In treatment 2

Já falei anteriormente de In Treatment mas volto ao tema por causa de sua segunda temporada.

A série, que mostra a cada dia uma consulta com o psicoterapeuta Paul Weston e suas próprias consultas com outra terapeuta, chegou com novos episódios simplesmente sensacionais.

Não vou me empolgar e dizer que é a melhor série da TV atualmente, já que são tantos gêneros diferentes que fica difícil ser justo. Dexter, Prison Break, Californication, Entourage, Flight of the Conchors estão ali todas junto com In Treatment na elite do mundo de séries.

Porém nenhuma delas chega tão fundo nos personagens como essa. São consultas, confissões, dramas e mais dramas contados e expostos brutalmente de uma maneira única, que eu nunca tinha visto.

Na segunda temporada o Dr. Paul está lidando com um processo judicial do pai de um ex-paciente que se matou e toda a pressão que isso acarreta. Fora que ele atende uma menina que descobre que tem câncer, um casal recém-divorciado que tem um filho pequeno, um magnata que tem problemas para dormir e uma advogada bem sucedida, mas encalhada, interpretada pela ótima Hope Davis.

É vício na certa. A cada semana mato 5 episódios num dia só.

Trucho

Trucho é sinônimo de pirata, falso, mentiroso na Argentina.

Uma camiseta de futebol trucha, por exemplo, é aquela que é piratex vendida a preços muito mais baratos e uma qualidade bem inferior a oficial.

Aníbal Ibarra, ex-prefeito de Buenos Aires deposto depois da tragédia de Cromagñon, é um político trucho.

O ex-prefeito participou de um quadro do Telenoche, principal noticiário da TV argentina, onde um repórter passeia pela cidade com um político ao mesmo tempo que vai vendo a reação da gente nas ruas para com ele.

Se for pra ser pirata, que seja uma dessas.

Acontece que, ao contrário da maioria dos casos, somente se aproximavam de Ibarra pessoas com elogios e palavras de apoio, o que é raríssimo visto o passado dele. A armação era tão falsa que logo isso ficou na cara e o político se afastou das câmeras, com a desculpa de dar uma entrevista por telefone.

Ele saiu do enquadro mas continou com o microfone aberto e se pode ouvir claramente o político pirata falando com seu assessor e pedindo para que não mande mais gente para elogiar e abraçar, já que todo mundo estava percebendo.

Trucho, tudo muito trucho.

A dúvida que eu tenho é: será que os políticos brasileiros tem um limite para cara-de-pau ou eles são tão bons para mentir que ninguém percebe isso?

Embaixo a reportagem completa que saiu no ar.

Porcina

Gripe suína na Argentina se diz GRIPE PORCINA.

E na TV outro dia vi uma entrevista não com a Viúva Porcina, mas com uma viúva da porcina... Saca?

Desnivel

Coloquei fim à maratona culinária de visitas com uma passadinha no Desnivel, uma clássica parrillada situada na Calle Defensa, em San Telmo.

Já tinha visitado a casa com um bando de gringos do albergue, quando visitei a cidade a turismo em 2005 e tinha aprovado.

Não espere investimentos na estética ou na arquitetura, mas sim na qualidade dos pratos. O restaurante tem uma fachada feiosa, um ambiente bem rústico cheio com uns quadros nada a ver de umas cidades que estão a anos luz de distância e aqueles garçons mega-clássicos, que certamente devem ter milhares de histórias para contar. É um dos endereços mais visitados pelos gringos que vivem no bairro, por isso não estranhe ouvir trocentas línguas diferentes por lá.

Pude conhecer pessoalmente a "Suprema Maryland", que é uma milanesa de frango com creme de milho que acompanha uma banana também a milanesa. Verdadeira bomba calórica.

Existem muitas outras minutas, como lomo a pimenta e claro toda o leque de carnes que envolvem todo churrasco argentino que se preze. Comida farta e obesidade certa. Há também a opção de escolher o acompanhamento da carne: batata frita, purê, purê de abóbora e etc, coisa que não é normal na cidade.

Os preços são ok, um tanto quanto inflacionados em certos pratos mas nada acima da média de Buenos Aires. Para economizar a opção é uma milanesa ou a suprema, mas fica difícil resistir a um mega bife.

