro? Lembrou da Jen e de que dela sim existiam muito mais coisas que sabia. Muito mais do que nome, sobrenome, de onde veio e o que faz. Sabia o que queria, o que pensava, de que música gostava, que tinha o mesmo gosto para filmes: "cult, mas nem tanto. comercial, mas nem tanto". Sabia até o nome do pai. Sabia muitas coisas, até o jeito que ela perdeu um dente e o que foi feito para que nada fosse notado. Não conseguia esquecer a risada dela na hora que ele havia feito o comentário sobre pouco sol, frio e música boa. Ela riu e concordou sorrindo: "Nunca tinha pensado dessa maneira, mas faz muito sentido". Ela está longe agora, mundo injusto.

Fechou os olhos e ficou revivendo aquele momento por algumas vezes. Já era tarde madrugada e seus pensamentos logo se transformaram em sonhos. Adormeceu. Quando acordou, saiu rapidamente em silêncio sem ser notado. No caminho ligou para a agência de viagens. Tantos dólares, falou a atendente. Três meses, pensou ele. Três meses.

3 comments:

Anônimo disse...

Contagem regressiva demora mais. (:

Túlio disse...

ô se nao demora.

marie. disse...

é tão mais fácil pensarmos naquilo que parece um terreno "familiar" do que tentarmos fazer do desconhecido tão familiar quanto... né? hm, acho que sim.

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