Um ano de Argentina. Um ano de Buenos Aires. Um ano de vida portenha.
Pensei em colocar um texto com pequenos causos que aconteceram nesses últimos 365 dias. Decepções, cagadas, alegrias, paixões, amizades, risadas... Enfim, grandes ou importantes momentos. Mas mudei de idéia.
O fato é que nunca me perguntei "o que é que estou fazendo aqui?". Nunca tive essa dúvida. Vim com um objetivo e aos poucos vou atingindo. Ou por mais que esse objetivo estivesse longe de ser alcançado, nada mudaria. Renunciei a algumas coisas, o que até hoje me faz pensar no quanto tudo valeu a pena. Não adianta olhar no retrovisor para ver tudo aquilo que deixei. Estamos aquí y ahora. Isso que interessa.
Nunca fui uma pessoa constante. Aquela vontade de hoje, amanhã não existiria mais. A certeza de ontem daqui a duas semanas seria uma cruel dúvida. Agora parece que algo mudou. Uma certa constância, uma certa continuidade e cada vez menos sentimentos e vontades efêmeras.
Percebo isso na paixão platônica que já dura seis meses, pelos planos de longo prazo que só dependem de mim, pelo pseudo-controle de situações e até mesmo a ansiedade do amanhã que, mesmo sendo muita, parece estar domada. Talvez isso seja uma grande besteira e tudo seja exatamente ao contrário. Azar, que seja! Vou para casa porque um Pinot Noir me espera. Um brinde!
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
1 año de Argentina
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Oscar 2007
Ok, sei que ninguém está interessado em meus conhecimentos cinematográficos, mas tecerei alguns comentários sobre a premiação do Oscar de ontem à noite. Mesmo sem assistir a vários filmes, vamos lá!
Melhor filme: "Os infiltrados"
Não vi o filme vencedor, mas acho que dificilmente bateria Little Miss Sunshine. Tudo bem que o Scorsese estava na seca, mas se Oscar é pra fazer agrado, que contratassem uma massagista tailandesa pra ele.
Melhor diretor: Martin Scorsese ("Os infiltrados")
De todos os candidatos só vi Babel e achei muito bom. Ao contrário de José Wilker, o ex-ator e agora apresentador que escarra ao vivo e em rede nacional, não acho que o filme finge ser bom. Se finge, finge muito bem que é bom.
Melhor ator: Forest Whitaker ("O último rei da escócia")
Não vi filme dos indicados, mas para escolher meus favoritos parto de alguns princípios. Um desses princípios é que Leonardo DiCaprio não merece nunca um Oscar, o mesmo se aplica ao Will Smith. Vi o Ryan Gosling antes no filmaço que é "A passagem", em que ele interpreta um indiezinho depressivo. Desde então vou muito com a cara dele. Mas também vou com a do Forrest Whitaker. Desde o clássico "O Fenônemo" com John Travolta, que esse cara merecia.
Melhor atriz: Helen Mirren ("A rainha")
A coroa bem que merecia o prêmio, mesmo eu nem vendo o filme dela.
Melhor ator coadjuvante: Alan Arkin ("Pequena miss sunshine")
Pérola total. O cara é o embaixador do filme "O que é isso companheiro". Total clássico. Ele já atuou com Pedro Cardoso!!! Fora que ele já havia sido indicado duas vezes nos anos 60! O prêmio mais justo da noite.
Melhor atriz coadjuvante: Jennifer Hudson ("Dreamgirls - em busca de um sonho")
Ao contrário, esse foi o prêmio mais CARNIÇA da noite. Da onde apareceu essa menina? American Idol??? O que ela fez de tão espetacular pra ganhar?. Justiça seria feita se a japa de Babel ganhasse. Se a mexicana ou a própria menininha do Little Miss Sunshine levassem também não estaria mal. Só digo uma coisa: CRIME!
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
La Rubia de Doritos
Daqui exatamente uma semana vou complater 1 ano de vida argentino/porteña. Lembro que quando cheguei, esse comercial do Doritos estava passando direto na TV e eu não entendia NADA. Era incrível mesmo. Um choque, uma sensação agonizante de ser um estrangeiro. Sentimento esse, alimentado diariamente com os programas de humor e outros comerciais da TV.