Definitivamente um lugar para quem não é cheio de frescura. Mais no sempre presente Guia Óleo.

El cuartito

O legal de ter visitas na cidade é que sempre acabo descobrindo coisas novas ou visitando lugares que os guias dizem que é obrigatório.

Com a visita da Dona Adélia pela cidade acabei chegando no El Cuartito, um dos mais tradicionais endereços da cidade no quesito pizza e empanada.

Já tinha ouvido muito falar do lugar, e até mesmo o famoso Anthony Bourdain em seu programa "No reservations" visitou o lugar, falando as maiores maravilhas sobre a tal empanada.

El Cuartito é fica perto da Av. Córdoba, escondido na Calle Talcahuano e é um restaurante bem grande e movimentada. A decoração no maior estilo "coisas velhas que o tiozão foi juntando durante décadas" reúne desde cartazes de filme, à várias pérolas de times argentinos e internacionais, além de muitos cartazes de boxe. Um cartaz de uma luta do George Foreman é sensacional.

O povo argentinos é exagerado por natureza. Sempre bom lembrar que eles realmente acham que o Maradona é o melhor jogador do mundo mesmo. É óbvio que aqui existe muita coisa boa na parte culinária. O doce de leite e o sorvete são inigualáveis, por exemplo. Porém, a própria cozinha argentina não é lá assim tão sensacional e inovadora. Afinal qual é o grande mistério de por um pedaço de boi no fogo?

Isso tudo é só pra falar que El Cuartito vende uma empanada honesta e uma pizza ok. É gostoso e nada mais. Acho coisa igual ou melhor ali na quadra detrás de casa, pagando pela metade do preço. Não existe muito o que inventar "a nível de" empanada e os gostos variam muito pouco pela cidade. A casa histórica e o ambiente caótico e barulhento podem até ter seu charme, mas existem muitos outros endereços para visitar em Buenos Aires ante desse.

Mais do El Cuartito no Guia Óleo.

Materializando amizades

Antigamente eu até tinha um pouco de vergonha de admitir que fazia amigos pela internet. Mas os tempos são outros e graças a "rede mundial de computadores" você pode se isolar do mundo e conviver com pessoas do seu mundo.

Vivendo numa cidade ainda estranha, com poucas amizades "reais", isso é ainda mais frequente.

Outro dia li um artigo não sei onde com o título de "5 coisas que a modernidade está mudando em sua vida". Um dos itens era exatamente esse: cada vez menos estamos convivendo com gente chata.

Pense bem, é uma benção. Você cria seu próprio mundo, afastando todos os inconvenientes dele. O problema é a total intolerância que nutrimos contra esses malas.

Existe um poetas desses de rua, que me persegue em Buenos Aires. É um sentimento dúbio que sinto, assim como a maioria de pedintes que me abordam. Você tem dó e até mesmo compaixão pela situação de bosta dessa pessoa, mas não pode evitar de sentir raiva quando eles interrompem uma conversa. O tal poeta já me abordou umas 3 vezes em Palermo e outra na Recoleta. Numa apenas disse não bem ignorante. Na outra, tive dó e ouvi a ladainha inteira. Depois fingi que eu era gringo e fiquei falando "no compreendo".

A próxima eu juro que cuspo no cara.

Fracasso argento

Dos 5 times argentinos que disputam a Copa Libertadores 2009, três não se classificaram para a próxima fase. E olha que alguns deles estavam em grupos que eram puro "mel na chupeta".

Boca Juniors e Estudiantes de La Plata passaram. Lanús, River Plate e San Lorenzo estão fora. E não é que eles lutaram até o final. A maioria deles foi humilhada, como o River perdendo no Paraguai para um time que só estava a passeio no campeonato. Ou o San Lorenzo, que em 5 jogos ganhou um e perdeu o resto.

E pelo jeito o Boca não deve continuar muito tempo na copa. Bem no dia que Cris Kirchner presenteou o pé-frio do Lula com uma camisa do clube, o Boca perdeu. É eliminação na certa!

Valeu, Cris!

Mais do Proyecto Verona

O Proyecto Verona era a banda argentina que mais gostava quando morava no Brasil. Uma ex-namorada tinha comprado um disco deles em uma viagem pra Buenos Aires, e juntos gastamos bastante aquele cd de tanto escutar.

