Hoje na Argentina é feriado em memória a Guerra das Malvinas. Um grande trauma da sociedade que já passou por vários outros.
Em 1982, o país se encontrava baixo uma das mais opressoras e violentas ditaduras latino-americanas. O governo passava por uma crise econômica e o número de mortos pelo regime começava a revoltar a população. Assim, buscando uma maior aprovação popular, decidiu invadir as Ilhas Malvinas. Era necessário resgatar o orgulho argentino e o amor próprio dos compatriotas. Uma das outras ações populistas dessa ditadura foi a copa de 78, claramente comprada pelos militares.
Para encurtar a história, a guerra foi um fracasso total. A armada argentina, que não esperava uma ação tão contundente da Inglaterra, era bem menos preparada e equipada que seus inimigos. Os soldados, a maioria deles jovens de cerca de 20 anos, não tinham nem de longe o mesmo conhecimento tático e bélico dos súditos da Rainha e da Margaret Thatcher. O saldo final foram de 649 mortos argentinos e de uma ditadura com ainda menos prestígio no país.
Durante o decorrrer da guerra, a população argentina não era informada dos avances da batalha. A ditadura dizia que eles estavam ganhando e que a vitória era certa, enganando totalmente uma população. Recentemente vi numa entrevista na ESPN um jogador de futebol, que teve que fazer uma escala aérea em SP com a equipe argentina na época da guerra. Ele conta só se deu conta que seu país estava sendo massacarado ao ler os jornais brasileiros no aeroporto. Convenhamos que num mundo de 26 anos atrás, sem tanta informação, tv e internet, mentir para todo um país era uma tarefa um pouco mais fácil.
Atualmente, a Argentina ainda não desistiu de ter o domínio dessas duas ilhas que estão a 483 km de seu litoral. Fazendo uma comparação do quão próximo estão as ilhas, o arquipélago de Fernando de Noronha está a 360 km do litoral do Rio Grande do Norte. Aos poucos eles querem voltar a dialogar com a Inglaterra.
Creio que esse trauma da perda da guerra foi um dos fatores principais para a construção do mito argentino do Maradona. Podemos discutir seu talento de futebol e personalidade, mas sua adoração é indiscutível. Quatro anos depois da guerra ele deu o contra-golpe argentino contra a Inglaterra na copa de 1986, marcando dois golaços homéricos e levando a equipe nas costas na consquista do bi-campeonato mundial. Numa época desgraçada e de crise, o cara era um dos poucos que faziam os argentinos sentirem orgulho de sua pátria.
quarta-feira, abril 02, 2008
A guerra das Malvinas.
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7 comments:
Excelente texto, seu Tulio! Simples, claro e preciso!
Abração!
Olá,
Vou aproveitar a deixa e dar uma de "entrona". Desculpe-me em primeiro lugar pela "invasão", mas não resisti...Tenho lido seu blog e de outros brasileiros vivendo em BA, pois planejo me mudar ano que vem. Na verdade, já passei 2 meses em BA e foi aí que tudo começou. Bom, se possível, queria uma ajudinha, pois nada melhor que informação da fonte (brasileiros vivendo em BA). Se der, entre em contato:mbubani@yahoo.com.br. Se não der, "gracias de todos modos" e seguirei acompanhando seus textos.
olha! vai ganhar mais uma amiga, bacanão!
oi túlio!
nossa sobrinha vai nascer amanha as 8 da manha! Esteja orando, viu??
e gosti muito do seu post, eu já conhecia a guerra, mas nao lembrava que foi nessa epoca que o maradona surgiu... mesmo sendo ruim pra historia do pais a guerra trouxe um feriado, ne?!?
Túlio, parabéns pelo blog.Concisso, objetivo e sobre tudo claro. Pra sua irma ou prima Juliana;: tudo bem, mas jamais pode dizer que uma pessoa ou um país "pelo menos tem um feriado graças a guerra". Ler isso nao foi legal, mas entendo que ninguem vai sentir nas veias o que nós argentinos sentimos quando vemos imagens dessa época ou quando vemos os ingleses fazer piadas com isso, e nao é pelo orgulho, é pela dor.
Leer que una guerra por lo menos trajo un feriado es una prueba que la pelotudez humana no reconoce ni culturas ni fronteras.
Leo Carioca
ou apenas uma piada de quem nao sabe muito bem do que está falando.
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