Agora, o comercial voltou a passar e entendo tudo o que a menina diz. Só não compreendo como é que eu não entendia antes já que ela fala tão "claramente". Tudo uma questão de sintonizar os ouvidos!
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Facundo Arana: Pobre ou Mão de Vaca?
Facundo Arana é um dos maiores galãs da TV Argentina. Sua última novela, Sos mi vida, que terminou recentemente no Canal 13 era um sucesso de audiência. Chegaram a filmar capítulos na Alemanha durante a Copa e tudo mais, uma super produção. Numa comparação poderíamos dizer que ele é o Gianechini argentino, ou quem sabe o Tiago Lacerda do Rio da Prata.
Pois bem, esse mesmo super galã televisivo foi visto no mítico e clássico Il Gatto na noite de segunda-feira. Usava havaianas e uma musculosa(regata), só faltou uma riñonera (pochete). Detalhe: segunda é o dia da promoção do Il Gatto, 50% de desconto nas massas. Um dia para aqueles que não são dos mais abastados comerem bem.
Fato que o Il Gatto da Callao foi palco de um encontro de titãs: de um lado toda a ginga e malemolência do homem brasileiro com o jovem Túlio, do outro a fama, o dinheiro e a notoriedade de Facundo. Dois homens, duas vidas, dois países, duas culturas, dois idiomas, dois salários diferentes e a MESMA PROMOÇÃO.
Pois é, ou esse cara foi à bancarrota ou ele é um tremendo avarento. Só faltava ele dar aquela esticadinha clássica e aproveitar a promoção também de segunda do Freddo, onde você pede qualquer sorvete e ganha outro igual. Facundo, Facundo... Pra onde foi o seu dinheiro?
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Mi Espacio
Um breve guia com Myspace's de bandas denominadas como "alternativas" da argentina:
Hacia dos Veranos: Trio instrumental pós-rock. Provavelmente a banda que mais vi show aqui, inclusive o de sexta passada no CLAPS:
http://www.myspace.com/haciadosveranos
Él mató un policia motorizado: Quarteto de La Plata com um nome estranho de banda. O vocalista tem um jeitão de feirante, mas a galera estava agitando muito no último show de sexta no CLAPS,
http://www.myspace.com/elmatoaunpoliciamotorizado
Rubin: Melodias e letras grudentas. Um clássico.
http://www.myspace.com/rubinlandia
Ravioli: Melancólico, meio folk, indiezinho. Preciso ir em outros shows!
http://www.myspace.com/raviolinet
No lo soporto: 10 de marketing e de beleza da baterista.
http://www.myspace.com/nolosoporto
BBB 7 X Timóteo - MG
Boludeando pela internet descobri que o tal de Bruno do Big Brother Brasil 7 é da mesma cidade que eu nasci, Timóteo -MG.
Realmente é emocionante isso. Aquela pequena pérola de 80 mil habitantes incrustada no afável Vale do Aço mineiro despontando para o estrelado. Esse cidadão está no paredão essa semana, espero que ele não saia.
Alguns dados sobre Timóteo que você provavelmente nunca iria saber:
- Sede da Acesita.
- Tem um PIB per capita de 19.040,50, muito maior que de Curitiba e Santos.
- Antes da região de Timóteo ser povoada, ela era habitada pelos índios botocudos.
- Diz a lenda que Aguinaldo Timóteo emplaca seu carro lá.
- A cidade também tem o seu verbete na Desciclopédia: Timóteo.
Enfim, desde 2001 que não piso na minha terra natal. Tenho vontade de voltar lá, fazer o quê eu não sei.
domingo, fevereiro 18, 2007
fábrica de recuerdos
Adoro o carnaval. Não pelo loucura generalizada e autorizada mas sim por esses dias livres em que você, quase sempre, tem a possibilidade de sair da rotina e viajar para algun lugar "copado".
O mais triste de tudo é que na Argentina nem feriado é, quanto mais poder viajar para algum lugar. Parece que o carnaval de 2007 vai entrar para a lista dos mais "esquecíveis" da história.
Em 2006, cheguei em Buenos Aires em plena segunda-feira com um showzaço do Franz Ferdinand. Sensacional. Em 2005 pude acompanhar a tradicional, patética e risível Caiobanda em Caiobá e toda a fauna que abunda o litoral paranaense. O de 2004 passei em Ferrugem, Santa Catarina, e além de conhecer o lança-perfume pude atravessar uma lagoa a nado e pescar caranguejos. 2003 passei num acampamento da igreja em Curitiba. Em 2002 passei em Barra Velha com videokê e agressões físicas no Bali-Hai.