Eles tem poucos e bons cd's. Agora, em preparação para o próximo, eles lançaram o EP Tabaco & Chocolate. Dá pra escutar no myspace deles ou baixar no site.

Tabaco & Chocolate é composto por 3 canções. Uma que leva nome do EP, Perfecto Camarada e Tu voz bipolar. Nessa última, a vocalista Vero Verdier, divide a cantoria com o Juan Ravioli, um "cantautor" que já vi vários shows, mas que nunca falei propriamente aqui no blo. Um crime!

Fiquem aí com o clip de Tabaco & Chocolate.

Bodegones de Buenos Aires

Não sei a definição exata de Bodegón, mas o que eu sei é que é um bar/restaurante antigo que sobrevive ao tempo e as modernidades da era atual.

As porções em geral são grandes e a comida bem tradicional. O único problema é que muitas vezes sobrevive também o tratamento arcaico ao consumidor. Modernidade zero.

O Diário Perfil fez um especial, reunindo os melhores endereços da cidade, baseado em um livro lançado recentemente. Eles juntaram a tecnologia do Google Maps e você pode ver detalhadamente a localização de cada bodegón. E claro, quem quiser pode sugerir novos endereços.

O link para o site Bodegones de Buenos Aires.

A notícia.

Crise no Super-clássico

Ontem, domingo 19, Boca e River fizeram mais um Super-clássico argentino. Os dois times que se odeiam mortalmente acabaram empatados em 1 a 1.

E a crise mundial pode ser vista até nesse jogo. Os responsáveis pelo credenciamento de jornalistas extrangeiros dizem que esse ano diminiu em 50% o número de meios de comunicação presentes no jogo.

Além disso o Boca está numa péssima colocação no campeonato nacional, e o River Plate só um pouquinho melhor. Não era um jogo importante pro campeonato. Apenas era um super-clássico.

Tenho que concordar com os argentinos, que adoram dizer que tudo deles é o melhor. O clima na cidade fica diferente no dia que Boca Juniors e River Plate se enfrentam. Nunca fui ver ao vivo o tal embate, mas tenho razões para acreditar que está entre os maiores derbys mundiais. Só perde para o Clássico da Praias jogado em Santos pela Portuguesa Santista e o Jabaquara.

Política e tatuagem

É fato que os argentinos são extremamente vaidosos, muitas vezes ultrapassando aquela linha tênua que divide a ousadia estética do mais puro ridículo.

Andar pelas ruas da cidade, principalmente por Palermo, é um verdadeiro freak show.

Outro dia apareceu uma propaganda política com um cara e o que me chamou atenção foi uma grotesca tatuagem, daqueles ideogramas em japonês, bem no pescoço do cara..

Era o tal de Francisco De Narvaez, empresário dono do América, um dos canais de tv do país, e deputado federal pela província de Buenos Aires. Segundo consta, a tatuagem significa "Serpiente de Agua". O pior é que ele tem outra no braço que significa "CRISE".

Pera lá, um argentino com uma tatuagem de CRISE é ou não é sensacional? O cara ainda paga todo de moderninho e tem um site cheio de extensões para mídias sociais: facebook, twitter, youtube e até fotolog!

Posso parecer um pouco obtuso e conservador, mas um tiozão de 56 anos com tatuagem no pescoço não dá pra ser político não, gente! Ainda mais um mal gosto desse para escolher.

Imagina o Lula com um símbolo do Corinthians tatuado?

Locutando com Narda.

De uma hora para outra começaram a pipocar trabalhos de locução pra mim aqui em Buenos Aires!

O que é muito bom, já que geralmente são coisas bem divertidas e que não requerem tanto esforço da gente.

Hoje por exemplo, fui gravar umas receitas que vão estar em um site, e senti na pele o quanto estava enganado sobre o trabalho de locução.

Nunca imaginei que gravar 4 receitas culinárias seria tão difícil! Tive também o prazer de conhecer a Narda Lepes, de quem já falei nesse post aqui.

Mesmo sendo toda uma celebridade televisiva/culinária, a apresentadora é uma verdadeira simpatia pessoalmente.

Não perdeu a paciência em nenhum momento, ao explicar como eu deveria falar cada frase umas mil vezes e dizer passo a passo os detalhes de cada receita. Depois de 2 horas de gravação, praticamente sabia de cór como fazer as receitas.

Uma das receitas ela me fez prometer fazer em casa para antes da próxima gravação.

Acho que vai ser desastroso.

Poléxia x Lorenza

Há dois dias falei do novo cd da Poléxia aqui. Interessante que ao começar a ler as críticas que fizeram o cd, achei essa menina Lorenza Pozza, que também é de Curitiba.

Lorenza faz versões acústicas e com uma cara mais MPB para algumas canções da Poléxia. O resultado é interessantíssimo. A guria tem uma baita voz e os arranjos, bem diferentes das versões originais, deram um clima bem diferente para as músicas.

No myspace dela, as versões da Poléxia, tem tem mais de 30 mil audições cada. Wow!

Onde foi que eu estava que não sabia da existência dessa guria? Na Argentina... só pode ser.

Seria ela uma Mallu Magalhães do bem? Lorenza, fique longe do Marcelo Camello!

http://www.myspace.com/lorenzapozza

Aqui o vídeo com uma versão de "Quando a luz se apaga"

Gazeta do Povo me envia mensagem subliminar

Nessa terça-feira, dia 14 de abril, fui surpreendido com a seguinte charge na Gazeta do Povo, maior jornal de Curitiba e do Paraná. Veja aqui também.

Seria uma mensagem subliminar para minha pessoa? O que isso significa? Por que o cartunista iria citar justo a emblemática instituição da Portuguesa Santista, clube que tanto amo?

E em tanto tempo morando em Curitiba nunca vi outra pessoa ostentar com orgulho o manto sagrado da Briosa. Cansei de usar minha camiseta da Briosa, sendo na faculdade, em casa ou até mesmo nos shows dos saudodos Buttertoffs, que segundo um garçom do bar Camorra, era a banda que mais levava mulher para aquele estabelecimento.

O fato é até o fim de 2005 era bem fácil encontrar um cidadão com a camiseta da Portuguesa Santista no centro de Curitiba.

Camiseta da Portuguesa Santista em um show do Buttertoffs

Camiseta da Portuguesa Santista em algum local próximo à Praia do Rosa / SC

Onde enfiaram o bastão presidencial?

A sede do governo nacional argentino foi palco de um roubo bizarro nesse último fim de semana.

Levaram um bastão do ex-presidente Arturo Frondizi, que governou o país entre 1958 e 1962.

Para quem não sabe, a Casa Rosada possui um museu presidencial, situado em seu subsolo, com várias relíquias e quinquilharias governamentais, entre eles o item roubado. O espaço está há muito tempo fechado para reforma, por isso as suspeitas caem em cima de funcionários da presidência.

As más línguas apontam Cristina Kirchner, que haveria extraído a vara presidencial na calada da noite para uso próprio.

Estaria ela em crise com Nestor Kirchner? Onde foi que enfiaram o bendito bastão?

O mistério continua.

Esperando o novo do El cuarteto de nos

Já falei aqui várias vezes que minha banda argentina favorita é na verdade uruguaia.

Cansei de ir em shows do El Cuarteto de Nos desde 2006 quando descobri o ótimo clip "Yendo a la casa de Damian", do cd Raro.

Desde então baixei a discografia completa e virei um verdadeiro fã dessa banda de tiozões uruguaios que fazem um rock com a dose exata de irreverência e ironia, sem ser xaropes.

Os caras tem letras sensacionais, não é qualquer um que escreve No quiero ser normal, por exemplo.

Porque tienen la teoría
que siempre la mayoría
de la gente tiene razón.

Si en una isla abandonado
quedo con tres retardados
y si entre ellos un líder votan
yo no le voy a dar pelota
No, democracia no
mi voto es mejor


Para os desavisados, recomendo os dois últimos cd's dos caras. Enquanto esperamos o novo disco, eles vão postando vídeos no youtube. Algo como um diário de gravações. Aqui um deles.



E para que curte uma bobeira, tem esse vídeo velho deles onde eles fazem piada com a Invasão inglesa no Uruguai e todos os nomes de times de futebol e províncias que foram traduzidos. É idiota e bom ao mesmo tempo!