Pois é, esse carnavalzinho faz falta. Nem apuração das escolas do Rio de Janeiro vou poder ver! É um crime.
Could you wanna take my picture?
Cuz I won't remember
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Futeba corporativo
Das três vezes que fui jogar futebol com o pessoal aqui na empresa, em todas fiz ao menos um gol na partida. Certa vez fiz três, numa noite inspirada. Isso mostra muito bem como é o nível da galera.
Ontem, além de anotar o meu golzinho, levei uma bela de uma bolada na cara enquanto eu estava de goleiro, o que fez o meu nariz sangrar além de provocar um corte interno na minha boca.
Tudo bem, o que importa é o futebol. Pelo menos defendi o chute e a bola não entrou. O gosto de sangue na boca é detalhe, além de ser meio heróico.
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
San Valentin
Ontem foi o dia dos namorados aqui na Argentina. Pelo que entendi, uma data ainda pouco comum e um tanto quanto importada. Mesmo assim, para comemorar este belo dia com a pessoa que mais amo no mundo, eu, resolvi sair e desfrutar de bons momentos ao meu lado.
Primeiramente fui rumo a Dromo da Av. Cabildo, onde dizem que há o maior acervo de Dvd's para a venda na cidade. Um desejo consumista de comprar um DVD do Doves me movia, mas isso foi impossível pois chegando na loja, descubro que ela está fechada para reforma. Ok, melhor nem comprar o DVD. Vamos economizar.
Sigo então para o cine Atlas pegar uma sessão de Babel. Ótimo filme. Eu, que não esperava muito de nada, saí satisfeito. Mesmo com o clima pesado e a desgraça total que assola os personagens, saí contente com a boa película. Cate Blanchett lindíssima como sempre.
Logo após isso um jantar comigo mesmo no afável Café Belen, situado à poucas quadras da minha casa na esquina da Av. Corrientes com a calle Bolougne Sur Mer. Um ravioli com um molho branco com presunto e champignon, acompanhado pela clássica Quilmes. Uma mistura que estufa qualquer um. Na mesa ao lado, um casal de gordos felizes e apaixonados me incomodava com tanta alegria esparramada. De sobremesa, um "helado" de 1/4 da sorveteria muito boa que tem ali na Corrientes mas que não lembro o nome. E assim foi o 14 de fevereiro.
Enquanto não encontramos a pessoa certa ou que a pessoa certa que você encontrou também não te encontre, sigamos com os pequenos prazeres da vida porteña.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
domingo, fevereiro 11, 2007
Kevin Johansen no Planetário
Continuando com a maratona dos shows de verão de Buenos Aires, este sábado fui até o belo cenário do planetário para ver o globalizado Kevin Johansen. Um argentino nascido no Alaska, muito amigo de Jorge Drexler e Paulinho Moska.
No show, enquanto Kevin tocava, Liniers (cartunista da tira Macanudo) ilustrava suas canções no telão. Simplesmente lindo. Desenhava bonequinhos do mcdonalds, fazia piadinha com o cantor, desenhava o james brown com asas de anjo. Realmenta um temperinho a mais nessa ótima e fresca noite de verão nos parques de Palermo.
Música cheia de suingue e malandragem, o que é raríssimo para um argentino. Influências que passeavam desde o tango, funk e muita música brasileira. Letras extremamentes inteligentes e irônicas, salpicadas com um humor sensacional. O planetário estava lotado para o melhor show que vi nessa série de recitais de verão.
Humor irônico na música "Puerto Madero", que em inglês que dizia:
And all the people that aren't from here would like to come and stay
And all the people that are from here just want to go to Spain
Ou a ótima "McGuevara's o CheDonald's", que fala da febre das camisetas do Che:
Todos se compran la remerita del Che
Sin saber quien fue
Su nombre y su cara no paran de vender.
Mas as minhas preferidas foram "Desde que te perdí", que fala da sorte que o rapaz começou a ter depois que terminou com a namorada:
Desde que te perdí se están enamorando todas de mí
y hasta algunas me quieren convencer
que con ellas podría ser feliz.