Poléxia - A força do hábito

Para os desavisados, uma das minhas bandas favoritas de Curitiba de longa data, a Poléxia, disponibilizou por completo em seu myspace o seu segundo cd "A Força do Hábito".

Em outubro de 2008 fiz uma entrevista com o Rodrigo Lemos, frontman do grupo, onde ele já falava do novo disco. Dê uma lida aqui.

Minhas preferidas até agora são "O capa dura", "Você já teve mais cabelo", "O radar" e a belíssima "A balada da contramão".

http://www.myspace.com/thepolexia

Gomorra

É muito raro eu ver um filme que não goste. Geralmente sempre leio as críticas, ouço os comentários dos chegados, vejo quem é o diretor, quais os atores para escolher o que ver. Mas de tempos em tempos a crítica me engana.

Gomorra é um caso típico. Um filme comentado em todo mundo, ganhador de vários prêmios, elogiado por toda crítica. Mas assistir a essa história no cinema foi uma verdadeira tortura.

O filme tem um caráter documental e aborda várias tramas, mostrando vidas e mortes de pessoas ligadas à máfia.

São cenas e mais cenas intercaladas sem muita ligação sobre si, sem uma ponte ou conexão mínima que seja. Uma direção medíocre que abusa dos closes e da câmera tremida que mais parece um misto de Olga, filme brasileiro onde só tem close, com Bruxa de Blair. A trilha sonora, que volta e meia cai em música popularescas dance da Itália é torturante.

A história não engata, você desconhece as razões e motivações da maioria dos personagens, assim como fica sem saber o que muitos a agirem de certa forma. Você não sente nada porque nenhum deles é trabalhado com mais profundidade.

A parte documental fica pelo fato de que a parte entediante, chata e menos interessante da realidade é a grande coqueluche do filme. Pra quê? Realismo? Para isso basta eu ir ali na esquina e ver dezenas de pessoas feias sem nenhuma perspectiva de melhora de vida. Até um documentário tem uma estrutura coerente, coisa que Gomorra passa longe.

Além do mais qual é a grande revelação do filme? A máfia é corrupta e mata qualquer um sem dó e piedade? Mas quem já não sabe disso? Ao contrário de Cidade de Deus ou Slumdog Millionaire, você não é levado para o interior de Nápoles, sua cultura e dia-a-dia. É apenas bombardeado com uma rajada de vida real, com quase nenhuma história ou drama.

Gomorra, a maior farsa do ano.

Buenos Aires e seu ônibus turístico

Era de estranhar que uma cidade como Buenos Aires ainda não tivesse um serviço de ônibus como esse. Curitiba e Santos tem passeios desse tipo há tempos, por exemplo.

Finalmente foi inaugurado hoje o Buenos Aires Bus, que tem capacidade para 70 passageiros e faz uma passeio de 2h40 pela cidade, num total de 12 paradas: Diagonal Norte e Florida, Plaza de Mayo, Congreso, Monserrat, San Telmo, La Boca, Reserva Ecológica, Puerto Madero, Plaza San Martín, Rosedal de Palermo, Plaza Italia, Recoleta, terminando em Lavalle e Libertad.

Também possuem guias turísticos em vários idiomas e custa 25 pesos por um dia ou 35 pesos o passe para dois dias.

Um bom passeio, não?

Berlim é logo ali

As cidades de San Isidro e San Fernando, da zona norte da Grande Buenos Aires, estão em pé de guerra.

O prefeito de San Isidro começou a construir um muro, separando um dos bairros de sua cidade e com a intenção de impedir que os maloqueiros transitem com facilidade de San Fernando para sua cidade.

Obviamente a população foi para as ruas reclamar desse novo muro de Berlim. O prefeito de San Isidro argumenta que todos os crimes que acontecem no bairro onde vai ser construído o muro são de autoria de delinquentes de outras cidades. Logo, um muro para acabar com a violência.

Pois é, meus caros. Como vocês podem ver, a idiotice governamente não está só no âmbito federal. Se bem que até a presidente Cristina, eum rápido flash de sensatez, declarou que a construção desse muro é uma "involução.

Mais no La Nación.

A outra ditadura argentina

Julio Grondona completa 30 anos na presidência da AFA, a associação que comanda o futebol argentino.

Nesses anos foram pataquadas atrás de pataquadas e um estilo de governo que parece muito ao de Cristina Kirchner: zero conciliação, 100% confrontação.

É de se imaginar como o futebol argentino, um dos melhores do mundo, estaria sem essa múmia na direção.

Para entender melhor recomendo o especial cheio de infográficos irônicos do Diario Perfil

E também o texto do jornalista Sergio Levinsky, que também foi publicado no blog do Juca Kfouri.

Novos do Gomez e Doves

Duas das melhores bandas inglesas da atualidade, tirando aquelas grandes do mainstream que fazem shows para milhares de pessoas, lançaram cd´s novos recentemente.

Gomez e Doves fazem parte de um rol de grupos que são "not mainstream thank you very much". São bandas que já tem uns bons anos de estrada, com alguns grandes sucessos ali e aqui, mas que no fim essa vida não tanto mainstream acaba dando mais liberdades para eles fazerem o que quiserem nos seus álbums.

Gomez - A New Tide

Desde sempre o Gomez teve um pé na roça. New tide é algo como a continuação de do anterior "How we operate", de 2006, um dos mais bem sucedidos da banda com hits como "See the world" e "Notice", que foram trilha de várias séries como a massiva Grey's Anatomy.

A fórmula é quase a mesma. Belos arranjos de violões com explosões de guitarras e refrões incandescentes, junto com mudanças e quebras de climas, do intimista ao nervoso em segundos. Tudo isso untado com letras sensacionais. O hit "Little pieces" é exemplo clássico dessa matemática gomeziana que se traduz numa baita música.

Além dessa, minhas preferidas são "Win Park Slope", a suja "Airstream driver" e a contagiante "Natural Reaction".

É música para cantar junto, meus caros!

Doves - Kingdom of Rust

Se o britrock é uma religião, Manchester é sua meca e Jimi Goodwin e os irmãos Williams são uns dos seus principais sacerdotes.

Exageros à parte, o Doves é uma das bandas mais classudas da atualidade. Sempre entregando ótimos cd's com um tipo de som que só eles fazem.

Foram 4 anos de espera após "Some Cities" e "Kingdom of Rust" não decepciona. Desde sempre a banda foi apontada como uma das substitutas do U2 no quesito stadium rock. Nunca concordei muito, mas ouvindo "Jetstream", a música inicial do novo cd, percebi o que eles queriam dizer. Um som que vai crescendo, dominando os sentidos e se transformando num digno abre-alas do que vem por diante.

"Kingdom of rust" vem em seguida sendo resultado de um Vangelis com britrock, uma melancólica balada épica (se é que isso existe) que pode ser considerado um resumo do cd: é Doves, só com mais camadas guitarrentas que criam um clima etéreo e melancólico.

"The greatest denier", "Winter hill" e "Spellbound" lembram o Doves de The Last Broadcast, o cd de 2002 que tornou a banda famosa mundialmente, com uma levada mais stadium explosiva.

"Compulsion" que parece meio fora de lugar, com uma ginga funky swingada, mas que casa muito bem com o outro vocalista da banda.


Fique aí com o Gomez ao vivo no Jimmy Fallon

CQC com aroma de mulher

Para os desavisados, começa hoje na Argentina a 13ª temporada do CQC, que há muito já é um frenesi na TV local.

A grande novidade é a mudança do condutor principal. Sai Mário Pergolini, o criador do formato do programa e um dos donos da Cuatro Cabezas, e entra Ernestina Pais. Ela já é bem conhecida do público argento, sendo já apresentadora de programas matutinos e outros de cinema na TNT.

Mesmo muito criticado por estar mais brando, mais calmo com políticos, o programa ainda é uma das mais principais atrações da TV argentina. Ano passado, por exemplo, o Gonzalito, um dos repórteres que nessa temporada vai para a bancada, tinha acesso quase que total a presidente Cristina, o que gerou muitas perguntas da imprensa tradicional argentina

Ao menos ano passado o CQC argento tinha o horario comercial mais caro de toda a TV aberta do país de DDD 54.

Malandro é mané.

Taí a coluna que escrevi para a Revista Um.