E a séria, intimista e bonita "El Círculo", que como já sugere o título, fala que tudo sempre volta ao mesmo lugar:
Discúlpame, perdóname para que puedas
Ofenderte otra vez
Enójate, castígame para que puedas
Quererme después
Enfim, ouça esse cara. Vale muito a pena.
www.kevinjohansen.com
sábado, fevereiro 10, 2007
impredicible
Amo a imprevisibilidade desse lugar, simplesmente amo.
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
acabar
O ACABAR, na calle Honduras em Palermo, é um dos lugares menos porteños dessa cidade. Decoração colorida, garçons que te atendem rápido, grupos mesclados de homens e mulheres, além de muita gente falando alto. Uma sensação que eu estava na Casa di Bell em Curitiba.
Pelo menos tem uma "entrañita" sensacional, por um preço razoável: 11 pesos. E claro, o melhor mousse de chocolate dessa cidade.
Um clássico!
E hoje provarei o Maria Fulô!
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Saldo de DVD's do fim de semana
Agora que tenho DVD em casa, ficar sozinho numa sexta à noite não é mais sinônimo para queixas. A locadora Casino Video, situada à Calle Gallo (pronuncia-se cashe gasho), com DVD's a 3 pesos (catálogo) e 4 pesos (lançamento) é garantia de diversão.
Eles ainda tem uma sessão de DVD's americanos. Ou seja, já vi Scoop do Woody Allen antes mesmo de sair no cinema aqui. Pois bem, vamos aos filmes do fim de semana:
La chica del mostrador - Com Claire Danes, Steve Martin e Jason Schwartzman. Piegas no último, com um narrador que diz o que cada personagem pensa e sente. Mesmo assim tem seus bons momentos, principalmente com o estranho personagem de schwartzman. De qualquer forma considero "ficção científica" o fato da Claire Danes se apaixonar pelo Steve Martin, sendo que ele mesmo assim continua frio e calculista. Pra mim é lenda.
La mujer de mi hermano - Filme mexicano de desgraça familiar como o próprio nome já diz. Muito bom por sinal. Recomendado. Mesmo que os personagens morem praticamente numa espécie de Ilha de Caras situada na Cidade do México. Tudo muito bonito, tudo muito moderno, todo mundo com muito dinheiro. Um filme honesto.
Life Aquatic - Sinceramente esperava mais do Wes Andersen. Na boa, que filme chato. Um porre para terminar de assistir. Os tenembauns dá de 10 a 0. Enredo chato, filme de doente, piadas que tem 2% de graça. Dava pra fazer melhor. Fora que a participação do Seu Jorge é pra lá de coadjuvante. Decepção. Esperava mais.
Família Rodante - O melhor filme do fim de semana. Produção argentina. Uma família sai de Buenos Aires rumo a Missiones para participar de um casamento. Doze pessoa dentro de um motorhome podre, de péssima qualidade. Avó, dois casais, seus filhos e quilos de intrigas e mini-conflitos familiares. Ótimo retrato mesmo da classe média baixa e toda sua decadência. Diversão mesmo. Não perca!
sábado, fevereiro 03, 2007
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
tese sobre o histeriqueo
Ontem, como parte dos shows de verão de Buenos Aires, fui ao planetário ver o show da Juana Molina. Uma mulher que deve ter lá por 40 anos, que faz musiquinha moderna com violãozinho.
Usando bastante aquela parafernália de equipamentos que gravam e reproduzem o que pessoa faz ao vivo, o fim de suas músicas é uma zuada de violões, vozes e toc-tocs juntos.
Fora sua voz suave, que é tão mansa que quase faz dormir. Com todos os efeitos e vozes sobrepostas, o som da Juana Molina passa uma sensação de sonho, de viagem, de uma coisa um tanto quanto etérea.
Sempre bom lembrar que ela é argentina, ou seja, histérica. Em uma letra de sua música ela diz muito bem isso. E olha, se um comportamento chega a ser traduzido numa letra de música é sinal de que isso acontece com muita gente. Praticamente um retrato contemporâneo de uma sociedade.
Quiero que me dejes
Yo no puedo con vos
Pero no te alejes
Yo no puedo sin vos
É isso aí, Juana Molina, retrato do histeriqueo argentino!