Uma verdadeira ode contra a brasilidade. Clique na imagem para aumentar o tamanho.

Agradecimentos à Lívia, que escaneou a página e me mandou! Gracias!

Até em Londres tem piqueteros!

Num mundo globalizado e em crise, cada país deve investir no seu melhor, trabalhando em suas qualidades e mão-de-obra especializada, transformando-os em bens de consumo de escala global.

O Brasil largou na frente e logo exportou flanelinhas em um acordo do Mercosul. A cada dia Buenos Aires tem mais e mais desses trabalhadores. Coisa que há 3 anos não se via nas ruas. Um verdadeiro orgulho.

A Argentina tambén não fica para trás. Os famosos piquetes, conhecidos mundialmente, por fechar ruas e estradas com bando de pessoas reclamando de tudo, também foi exportado para o primeiro mundo.

A glamourosa Cristina Kirchner, em sua recente visita a Londres para a cúpula do G20, teve um encontro com um piquetero argentino que esta no país para popularizar e vender tal matéria-prima tão valorizada como a carne argentina.

Veja o vídeo:



Transcrição:

- Cristina!
- Pare de roubar o campo (agricultores), Cristina!
- Pare de roubar o campo!
- Excuse me. (seguido de truculência)
- No.
- No, no, no.
- As pessoas estão morrendo de fome, viu.

Como conhecedor dos diversos tipos de piquetes argentinos, creio que para esse faltou bater um pouco de panelas. Mas de qualquer maneira a iniciativa é mais que válida.

Yo en la Revista Um

O amigo Leonardo Vinhas manda avisar que finalmente saiu meu texto sobre a brasilidade na última edição da Revista Um. E tem mais, o Fernando Ventura fez uma ilustração especial para minha coluna.

A capa é essa aí e meu texto está no miolo. Se você quiser comprar e mandar a página escaneada para eu ver como ficou agradeceria muito.

* Lembrando que o Aires Buenos já foi escolhido como um dos blogs do mês pela mesma revista. Aqui.

"Bolitas" dão o troco

Faz umas 3 semanas, no jogo do Independiente contra Boca pelo campeonato argentino, a torcida dos "diablos rojos" deu um show de xenofobia ao levar bandeiras da Bolívia e gritar que a torcida boquense era só de bolivianos, ou bolitas como dizem. Fiz um post aqui sobre isso.

Seria mais ou menos dizer que a torcida do Flamengo é formada por um bando de "paraíbas". Bolivianos e peruanos são em grande número em Buenos Aires, para onde imigram onde e acabam trabalhando em atividades braçais e de baixa-renda, como quitandas de frutas e quioscos.

Pois bem, os paraíbas da Bolívia deram em campo um cala boca inesquecível para essa prepotência e xenofobia imbecil que parte da sociedade argentina ainda tem. Um 6 a 1 bonito de ver, que fez muita gente tomar no c*.

El Diós argento assistiu de camarote e disse que cada gol boliviano era uma punhalada no coração. Dá uma bela letra de tango isso, não?

Cada gol que você faz
É uma punhalada no coração
Cada bola que entra lá atrás
Aumenta mais a humilhação.

Alfonsín

Morreu Alfonsín, o Sarney argentino. Em agosto de 2008 já havia um post no Aires Buenos falando da saúde do ex-presidente.

Por mais que eu brinque e diga que os dois tinham bigode, apenas 3 anos de idade de diferença e governaram seus países na mesma época, no mesmo processo de abertura democrática, Alfonsín parece ter sido mais carismático e mais importante no contexto argentino.

Ontem, terça-feira, quando foi dada a notícia, não entendi tanto frenesi. Simplesmente todos os 5 canais de notícias por cabo, mais a Telefé e o Canal 13 (os maiores de sinal aberto) pararam suas programações para mostrar ao vivo todas as notícias.

Logo depois uma multidão de pessoas invadiu a Recoleta, na rua onde ele morava, e achei um exagero. Fiquei me perguntando se fosse no Brasil, qual morte de político receberia tanta cobertura midiática assim?

Na verdade é perfeitamente compreensível, que um país muito traumatizado com uma ditadura que matou tanta gente, chore a morte do homem que liderou o processo de abertura democrática, condenando vários militares pelas suas atrocidades.